Prefeitura de São Paulo

O primeiro Mutirão de Empregabilidade exclusivo para mulheres e homens trans foi realizado nesta quarta-feira, 12/2, em São Paulo, como resultado de uma parceria entre a Coordenação de Políticas para LGBTI+ da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e o Sindicato Paulista de Empresas de Contact Center (Sintelmark).

Foram oferecidas 1.082 vagas e muitos dos candidatos e candidatas saíram da sala contratados. As vagas eram para cargos como analista de marketing sênior, assistente de ouvidoria, assistente financeiro (estágio), operador de telemarketing, especialista de atendimento ao cliente, auxiliar de limpeza, supervisor, recepcionista, entre outros. Compareceram 158 candidatos, dos quais 92 avançaram para a segunda etapa do processo seletivo, realizada presencialmente nas empresas e em plataformas digitais.

“O Mutirão de Empregabilidade específico para pessoas trans facilita muito a contratação, uma vez que as empresas já sabem que estão contratando tais identidades e elas não precisam ficar explicando quem são”, explica a coordenadora de Políticas LGBTI+ da SMDHC, Léo Áquilla. Para ela, além do emprego registrado em carteira, a iniciativa representa uma oportunidade única para ingresso no mercado de trabalho, que garante segurança para a pessoa trans e benefícios, como aposentadoria, convênio médico, entre outros.

Léo Áquilla qualificou o mutirão como histórico, “para nós, pessoas trans, esta importante ação de empregabilidade significa a abertura real do mercado de trabalho”. Os benefícios se contrapõem aos perigos enfrentados por essas pessoas “que recorrem à prostituição como único meio de sobrevivência e que têm possibilidade de sair das ruas e da informalidade, deixando de ser um alvo fácil para a violência”.

Patrícia participou como representante de uma das oito empresas presentes no mutirão. “É um projeto incrível, que quebra paradigmas de muitas empresas. São pessoas que enfrentam o preconceito e a discriminação, e tendo essa oportunidade, elas podem mostrar seus talentos, aptidões e qualidades profissionais”.

Vitor Ferreira é superintendente de outra empresa participante, uma multinacional espanhola, presente em cinco países, com mais de 120 mil colaboradores, dos quais 10 mil estão no Brasil, sendo 8 mil apenas na cidade de São Paulo. “A taxa de desemprego no Estado tem diminuído, mas essas pessoas precisam de auxílio, de ajuda, de empregos, de oportunidades e nós, enquanto grupo empresarial, abrimos essas portas para elas”.

O presidente do Sintelmark Luis Crem disse que o seu sindicato fez uma pesquisa em outubro de 2024, com 5.267 pessoas, das quais 25% se declararam parte do público LGBTQIA+. “Apesar de termos feito com a Prefeitura outras iniciativas de inclusão para a comunidade, essa é a primeira vez que o setor de telesserviços faz um mutirão exclusivo para pessoas trans”. Ele estava otimista com a iniciativa e estima que ao menos 250 pessoas devem garantir vagas através do mutirão.

Téo, 32 anos, chegou ao local com um emprego em andamento, mas estava no mutirão a procura de uma empresa inclusiva. Ele não se sente confortável na empresa em que trabalha, porque não pode se mostrar como é. “Enquanto trans masculino, acho importante que empresas estejam engajadas para este tipo de causa”.

Jéssica, 33 anos, recebeu dois sinais positivos de empresas nas quais ela pode trabalhar. “Ter um trabalho digno é importante para garantir mais segurança no futuro”.

O Mutirão de Empregabilidade começou às 9h com perspectiva de encerramento às 17h, e havia na sede do Sintelmark uma aura de esperança e de otimismo que irradiava e contagiava quem lá estava, empresas oferecendo emprego e pessoas trans a espera de oportunidades.