Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Segunda-feira, 1 de Junho de 2015 | Horário: 14:50
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Maria Alice Vergueiro encena o próprio funeral em peça

“Why The Horse?” integra o Circuito São Paulo de Cultura e chega aos teatros Alfredo Mesquita, dias 12 a 14, João Caetano, dias 18 a 21 de junho, e Cacilda Becker, em julho

“Why The Horse” é inspirado na obra do cineasta e escritor chileno Alejandro Jodorowsky
 e parte da ideia do número da corda-bamba no circo (Foto: Fábio Furtado)

Por Gabriel Fabri

Levar aos palcos o próprio velório foi, para Maria Alice Vergueiro, uma forma de rir de um tabu: a morte. “Eu pensei em fazer uma brincadeira, nem que fosse de mau gosto, mas que pudesse salientar uma visão um pouco mais cruel da morte”, conta a atriz. Aos 80 anos, ela protagoniza e dirige o espetáculo “Why The Horse?”, que chega em junho aos Teatros Alfredo Mesquita e João Caetano e em julho ao Cacilda Becker. As apresentações, gratuitas, integram o Circuito São Paulo de Cultura. 

Após encenar “As três velhas”, em 2010, a atriz se inspirou mais uma vez na obra do cineasta e escritor chileno Alejandro Jodorowsky, diretor de “Santa sangre”. Ela explica a influência a partir da imagem do funâmbulo (homem da corda-bamba). O público, no circo, quer que o artista caia da corda e fica alegre com esse fracasso. “É como morrer, você não quer, mas de repente, quando se está morrendo é que você dá o seu momento mais forte”, filosofa Maria Alice, que considera a morte o ato mais importante do homem, quando o ser humano vence as necessidades da própria carne. A diretora explica que, para o funâmbulo fracassar, ele precisa correr riscos. No palco, ela corre o risco de morrer ou se acidentar. “Ficou resolvido então que o tema do meu espetáculo é o meu fracasso, porque se eu morrer realmente no dia em que eu estou me exibindo... é a glória!”, afirma. No momento, ela está muito interessada em falecer em cena. 

Maria Alice explica que o cavalo (horse) do título está presente no sentido atribuído pelo espiritismo, sendo ele o corpo que abriga a alma. Luciano Chirolli, que atua com ela no espetáculo, desenvolve essa ideia com uma provocação. “Passar 40 anos da sua vida sustentando indústria farmacêutica, para que Deus seja bom para você, eu acho um desaforo. Por que me fez de cavalo?”, pergunta, exaltado. 

Com 50 anos de carreira, a atriz e diretora escolhe o presente como seu momento mais admirado. “Eu estou sentindo uma mudança na minha vida, como se realmente estivesse vivendo algo novo”, afirma. Diagnosticada há 15 anos com Mal de Parkinson, Maria Alice aguarda a data de uma cirurgia para voltar a andar e está feliz por ter se aproximado de Chirolli, com quem trabalha há 23 anos. Ele comenta que, ao tentarem falar do falecimento, os dois nunca estiveram tão vivos. “Temos uma relação mais cética em relação ao óbito, pois estamos gostando tanto de fazer teatro juntos, ficar juntos, que a morte que se dane!” 

Serviço: Circuito São Paulo de Cultura. Diversos Espaços. Grátis. 

| Teatro Alfredo Mesquita. Av. Santos Dumont, 1.770, Santana. Zona Norte. | tel. 2221-3657.  Dias 12 e 13, 21h. Dia 14, 19h
| Teatro João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Próximo da estação Santa Cruz do metrô. Zona Sul. | tel. 5573-3774 e 5549-1744. De 18 a 20, 21h. Dia 21, 19h
| Teatro Cacilda Becker. Rua Tito, 295, Lapa. Zona Oeste. 
| tel. 3864-4513. Dias 17 e 18/7, 21h. Dia 19, 19h 
 
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