Secretaria Municipal da Saúde
Médico da família e comunidade fortalece vínculo com serviços de saúde
A rede municipal de saúde de São Paulo possui atualmente 1.689 equipes Saúde da Família (eSFs) vinculadas às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e responsáveis por atender cerca de 1,6 milhão de famílias.
Distribuídas nas seis Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs) que cobrem todo o território da capital, as eSFs são compostas normalmente pelo médico especialista em medicina de família e comunidade, por enfermeiro especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS), responsáveis por percorrer o território, prestando atendimento à comunidade.
Considerada a porta de entrada para as ações e serviços disponibilizados na rede, a atenção básica em saúde considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tratamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer sua autonomia.
Como parte desta visão, desde 2017 a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) implementou mais de 345 novas eSFs na cidade de São Paulo. Essa expansão reitera a preocupação com a atenção em saúde iniciada ainda junto às famílias e também as aproxima dos equipamentos de saúde, onde vão realizar suas consultas e exames.
A base da missão
Para o médico de família e comunidade Roberto Jaguaribe Trindade, atuar na Unidade Básica de Saúde (UBS) Inácio Monteiro, localizada em Cidade Tiradentes, na zona leste, representa um misto de sentimentos, na medida em que, além de exercer sua profissão no equipamento de saúde, ele avalia que possui uma missão importante por também ser morador da região desde jovem e conhecer a vulnerabilidade dos pacientes.
Por meio de uma bolsa de estudo, o médico formou-se pela Escuela Latinoamericana de Medicina (ELAM-Cuba) e decidiu que sua atuação aconteceria no bairro que cresceu. E assim tem sido há 14 anos.
“A escolha dessa especialidade médica não foi por acaso”, diz o profissional. “Já trabalhei na pediatria, mas hoje atendo pacientes de todas as idades e me sinto bem em ter feito essa migração, pois assim posso influenciar e mudar a vida das pessoas”, afirma.
Segundo ele, é importante empoderar a comunidade, conscientizar as pessoas e instrumentalizá-las, inclusive com as medidas não farmacológicas. “A natureza do meu trabalho permite ver o paciente como um todo e não reduzi-lo apenas ao tratamento de uma doença; na medicina da família e comunidade, a relação médico-paciente deixa de ser hierarquizada, a população nos vê como parte da rede de cuidados e nos procuram para pedir conselho”.
Roberto acrescenta que, dentro desta ótica, conhecer onde o paciente vive, o trabalho que desempenha e qual a relação que tem com a comunidade é muito importante, pois também são fatores que repercutem na produção da doença. O médico explica que, para contornar os muitos agravos e questões apresentados por seus pacientes, como hipertensão, diabetes e mesmo gravidez na adolescência, possui várias frentes de trabalho, incluindo grupos para orientação e acompanhamento, como o Sob Controle, que funciona na UBS e reúne pessoas com hipertensão e diabetes.
Atendimento a várias gerações
Já a zona sul da capital é há 12 anos a área de atuação do médico da família e comunidade Jônatas Nunes, 39, que atualmente trabalha como médico supervisor da atenção primária em 30 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que por sua vez reúnem 176 equipes ESF e 193 médicos de família.
Para Jônatas, que se especializou em medicina de família e comunidade pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, “o médico de família tem o privilégio de criar vínculos com os integrantes das famílias. Trata-se de um olhar longitudinal, eu acompanho as gestantes durante o pré-natal, por exemplo, e depois acompanho os filhos nas consultas de puericultura”, pontua o profissional.
Ele mesmo utiliza os serviços do SUS desde criança, o que o sensibilizou para a questão da saúde pública. “Estudei medicina por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni), conheço muito bem a realidade da maioria das pessoas que frequenta as UBSs e hospitais públicos. Essa vivência me aproximou da escolha pela especialidade de médico de família e comunidade.”
Paciente destaca acolhimento
A paciente Adriana Vieira Lima, 44, auxiliar de limpeza, conta que Jônatas foi o médico que cuidou de toda a sua família ao longo de muitos anos, quando atuava na Unidade Básica de Saúde (UBS), Jardim Comercial, localizada na Zona Sul da capital.
“Ele acompanhou o meu marido no tratamento para controlar o diabetes e minimizar os efeitos da doença. Além disso, ajudou muito nas minhas duas gestações, e também realizou o pré-natal da minha filha que ficou grávida aos 18 anos, e por fim prestou assistência médica a meu neto que nasceu prematuro; veio até a minha casa saber sobre o estado de saúde do pequeno”, relata. “A atuação desse profissional e da equipe de saúde nos conforta e mostra que não somos abandonados pela rede pública”.