Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania
Espetáculo 'Liberdade é pouco' volta a ser encenado no centro, desta vez como parte das atividades para os 50 anos do golpe de 1964
As escadarias da Catedral da Sé, no centro, receberam, no fim da semana passada, mais uma encenação da peça 'Liberdade é pouco', concebida pela Cooperativa Paulista de Teatro especialmente para o 1º Festival de Direitos Humanos – Cidadania nas Ruas, realizado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) em 2013, quando foi apresentada em cortejo que saía das escadarias do Teatro Municipal, também no centro.
Entre quinta-feira, dia 3, e sábado, dia 5, o espetáculo voltou a ser encenado, desta vez como parte das atividades realizadas pela SMDHC para os 50 anos do golpe de 1964, nas escadarias da Catedral.
A montagem é uma livre adaptação do texto 'Liberdade Liberdade', de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, censurado pela ditadura, e traz uma sensível releitura de trechos de peças de teatro e de músicas também proibidos pela repressão. Na sessão de sexta-feira, esteve presente o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili.
A peça transita por espaços, tempos, depoimentos e narrativas musicais que compõem um pequeno inventário reflexivo sobre um período histórico marcado pelo enorme número de mortos e desaparecidos políticos, com reflexos nos dias de hoje, sobretudo nos assassinatos da juventude negra e de periferia.
Há um narrador que conduz a peça e outros personagens que ajudam a explicar determinados fatos históricos. Um dos personagens é Carlos Marighella, guerrilheiro assassinado em novembro de 1969, em uma emboscada com mais de 30 policiais. Outra personagem, a Mãe, busca fazer a ponte entre a impunidade do passado e a violência policial dos dias atuais – é a mãe de todos os torturados, mortos e desaparecidos políticos e também a mãe dos assassinados pela polícia. O único cenário na escadaria da Catedral é um varal com fotos de artistas censurados pela repressão, como Taiguara, Glauber Rocha e Geraldo Vandré, além de algumas camisetas manchadas de sangue.
A peça pede a punição de torturadores que seguem impunes e de colaboradores do regime; homenageia outros personagens históricos, como Vladimir Herzog e Frei Tito; e, por fim, chega à Lei da Anistia, de 1979. Voltam as músicas 'O bêbado e o equilibrista', que ficou famosa na voz de Elis Regina, e 'Eu quero é botar meu bloco na rua', de Sérgio Sampaio.
O nome da peça é baseado na frase de Clarice Lispector "liberdade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome".
HAND TALK
Clique neste componente para ter acesso as configurações do plugin Hand Talk