Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Cultura haitiana é tema do Projeto Cine Imigrante
Programação conta com participação de Paulo Illes, coordenador de políticas para migrantes, e dois filmes sobre o país

Cena do filme "Moloch Tropical", do diretor haitiano Raoul Peck
Por: Mariane Roccelo
Em São Paulo, a cultura haitiana se tornou presente nos últimos anos, com a chegada maciça desses imigrantes a partir de 2010, quando um terremoto devastou o Haiti, deixando mais de 100 mil mortos. Fazendo com que parte da população migrasse para países vizinhos em busca de melhores condições de vida. Para resgatar um pouco dessa cultura, o Projeto Cine Imigrante de julho traz o tema “Especial Haiti”, entre os dias 18 e 28, na Galeria Olido.
A programação terá a exibição de dois filmes: “Moloch Tropical” (Haiti/França, 2009), que conta a história de Jean de Dieu Théogène, presidente do Haiti que observa a rebelião popular recluso em seu palácio; e “Canto Do Haiti” (Alemanha/França/EUA, 1987), com a história de Joseph Bossuet, que após reconhecer um de seus antigos torturadores durante uma visita a uma livraria haitiana em Nova York, decide se vingar. Ambos os filmes são dirigidos pelo haitiano Raoul Peck.
Além disso, no dia 18, haverá um debate com Paulo Illes, coordenador de políticas para migrantes da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, sobre a contribuição cultural dos imigrantes na construção de uma identidade na cidade de São Paulo. Segundo Illes, entre os temas abordados, está “a luta deles (haitianos) por manter a identidade e ao mesmo tempo se inserir de alguma forma na cidade como sujeitos de direito”.
Além disso, também serão debatidas questões relacionadas à chegada dessa população em São Paulo, como o trabalho, o idioma, a acolhida, a participação e a inserção cultural. O coordernador irá conversar sobre políticas de integração cultural, como o apoio da Coordenadoria de Políticas para Imigrantes em algumas atividades da comunidade. “Aqui, a gente cria centros de acolhida para imigrantes, e os imigrantes devolvem isso para a cidade de São Paulo, através da sua cultura e do seu trabalho”, acrescenta.
Entre maio e junho deste ano, a Galeria Olido recebeu 80 obras haitianas na exposição: “Haiti – Vida e Arte”, em homenagem ao dia da África, comemorado em 25 de maio. A mostra reuniu acervo do colecionador Jacques Bártoli, e contou com um workshop de pintura gratuito, ministrado pelo artista Emmanuel Saincilus. Fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Secretaria Municipal de Promoção e Igualdade Racial, a exposição valorizou o rico patrimônio cultural e histórico do Haiti.
Imigração Haitiana no Brasil
Em 2004, o Brasil recebeu o convite da ONU para liderar a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), que pretendia controlar a situação de guerra civil que o país caribenho enfrentava. A instabilidade do então governo de Jean-Bertrand Aristide, com sua conseqüente renúncia, foi agravada com a crescente violência provocada pelo conflito entre gangues rivais.
Em 2010, após 7 anos de missão, o país enfrentou um terremoto de 7.0 de magnitude, que deixou mais de 100 mil mortos. O terremoto agravou a situação de extrema pobreza, fazendo com que uma grande quantidade de haitianos saísse do país em busca de empregos. O Brasil se tornou um dos principais destinos desses imigrantes, que entram no país pela cidade de Brasiléia, no Acre.
Em 2014, devido à superlotação da pequena cidade de Brasiléia, São Paulo passou a receber esses imigrantes. “Quando a gente fala do Haiti, é importante a gente destacar a contribuição dessa imigração para a visibilidade do tema no Brasil, tanto para a questão do refúgio quanto para a questão da imigração”, diz Paulo.
Segundo Paulo Illes , a chegada da comunidade haitiana possibilitou a inserção do tema da imigração no dia-a-dia da cidade. “Isso não tinha acontecido antes com nenhuma imigração a não ser as grandes migrações planejadas na época da colonização”, acrescenta. Somente em 2015, mais de 7 mil haitianos entraram no país em busca de trabalho.
Serviço
Galeria Olido – Cine Olido. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro. Tel. 3331-8399 e 3397-0171. Grátis
MOLOCH TROPICAL
(Haiti/França, 2009, 106 min). Dir.: Raoul Peck. Com Sonia Rolland, Zinedine Soualem, Mireille Metellus e outros.
Jean de Dieu Théogène, presidente do Haiti, vive cercado por sua
mulher e colaboradores. Recluso em um palácio, ele observa uma rebelião popular que se forma. Com a aproximação dos 200 anos da independência do país, o caos se instaura, mas Théogène não se rende facilmente e tenta acabar com a revolta.
| Dia 18, 17h, após a exibição, ocorre debate com Paulo Illes. Dias 23 e 26, 17h
| Dia 21, 19h
CANTO DO HAITI
(Haitian corner, Alemanha/França/EUA, 1987, 98 min). Dir.: Raoul Peck. Com Patrick Rameau, Toto Bissainthe, Aïlo Auguste-Judith e outros.
Em visita à Haitian Corner, uma pequena livraria haitiana localizada em Nova York (EUA), Joseph Bossuet reconhece um dos homens, membro de uma milícia paramilitar que o torturou quando esteve preso no Haiti, e decide se vingar.
| Dia 19, 15h. Dias 22 e 24, 17h. Dia 28, 19h
collections
Galeria de imagens
HAND TALK
Clique neste componente para ter acesso as configurações do plugin Hand Talk