Prefeitura de São Paulo

Instrutora do NEU, Maria Elisa Diniz Nassar, e o médico Felipe Rampazzo durante treinamento com um dos manequins para treinamentos avançados (Resusci Anne QCPR Torso)

Texto e fotos: Patrícia Pasquini

Sob os olhares atentos de um grupo formado por sete médicos, instrutores do Núcleo de Educação em Urgência (NEU) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-SP) ensinam manobras de reanimação cardiopulmonar. Em outras duas salas – com sete alunos cada – médicos do serviço ministram aulas sobre arritmias e intubação de adultos, crianças e recém-nascidos. Este era o cenário na sede do SAMU, nos dias 23 e 30 de maio, quando enfermeiros e instrutores do NEU promoveram o curso Intensivo de Suporte Avançado para médicos – obrigatório para todos que entram no Serviço.

Participaram do curso profissionais que já trabalham em campo. “O médico é aprovado no concurso, escolhe a vaga, faz o curso com aulas teóricas e práticas e, na sequência, um estágio de quatro plantões na ambulância supervisionado por outro médico. Depois, o profissional está apto a atuar na ambulância”, explica a coordenadora do NEU, Denise Santos Vilella.

Durante o estágio, o funcionário realiza outro curso complementar e obrigatório, o de Suporte Avançado de Vida – fruto da parceria entre o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral de Urgência e Emergência e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, cuja tutoria é realizada pelos instrutores do NEU do SAMU-SP.

Educação à distância

O conteúdo aborda o funcionamento da Central 192, os atendimentos de traumas e emergências médicas - arritmias, choques, AVC, reanimação cardiopulmonar, entre outros. O curso é voltado aos médicos e realizado em uma plataforma de educação à distância. São 200 horas de curso em Ensino à Distância (EAD) com encontros presenciais práticos. Já o curso para enfermeiros e auxiliares de enfermagem tem carga horária de 180 horas e para condutores 200 horas (todos presenciais). Os cursos são elaborados e realizados pelo NEU.

Segundo a coordenadora do NEU, 70% do conteúdo dos cursos são práticos, voltados à aquisição das habilidades necessárias para o desempenho das técnicas de Atendimento Pré-Hospitalar (APH), que não são abordadas pelas instituições de ensino na graduação ou em cursos profissionalizantes. “O profissional precisa adquirir habilidades para estabilizar corretamente a cabeça da vítima quando há suspeita de lesão de coluna, colocar o colar cervical, fazer as imobilizações de membros com suspeitas de fraturas, atender vítimas engasgadas, em parada cardiorrespiratória, além de manusear os equipamentos da ambulância, mexer no desfibrilador externo, monitor cardíaco, estando assim apto a prestar atendimento fora de ambiente hospitalar”, ressalta Denise.

A coordenadora do Núcleo de Educação em Urgência  (NEU), Denise Santos Vilella

Recertificação

O profissional também pode contar com o Centro de Educação à Distância através da plataforma Moodle da Escola Municipal da Saúde. Nela, o NEU hospeda os cursos de recertificação para médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, curso de incidentes de múltiplas vítimas e os vídeos institucionais e educativos, além de material de consulta e referências bibliográficas.

Pela Portaria Ministerial 2048, três pilares sustentam o SAMU: a Central de Regulação Médica (Central 192), as equipes de atendimento de campo e o NEU, que realiza as capacitações (preparatórias e obrigatórias para o ingresso no serviço) e recertificações (atualização feita a cada dois anos ou quando há um protocolo novo) de todos os funcionários.

Desde 2008 o NEU capacitou 1.530 profissionais e recertificou 1.495, entre enfermeiros, auxiliares de enfermagem, médicos, condutores e telefonistas auxiliares de regulação médica (que atuam na central 192).

Tecnologia

No ano passado o NEU adquiriu três manequins para treinamentos avançados (Resusci Anne QCPR Torso). Os equipamentos possuem sistema SimPad, que monitora a eficácia da reanimação cardiopulmonar. Através de um tablet é possível verificar se o profissional realiza as compressões cardíacas e as ventilações de forma adequada. Um sensor mostra ao professor e ao aluno, em tempo real, se os procedimentos estão adequados.

Também foi adquirido um software para treinamentos de arritmias cardíacas para os cursos de Suporte Avançado de Vida (SAV). Chamado de SimPad System, o kit é composto por um tablet e notebook, onde são simulados os ritmos cardíacos patológicos que um paciente pode desenvolver, permitindo assim a construção de casos de atendimento.

O equipamento simula situações de arritmias cardíacas, capacitando os profissionais para o reconhecimento das mesmas e a utilização do protocolo adequado de tratamento. A coordenadora ressalta a importância do equipamento: “Usar o simulador, e mudar os parâmetros em tempo real, faz com que o aluno tenha que raciocinar rapidamente para tomar a decisão certa. A utilização do simulador é fundamental para os treinamentos, pois oferece os ritmos que um paciente real pode apresentar. Na simulação são trabalhados não apenas os aspectos técnicos do atendimento, mas também questões como a comunicação correta durante o atendimento de urgência, o trabalho em equipe, atuação em situações de estresse, tomada de decisão, entre outros. Na simulação o profissional percebe como ele se saiu no atendimento e o próprio comportamento, possibilitando um melhor desempenho e preparo para prestar os atendimentos”.

A participação do NEU é fundamental para a aquisição das tecnologias utilizadas nos treinamentos. Os equipamentos são frutos da parceria entre o SAMU e a Universidade Anhembi Morumbi. “As instituições de ensino doam os equipamentos ao SAMU-SP, em contrapartida à utilização do campo de estágio para os alunos. Os estágios são realizados na Central 192 e nas bases”, informa Denise. Instituições como a São Camilo e UNIFESP também são parceiras do SAMU-SP.

Nos treinamentos, os alunos também contam com manequins para reanimação cardiopulmonar e atendimento a vítima engasgada (adulto, crianças e bebês). Outros quatro manequins simulam o parto normal. É utilizado todo material necessário a um atendimento real (colar cervical , pranchas longas, talas , bandagens, etc) , além da estrutura física do NEU, que possui três salas de aula equipadas com recursos multimídia, o auditório do SAMU e uma ambulância de treinamento.

Programa reduz número de trotes

Para minimizar o impacto dos trotes, o NEU implantou o “Programa Amigos do SAMU” nas escolas. O objetivo é sensibilizar as crianças e a comunidade escolar sobre a importância e os objetivos do SAMU, a forma correta de utilização do serviço e os riscos do trote.

O programa foi colocado em prática através do corpo de instrutores e funcionários do próprio serviço. Eles realizam as atividades nas escolas públicas e privadas da cidade de São Paulo. Em 2008, ano em que o programa foi implantado, o SAMU-SP recebia 30% de trotes. Hoje, 4,69% das ligações são trotes. “De 2008 até o período atual o Programa Amigos do SAMU realizou este trabalho com cerca de 100 mil crianças”, completa a coordenadora.

O SAMU-SP conta com uma ambulância destinada exclusivamente para treinamentos e projetos desenvolvidos com a comunidade, como o Programa Amigos do SAMU. Ela é semelhante à utilizada no atendimento normal. Uma equipe do NEU vai conversa com as crianças sobre a importância do serviço, como acioná-lo, e realiza uma pequena simulação de atendimento.
As atividades são encerradas com a visita aberta às crianças na ambulância e o manuseio dos materiais e equipamentos. Ao término das atividades as crianças recebem um folheto explicativo do Programa Amigos do SAMU para levarem para casa. A escola recebe um certificado de “Escola Amiga do SAMU”. Para receber a visita do SAMU-SP, a escola deve enviar uma solicitação para o e-mail: samueducacao@prefeitura.sp.gov.br