Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Segunda-feira, 9 de Novembro de 2015 | Horário: 16:30
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Martha Argel ministra palestra sobre vampiros no Circuito Municipal de Cultura

Encontros com a autora de “O Vampiro Antes de Drácula” acontecem no Centro Cultural da Juventude, no Centro Cultural da Penha e em três bibliotecas públicas

Martha Argel, autora dos romances “Relações de Sangue” 
e “O Vampiro da Mata Atlântica”, fala sobre as origens dos vampiros

Por Gabriel Fabri

Os vampiros estão em alta: da animação “Hotel Transilvânia” até as séries de TV norte-americanas “True Blood” e “The Vampire Diaries”, sem falar no bestseller “Crepúsculo” e suas adaptações, essas criaturas continuam povoando o imaginário de pessoas do mundo inteiro. Mais de cem anos após a publicação de “Drácula”, de Bram Stoker, o personagem que dá nome à obra de 1897 ainda é a grande referência para a criação de novas histórias do universo vampiresco. “Stoker criou o modelo de vampiro base para as obras posteriores. As características que ele escolheu ou inventou foram as que permaneceram ao longo da história”, explica Martha Argel, autora dos romances “Relações de Sangue” e “O Vampiro da Mata Atlântica”. Entretanto, como ela revela no estudo “O Vampiro Antes de Drácula”, escrito em parceria com Humberto Moura Neto, a figura mítica do vampiro surgiu quase um século antes do mais famoso conde da literatura e do cinema nascer. 

Martha Argel discute as características principais dos vampiros e as mudanças sofridas ao longo de sua história, em cinco encontros gratuitos, que integram a programação do Circuito Municipal de Cultura. O primeiro ocorre no dia 14 de novembro, no Centro Cultural da Juventude (CCJ); no dia 18, a conversa acontece na Biblioteca Prestes Maia; no dia 26, no Centro Cultural da Penha; no dia 28, na Biblioteca Gilberto Freyre; e, por último, no dia 5 de dezembro, na Biblioteca Viriato Corrêa. 

Martha explica que o mito do vampiro surgiu em pequenas aldeias do interior do Leste Europeu no século XVIII. “A lenda apareceu como uma explicação para mortes que aconteciam em série, pelo contágio de doenças que a população desconhecia”, afirma. No imaginário daquelas pessoas, quando uma pessoa morria e outras ao redor começavam a morrer também, era porque a primeira havia retornado dos mortos para buscar aqueles que eram próximos a ele. “Nesse primeiro momento, o vampiro era um monstro, que atacava e matava por matar”, completa. 

Ao chegar na Europa Ocidental, o vampiro se sofisticou, deixando de ser apenas um monstro para se tornar também um vilão. Primeiro, na poesia alemã, em que no geral eram retratadas mulheres que morriam antes de se casarem e voltavam como vampiras para os seus amores. Em seguida, a criatura chegou à prosa inglesa, aparecendo como um membro da nobreza no conto “O Vampiro”, de William Polidori, em 1819. “É aí que se estabelece essa figura do vampiro perigoso, mas com aparência nobre. Algumas décadas depois, essas mudanças dão origem ao Drácula”, explica a autora.

O romance “Drácula”, de Stoker, que Martha considera um divisor de águas na história do mito do vampiro, descartou, na construção do personagem principal, algumas das características atribuídas aos vampiros na época. Uma delas é que essas criaturas se alimentavam também da luz do luar. “Fotossíntese não tem emoção nenhuma, então essa característica sumiu, desapareceu do mito”, explica a palestrante, comparando essa antiga qualidade dos vampiros à alimentação das plantas. Por sua vez, Stoker criou características que se tornaram clássicas: o vampiro não ter o seu reflexo no espelho, por exemplo, ou a necessidade de um convite para entrar em uma casa. Uma curiosidade: o cinema também teve, alguns anos depois, uma forte contribuição à construção do mito. A impossibilidade do vampiro andar sob a luz do sol foi uma criação do filme “Nosferatu” (1922), de F.W. Murnau, adaptação não-declarada do romance de Stoker.   

Ao longo do século XX, o vampiro continuou passando por modificações. Uma das mais notórias foi a realizada por Anne Rice, autora de “Entrevista com o Vampiro” (1976), que inventou personagens humanizados, com sentimentos e dúvidas. Com livros narrados pelos próprios vampiros, Anne permitiu o acesso ao mundo interior deles. “Nesse momento, o vampiro surge como uma figura contra tudo o que está estabelecido na sociedade, o que é visto como um ideal, não mais como uma ameaça”, acrescenta Martha.

Atualmente, Martha vê uma nova fase do mito. “É o vampiro para as massas, sem características ameaçadoras, que resiste aos seus impulsos. Ele é apto ao consumo das crianças e dos adolescentes”, explica. O exemplo mais notável é o do personagem Edward Cullen, da saga Crepúsculo. Entretanto, ela ressalta que o vampiro interpretado por Robert Pattinson nos cinemas guarda muitas das características daquele descrito por Polidori no conto de 1819: “romântico, atraente, misterioso e trágico”. Tais qualidades são inspiradas em um poeta da época, Lorde Byron. Mas Martha faz uma ressalva: “Edward segue de perto o modelo byroniano criado por Polidori, com exceção, é claro, do seu puritanismo”. 

Questionada se um programa de TV como “True Blood”, criado por Alan Ball (de “A Sete Palmos”) e que foi ao ar na HBO entre 2008 e 2014, não seria um ponto fora da curva desse vampirismo do século XXI – apesar de ter vampiros bebendo sangue sintético –, Martha explica que sim. O motivo é que o seriado manteve-se fiel ao espírito dos livros em que se baseou - a série “Vampiros em Dallas”, de Charlaine Harris –, que data do ínicio dos anos 2000. Entretanto, é da década de 1990 que são, na opinião da palestrante, os melhores livros de vampiros. “São histórias adultas, escritas sobretudo por mulheres, e que misturam o mito do vampiro com histórias policiais, flertando mais com as histórias de detetive”, explica. Além de Charlaine, ela destaca autoras como Tanya Huff (da série “Blood Ties”, não publicada no Brasil) e Laurell K. Hamilton (“Prazeres Malditos”). 

Serviço: Circuito Municipal de Cultura. Diversos Espaços. Grátis. Livre. 

| Centro Cultural da Juventude. Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha. Próximo do Terminal de Ônibus Cachoeirinha. Zona Norte. | tel. 3984-2466. Dia 14, 15h
| BP Prefeito Prestes Maia. Av. João Dias, 822, Santo Amaro. Zona Sul. | tel. 5687-0513. Dia 18, 14h
| Centro Cultural da Penha. Largo do Rosário, 20, Penha. Próximo do Shopping Penha. Zona Leste. | tel.2295-0401. Dia 26, 14h
| BP Gilberto Freyre. R. José Joaquim, 290, Sapopemba. Zona Leste. | tel. 2143-1811 e 2227-2453. Dia 28, 13h
| BP Viriato Corrêa. R. Sena Madureira, 298, Vila Mariana. Zona Sul. | tel. 5573-4017 e 5574-0389. Dia 5/12, 16h

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