Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
“O Mamulengo dos Três Vinténs” aproxima a cultura popular dos mamulengos ao teatro de Brecht
Peça fica em cartaz entre os dias 3 e 5 de outubro, no Teatro Leopoldo Fróes, e entre os dias 10 e 12, no Teatro Zanoni Ferrite

Peça da Cia. Caravan Maschera trabalha com bonecos de mamulengos,
fantoches típicos do nordeste brasileiro
fantoches típicos do nordeste brasileiro
Por Gabriel Fabri
“Nós tivemos como inspiração nossos próprios medos de artistas”, revela Leonardo Gonçalves, um dos diretores de “O Mamulengo dos Três Vinténs”. Dirigida também por Giorgia Goldoni, a peça da Cia. Caravan Maschera traz bonecos de mamulengos, fantoches típicos do nordeste brasileiro, diante do desafio de encenar “A Ópera dos Três Vinténs”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. As apresentações integram o Circuito São Paulo de Cultura e acontecem entre os dias 3 e 5 de outubro, no Teatro Leopoldo Fróes, e entre os dias 10 e 12, no Teatro Zanoni Ferrite.
Gonçalves afirma que a peça é uma espécie de autobiografia da companhia teatral, já que os personagens externam, nos diálogos, as dificuldades e preocupações de preparar o espetáculo. “Percebemos nos bonecos os seus medos de afrontarem um texto tão aclamado pela crítica e tão importante para a história do teatro”. O tal medo é uma das inspirações para a peça. “Queríamos colocar em evidência os fantasmas que cercam o nosso processo criativo no mundo de hoje”, revela.
O diretor explica que escolheu adaptar a obra de Brecht não só para apresentá-la a um novo público, mas também refletir sobre as características da sociedade de 1928 que continuam presentes atualmente. “Os bandidos, as instituições e as relações contraditórias entre opressor e oprimido não mudaram em nada, apenas evoluíram”, provoca. Ele também lamenta que o mundo não tenha mudado o suficiente para tornar anacrônica a “Ópera dos Três Vinténs”.
A cultura brasileira está presente na peça a partir do momento em que ela propõe mostrar o ponto de vista dos mamulengos em relação ao texto de Brecht. “Os bonecos interpretam os personagens de Brecht do mesmo modo que interpretam os arquétipos presentes no mamulengo tradicional: o coronel que é patrão, a filha bonita que seduz os homens, a mulher submissa que é, no fundo, o capeta, o empregado tonto, o herói que é um anti-herói”, conta o diretor. Segundo Gonçalves, tais arquétipos são facilmente reconhecíveis nas tradições populares dos bonecos e da cultura oral brasileira.
O sincretismo entre os bonecos nordestinos e o texto alemão também tem um porquê. “Queremos debater a dualidade que existe entre a cultura popular e o intelectualismo erudito”, explica Gonçalves. Assim, a peça tenta fomentar uma discussão a partir da aparente oposição entre essas duas culturas distintas.
Serviço: Circuito São Paulo de Cultura. Diversos espaços.
| Teatro Leopoldo Fróes. Rua Antonio Bandeira 114. Zona Sul. Tel. 5541-7057. De 3 a 5. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. Grátis.
| Teatro Zanoni Ferrite. Av. Renata, 163, Vila Formosa. Zona Leste.| tel. 2216-1520. De 10 a 12. 6ª e sáb., 20h. Dom., 19h
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