Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 14 de Agosto de 2015 | Horário: 13:28
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Secretaria e grupos LGBT on-line vão dialogar com juventude sobre prevenção e sexo seguro

Entre 2005 e 2012 houve aumento de 125% no número de casos de Aids na população masculina de 13 a 19 anos, no município de São Paulo

 

Alexandre Macedo, do grupo VaiBear e Luciano Vettoretti, do Gay Troller, no estúdio da Rede São Paulo Saudável após gravação de um vídeo

 

Por Keyla Santos
Foto: Edson Hatakeyama


Uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com Formadores de Opinião nas Redes Sociais (Fors) - conhecidos como grupos LGBT on-line -, por meio do Programa Municipal de DST/Aids (PM DST/Aids), está conscientizando os jovens sobre doenças sexualmente transmissíveis e o HIV/Aids. A ideia é chegar à prevenção das doenças. Os responsáveis pelas páginas Gay Troller e VaiBear, assim como outros grupos, aceitaram o desafio. As informações ganharam linguagem acessível para orientar os seguidores sobre sexo seguro. Essa medida é justificada pelos casos registrados na cidade. Entre 2005 e 2012 houve aumento de 125% do número de casos de Aids entre a população masculina na faixa etária de 13 a 19 anos.

A infecção por HIV em São Paulo se concentra nas populações de homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, usuários de drogas e pessoas privadas de liberdade. Dentro deste cenário, os jovens ainda integram o grupo mais vulnerável à doença. Com base nessas informações, o PM DST/Aids identificou a necessidade de adequação das estratégias em comunicação à adoção de uma linguagem moderna, assertiva e que dialogue com a juventude.

Redes sociais

A vantagem das redes sociais sobre os canais que divulgam informações institucionais é grande e possui um papel fundamental. Para o PM DST/Aids, esses canais de informação são dinâmicos e têm a confiança e credibilidade de seu público. Além disso, os grupos compartilham informações relevantes e possuem liberdade no uso da linguagem coloquial, fato que melhora o compartilhamento do conhecimento.

A parceria consiste no subsídio de informações técnicas por parte da SMS que, com o auxílio dos organizadores dos grupos, são transformadas em linguagem acessível para que possam ser disseminadas nas redes. A qualquer momento o programa pode pautar os grupos, assim como também está disponível para consultas.

Para a coordenadora do PM DST/Aids Eliana Battaggia Gutierrez, as redes sociais complementam as ações formais de prevenção às DST/Aids. “A informação é uma importante ferramenta para a adoção de práticas sexuais mais seguras, além de ser um direito constitucional. É um dever nosso mantê-la acessível e em diferentes plataformas”, disse Eliana.

‘Comunidade LGBT é carente de informações específicas’

A página Gay Troller surgiu em 19 de junho 2012. Aborda com bom humor situações do cotidiano da vida das pessoas que integram o grupo LGBT. O moderador Luciano Vettoretti diz que, no início, o objetivo era apenas “tirar sarro” das pessoas que utilizavam os aplicativos de encontro. “Quando percebi que a página cresceu, passou a ter muitos acessos, pensei: ‘gosto do humor, mas acho que sempre tem que ter uma mensagem’. A comunidade LGBT é carente de informações específicas. Faltam mensagens específicas de conscientização de determinados assuntos. Não só cívico, mas também de saúde. E por isso comecei com as mensagens de saúde no Gay Troller”, disse Vettoretti.

O grupo VaiBear, idealizado por Alexandre Macedo começou como um grupo aberto de bate-papo num aplicativo de texto. Depois passou para outras redes como o Facebook e o Instagram. Os idealizadores do VaiBear e do Gay Troller perceberam o alcance e o crescimento dos grupos e sentiram a necessidade de falar sobre temas mais sérios. Criaram então um Vlog – espécie de blog em vídeo. O primeiro vídeo, intitulado “Saindo do armário sorológico”, vai ao ar em setembro. Aborda a necessidade de falar sobre a descoberta da contaminação pelo HIV, os passos para o tratamento e como abordar o problema com familiares e amigos.

O tema surgiu a partir de um vídeo gravado para o canal Chá dos 5 onde Vettoretti falou sobre sua experiência. “Mais do que falar sobre HIV, eu tinha que falar sobre o estigma, sobre tabu. Quando as pessoas não falam sobre isso, tudo fica mais difícil. Fica mais difícil falar sobre formas de prevenção, sobre profilaxia pós-exposição”, afirmou Vettoretti.

“A gente queria imprimir uma identidade séria ao Vlog. Não só diversão, não só entretenimento. A gente queria trabalhar com informação pertinente para o nosso público e assim surgiu a parceria com a secretaria”, disse Macedo.

Aids no município de São Paulo

O pico da epidemia de Aids no município de São Paulo ocorreu em 1996, com 47,5 casos por 100.000 habitantes. Desde então há uma queda na taxa de detecção (TD) da doença, que foi de 18,6 casos/100.000 habitantes em 2013. Só nos últimos dez anos essa queda foi de 30%. A queda nas TD, entretanto, não é homogênea: entre homens de 15 a 29, mas principalmente de 20 a 24 anos, houve aumento da TD, indicando que os homens jovens vêm sendo mais atingidos, principalmente os homens que fazem sexo com homens (HSH). Observamos, no município de São Paulo, entre 2005 e 2012, um aumento de 125% do número de casos de Aids na população masculina de 13 a 19 anos.

 

 

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