Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania
Prefeitura finaliza primeira etapa do programa De Braços Abertos na Cracolândia
A Prefeitura finalizou na tarde desta quinta-feira, dia 16, a primeira etapa do programa De Braços Abertos, projeto intersecretarial que visa resgatar a dignidade das pessoas que viviam nos 147 barracos distribuídos entre as ruas Helvécia e Dino Bueno, na Luz, região central da Cidade. Ao todo, cerca de 300 pessoas foram encaminhadas para hotéis da região. O projeto envolve as secretarias municipais de Saúde (SMS), Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), Trabalho e Empreendedorismo (SDTE), Segurança Urbana (SMSU), Desenvolvimento Urbano (SMDU) e Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC).
Os trabalhos terminaram por volta das 17h, quando os últimos barracos foram retirados pelas equipes da Subprefeitura da Sé. O programa De Braços Abertos prevê a oferta de abrigamento, tratamento de saúde, alimentação, atividade ocupacional e capacitação profissional a todos os seus participantes.
Durante três dias, mais de 300 profissionais trabalharam na ação. Os trabalhos da primeira fase operacional do programa, que vêm sido discutido há pelo menos seis meses, tiveram início na tarde da terça-feira, dia 14. Os moradores, que já haviam aderido ao programa, foram abordados por agentes da Saúde e assistentes sociais e, sob o seu consentimento, recolheram seus pertences e foram encaminhados para um dos hotéis da região que servirão como moradia.
A iniciativa visa o enfrentamento do problema sem uso de violência ou da mera dispersão dos usuários do local, valorizando o apoio em tratamento e acompanhamento. As equipes da Prefeitura farão monitoramento diário para identificar eventuais deficiências nessa iniciativa, que é inédita no País.
Nesta quinta-feira, dia 16, parte dos cadastrados iniciou atividades de zeladoria na região, ocupação pela qual receberão um auxílio financeiro no valor de R$ 15 por dia. Para isso, no entanto, eles precisarão também participar de um curso de capacitação profissional ofertado pela própria SDTE, cuja área dependerá de eventuais aptidões ou vontades dos beneficiários. Os participantes terão ainda direito a tomar café da manhã, almoçar e jantar em uma unidade do restaurante Bom Prato.
Participantes do projeto têm primeiro dia de trabalho no Centro
A alocação das pessoas nos quartos de hotel mantém laços de família, amizade e casamento. “Estamos trabalhando neste processo com respeito à constituição das barracas. Nós cadastramos quem era casal, quem era família, quem era solteiro. Registramos também as carroças, cachorros e pertences e procuramos dar uma solução para estas questões individualmente”, detalhou a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana Temer.
A recuperação de cada uma das pessoas receberá o investimento mensal de um salário mínimo e meio. Deste valor, cerca de R$ 480 financiarão as acomodações. O De Braços Abertos dá corpo a uma reformulação da Política de Álcool e Drogas do Município que poderá ser estendida para outras áreas da Cidade. Prevê-se, por exemplo, a inscrição e o atendimento da população flutuante do local, isto é, pessoas que circulam e consomem drogas pelas ruas região.
O planejamento do De Braços Abertos foi realizado de forma participativa com os moradores da região. “Desde julho tratamos deste assunto. Nós ouvimos dos dependentes químicos ao longo destes meses aquilo que eles esperavam de nós. Apareceram quatro coisas: primeira coisa era a ajuda na alimentação, outra na higiene pessoal, outra com pequenos cuidados médicos, pequenos curativos, e a questão do trabalho”, explicou o secretário da Saúde, José de Filippi Jr.
Saúde dos integrantes do programa terá acompanhamento contínuo
O atendimento aos participantes do Programa será planejado de maneira individual, em parceria das equipes de saúde e assistência social. “Vamos aliar duas estratégias, de trabalho e de atendimento de saúde. Se a pessoa não tiver condições de trabalhar, vai se tratar. Nós temos para oferecer um conjunto de ações que as nossas equipes técnicas desenvolvem, se quiser uma internação, vai ter também”, disse José de Filippi.
Para o secretário Roberto Porto, de Segurança Urbana, as atividades desta semana são o primeiro passo para o resgate da dignidade da população da região. “Esta não é uma ação da polícia, da guarda. Nossa função é complementar a atividade da Saúde. Nós não estamos espalhando o problema porque as pessoas continuam a morar na região, um espaço em que elas estão acostumadas. Queremos reinserir na rotina delas o trabalho, a higiene, para que elas tenham condições de lidar com o vício”, disse o secretário Roberto Porto.
Nos últimos três dias, 316 pessoas encaminhadas para seis hotéis que estão participando do programa. No total, 11 caminhões comuns, dois antares, quatro pipas e duas máquinas pá carregadeiras foram necessários para retirar o entulho do local.
Conforme pactuado entre a Prefeitura e os antigos moradores dos barracos das ruas Helvétia e Dino Bueno, a região da Cracolândia será reocupada pelo poder público. "Nós queremos que as ruas, logradouros e praças estejam desimpedidas para usufruto de todo cidadão. Qualquer pessoa tem o direito de poder circular com segurança também pelo centro de São Paulo", afirmou o prefeito Fernando Haddad, em visita ao local nesta quinta-feira, dia 16.
A reocupação se dará com a presença constante e permanente da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que impedirá a construção de novos barracos.
Fotos: Fábio Arantes/SECOM
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