Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Segunda-feira, 30 de Junho de 2014 | Horário: 11:54
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Encontro analisa o mito de Antígona na contemporaneidade

Sessões acontecem na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, todas as quintas-feiras

Wládia Beatriz, psicóloga e psicoterapeuta que coordena conversas sobre
mitologia grega na Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima



Por Gilberto De Nichile


“Mitos são metáforas psicológicas presentes em todos nós, nas sociedades em que vivemos e em nossa vida cultural”, diz a psicóloga e psicoterapeuta clínica Wládia Beatriz, responsável por um dos mais antigos projetos da Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima: os encontros sobre mitologia grega.

As sessões desenvolvem-se às quintas-feiras, das 15h às 16h30, e não há necessidade de inscrição prévia. Embora os temas sejam recorrentes, as reuniões não têm uma característica sequencial, funcionando cada uma delas como uma unidade autônoma. 

“Atualmente estamos analisando a figura de Antígona, baseando-nos na tragédia de Sófocles”, informa a psicóloga. “Nosso interesse não é nem histórico nem literário, mas sim estabelecer um exercício de metáforas, relacionando, numa discussão em grupo, como os conflitos de uma personagem, criada há quase 2.500 anos, têm muito a ver com as nossas questões internas e externas atuais.”

Para Wládia, o principal questionamento que o mito de Antígona suscita diz respeito às leis. “Sejam elas jurídicas, morais, religiosas, hierárquicas ou íntimas, bem como aos critérios que adotamos para obedecê-las sem discussão ou contestá-las”. Segundo ela, a personagem é um bom exemplo de como essa questão se coloca. Filha do rei Édipo, nobre que sem saber matou o pai, casou-se com a mãe, com quem teve quatro filhos, e, ao descobrir a verdade, cegou-se, enquanto sua mulher Jocasta se matou. Antígona viu-se diante do seguinte dilema: seus dois irmãos, Etéocles e Polinice, combinaram se revezar no governo de Tebas, mas, depois do prazo previsto, o primeiro se recusou a passar o poder para Polinice, que, revoltado, reuniu um exército para lutar contra o irmão.

Na batalha, os dois morreram e o tio, Creonte, que assumiu o poder, ordenou que Etéocles fosse enterrado com honras enquanto o outro deveria ser deixado ao léu, o que, segundo as crenças de então, impediria que sua alma descansasse. O que Antígona deveria fazer? Enterrar o irmão e ser condenada à morte ou obedecer ao tirano, contrariando sua vontade pessoal? Uma boa questão para ser discutida em grupo.

Serviço: Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima. Zona Oeste. De 3 a 31. 5ª, 15h. Grátis

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