Secretaria Municipal da Saúde
Mudanças climáticas aumentam a incidência de doenças respiratórias ao longo do ano
Gripes, resfriados e outras doenças respiratórias costumavam ter períodos específicos do ano para acometerem a população. De acordo com Antônio Carlos Madeira de Arruda, diretor-técnico do Hospital Municipal Menino Jesus, esses casos costumavam crescer, especialmente, na transição do outono para o inverno, entre o final de junho e começo de julho. No entanto, devido às mudanças climáticas que têm causado ondas de calor, massa de ar polar e outras variações em um mesmo período, esse padrão se perdeu.
Como exemplo, em março deste ano, portanto no último mês do verão, o hospital recebeu 2.497 casos respiratórios, enquanto em julho, já no outono/inverno, registrou apenas 1.235 casos. No total, de janeiro a agosto deste ano foram realizados no hospital 13.850 atendimentos relacionados a doenças respiratórias, contra 13.981 no mesmo período de 2023.
O diretor do Menino Jesus alerta que hoje, a ocorrência das principais doenças respiratórias, como gripe, bronquite e quadros crônicos, como asma, estão relacionadas a três principais fatores: umidade relativa do ar, amplitude térmica e poluição.
A umidade relativa do ar ideal para o sistema respiratório é de 60%. Abaixo de 30%, passa a ser prejudicial à saúde, pois resseca as secreções que percorrem as vias respiratórias. O muco acaba ficando acumulado, o que gera um ambiente favorável para a proliferação de vírus e bactérias, facilitando o aparecimento de infecções.
Outro fator é a variação da temperatura. A amplitude térmica diária de até 10 ºC é tolerável para o corpo, mas acima disso, causa uma irritação no revestimento das vias aéreas, o que dificulta a mobilidade do muco, o que também pode favorecer o acúmulo e gerar um ambiente propício para infecções.
Já a poluição, além de ser prejudicial para a saúde por si só, ao reduzir a movimentação do revestimento e inflamar as vias aéreas, fica mais concentrada e tem seus afeitos agravados pela falta de chuva e ventos.
“Esse conjunto de fatores vai interferir em particular nas crianças, que têm uma imunidade mais baixa, já que o organismo está aprendendo a fazer anticorpos, aprendendo a produzir a sua defesa”, explica o pediatra.
Além disso, de acordo com Jamile Brasil, pneumologista pediátrica e superintendente médica do hospital, os quadros podem ser mais graves em crianças menores de 2 anos de idade: “Como eles têm uma imunidade menor, todos os vírus que eles entrarem em contato, tendo essas condições favoráveis de proliferação, virarão uma doença”. Esse grupo é atingido, sobretudo, pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que é o principal causador da bronquiolite.
Os idosos também acabam sendo mais vulneráveis, uma vez que têm uma capacidade de defesa diminuída pelo processo de envelhecimento.
De modo geral, não há medicamentos específicos para combater os vírus que causam doenças respiratórias. Dessa forma, o tratamento foca na prevenção por meio da vacina contra a gripe, por exemplo, e em agir nos sintomas e permitir que o corpo desenvolva os anticorpos necessários.
Dicas
Em momentos de alta poluição e umidade baixa, como durante períodos secos e queimadas, é importante proteger as crianças de problemas respiratórios. Para isso algumas medidas podem ajudar:
- Manter ambientes internos saudáveis - utilize purificadores de ar com filtros HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance ou Detenção Altamente Eficaz de Partículas) e mantenha as janelas fechadas para reduzir a entrada de poluentes externos. Evite fumar dentro de casa e minimize o uso de produtos que liberam compostos orgânicos voláteis (COVs), como por exemplo aditivos de pintura, vernizes e solventes de tintas.
- Hidratação - garanta que as crianças bebam bastante água, pois a hidratação pode ajudar a manter as vias aéreas umidificadas e reduzir a irritação.
- Uso de máscaras - em áreas com alta poluição, considere o uso de máscaras que possam ajudar a filtrar partículas nocivas do ar, especialmente se a criança tiver condições respiratórias pré-existentes.
- Monitorar sintomas - fique atento a sinais de problemas respiratórios, como tosse persistente, dificuldade para respirar ou irritação nos olhos e garganta; se necessário, consulte um médico para orientação e tratamento adequado.