Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 8 de Novembro de 2024 | Horário: 09:00
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Em três anos, Polos de Curativos já realizaram mais de 242 mil procedimentos

Serviço, presente em 29 unidades da rede municipal de saúde, conta com enfermeiros especializados e tecnologias especiais para promover a cicatrização de feridas.

Nesta sexta-feira (8), a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) realiza um evento para marcar os três anos de implantação dos Polos de Curativos na rede municipal. Motivos para comemorar não faltam: desde a sua criação, os Polos de Curativos já realizaram mais de 242 mil procedimentos em pacientes com feridas de difícil cicatrização, muitos convivendo com esta condição há anos. Só em 2024, até agosto, foram 67.594 procedimentos realizados.

Os 29 polos, instalados em hospitais dia (HDs), unidades básicas de saúde (UBS) e ambulatórios de especialidades (AE), entre outros equipamentos, são uma iniciativa pioneira da cidade de São Paulo para o tratamento de lesões complexas de difícil cicatrização, como feridas venosas decorrentes de problemas circulatórios, pés diabéticos e outros problemas que, quando não tratados adequadamente, podem representar risco de amputação do membro.

Estomaterapia une técnicas e tecnologias

Diabético, hipertenso e com hipercolesterolemia, Francisco Ferreira de Souza, 65, começou a ter feridas venosas nas pernas há cerca de 15 anos, e chegou a ouvir que teria que amputar a perna esquerda. Tendo trabalhado a vida inteira como balconista, de pé, teve que se afastar em decorrência dos problemas de saúde. Dois anos atrás, ele foi encaminhado ao polo de curativos do Hospital Dia Penha. Hoje, comemora a cicatrização completa da perna esquerda, aquela que corria risco de amputação, e a recuperação quase total da perna direita.

Nesses dois anos, quem atendeu Francisco foi a enfermeira Suelyn Mattos Caponi. Formada há 11 anos e com especialização de dois anos em estomaterapia, área que se dedica ao cuidado de pessoas com feridas, estomias e incontinências, em 2021 Suelyn ajudou a estruturar o polo de curativos do HD Penha. O serviço é responsável pelo atendimento de pacientes enviados pelas 19 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da região, além de quatro equipes multiprofissionais de atenção domiciliar e três programas de acompanhamento de idosos do território.

De lá para cá, a demanda foi crescente. Atualmente, conta Suelyn, a média é de 200 pacientes ativos e 190 atendimentos por mês. Dependendo do caso, o atendimento pode ser semanal, como acontece com Francisco, quinzenal ou mensal.

Outra paciente do polo, Maria do Carmo de Souza Marques, 71, convive com feridas venosas há 20 anos. Agora, acompanhada pela estomaterapeuta, conseguiu não apenas voltar a andar sem o apoio de bengala, como retomou atividades como os cuidados com a neta, que busca na escola todos os dias. “Melhorou em tudo” resume Maria, que era costureira até ser obrigada a parar de trabalhar por conta dos problemas de circulação.

“Ela chegou aqui no início deste ano com uma ferida de 17 centímetros, e conseguimos reduzir para três centímetros; a expectativa é que feche completamente”, pontua Suelyn, que, em seu dia a dia faz uso não apenas de técnicas como o desbridamento (remoção de tecidos mortos de uma ferida), mas também de tecnologias que auxiliam - e muito - no processo de cicatrização.

Entre os curativos ou coberturas, por exemplo, estão as de hidrofibras, alginatos de cálcio com ou sem prata, prata nanocristalina, espumas de poliuretano, silicones, terapias compressivas elásticas e inelásticas. Já os equipamentos incluem aparelhos de laser e terapia por pressão negativa. No caso de Maria e Francisco, uma das técnicas utilizadas pela estomaterapeuta foi a da “Bota de Unna”, que consiste em uma terapia compressiva inelástica, que pode ser utilizada em conjunto com outras tecnologias. "Meu sonho é voltar a tomar banho sem ter que colocar um saco em volta da perna”, brinca dona Maria, que espera comemorar a cicatrização total em breve.

A foto, tirada a partir de fora, mostra uma sala identificada com a placa "Polo de Curativo"; dentro, estão duas mulheres com jalecos, uma delas olha para o fotógrafo enquanto mexe na parte interna de um armário suspenso
Suelyn (à esq.) no polo do HD Penha (Acervo SMS)

Capacitação de profissionais das UBSs

Suelyn, como todos os outros 29 estomaterapeutas e os 29 técnicos de enfermagem dos polos, atuam conjuntamente com as UBSs do território, recebendo os pacientes encaminhados por exigirem cuidados especiais com feridas, e depois devolvendo-os para que tenham continuidade no atendimento na unidade básica. Para dar mais capilaridade ao trabalho, os profissionais dos polos de curativos vêm capacitando os enfermeiros destes serviços e também do programa Melhor em Casa, de suporte a pacientes desospitalizados. "O objetivo é que o trabalho realizado pelos polos tenha continuidade, inclusive com a tecnologias usadas para os curativos, quando o paciente volta para a UBS”, comenta Rosiley Amorim, enfermeira do Departamento de Atenção Especializada da SMS.

Algumas unidades da atenção básica, inclusive, já têm o seu polo de curativos. É o caso da UBS Dona Mariquinha Sciáscia, localizada no Tremembé, na zona norte, uma das sete a contar com o serviço. A gestora da unidade, Nelice Canhoto Gonçalves Lopes, conta que o polo de curativos foi instalado há um ano, a princípio por tempo determinado, para cobrir a reforma do AE Tucuruvi. Porém a demanda foi tão grande que se decidiu por mantê-lo permanentemente.

O estomaterapeuta Mário Moreira Vaz Júnior, que atua há 16 anos na área, diz que o fato de estar na unidade de atenção básica agiliza o fluxo de atendimento e, consequentemente, os resultados para os pacientes. “O uso de técnicas e curativos de alta tecnologia para o tratamento de feridas proporciona a eles uma melhora considerável”, enfatiza o enfermeiro, que, além das manifestações durante o atendimento, costuma receber cartas de agradecimento e já foi mencionado nominalmente em manifestações de elogio à ouvidoria SUS do município.

Outro ponto positivo da experiência desenvolvida pela unidade, segundo Mário e Nelice, é o encaminhamento de pacientes com pé diabético para o Centro Especializado em Reabilitação (CER) do território, para a confecção de palmilhas especiais, reduzindo assim o risco de lesões associadas à condição.

Avaliação nutricional faz parte do atendimento

Levando em conta que hábitos de vida e dieta impactam diretamente na capacidade de cicatrização dos pacientes atendidos, em 2023 a Secretaria Executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde (Seabevs) da SMS publicou uma nota técnica para o encaminhamento daqueles que têm dificuldade de cicatrização para avaliação nutricional. Por meio de um protocolo específico, uma vez constatado déficit proteico, estas pessoas recebem suplementação nutricional hiperproteica na rede municipal de saúde.

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