Secretaria Municipal da Saúde
Unidade da zona Leste investe no Pré-Natal do Homem
Iniciativa busca envolver os futuros pais nos encantos da gestação e nos valores paternos
Texto e foto por Vanessa Santos
Um grupo de futuros pais e mães, entre 25 e 40 anos de idade, aguarda na sala de orientação da UBS Jardim São Carlos, em Guaianases (zona Leste). Eles fazem parte do programa Pré-Natal do Homem. A iniciativa conscientiza os pais sobre seu papel e sua dimensão afetiva.
Mais do que exames, consultas e vacinação para o futuro pai, a iniciativa busca envolvê-lo nos encantos da gestação e nos valores paternos. “Abordando temas importantes como paternidade responsável. Imagina você ter um filho, acompanhar o pré-natal e se envolver com tudo aquilo [gestação]?”, afirma ao grupo de pais o médico generalista Herítiero Barbosa Lima.
Acesso e acolhimento, saúde sexual e reprodutiva, paternidade e cuidado, doenças prevalentes na população masculina e prevenção de violências e acidentes. Estes são alguns dos temas da conversa, que precede a consulta individual. “Queremos mudar a lógica de que o paciente procurar a unidade apenas quando estiver doente. Queremos garantir melhor qualidade de vida para o casal”, diz o médico.
Infartos
De acordo com dados da Fundação Seade, infartos, derrames e outras doenças cardiovasculares são as principais causas da mortalidade de homens na faixa etária de 20 a 59 anos, em Guaianases. A cada 100 mil habitantes, a taxa de óbitos é de 62,7.
“Essa população de 20 a 30 anos está se perdendo no meio do caminho. E, se não for nessa faixa etária, estão se perdendo entre 40 e 59 anos, também uma idade extremamente produtiva. Isso causa impacto monstruoso para o país, é uma questão de saúde pública. Precisamos falar da saúde do homem para ajeitar a estrutura familiar. Temos que abordar temas como pai presente e ajeitar também a saúde ocupacional”, afirma o médico.
Lima acredita que o programa Pré-Natal do Homem pode contribuir na mudança de como o homem é visto na sociedade. “Assim como a mulher tem o direito de sofrer e chorar, o homem deve externar isso”, afirma.
Machismo
O machismo também é uma forte barreira na busca por um serviço de saúde. Nilson Antônio de Oliveira, de 47 anos, sugere que uma das razões de os homens não procurarem o médico é o “medo” e a vergonha pelo profissional ter “grau de instrução superior ao seu”. “Quando é uma médica, então, o medo piora. Uma vez fui a uma clínica e, quando percebi que seria atendido por uma médica, fugi, fiquei com vergonha”, confessa Oliveira.
Embora não haja estudo a respeito, a enfermeira Islândia Gorette avalia que os encontros proporcionaram mudança bastante significativa de comportamento entre os frequentadores.
O casal, Carlos Luís Alves Souza, de 30 anos, e Larissa Silva Santos, de 21 anos, marinheiros de primeira viagem, elogia a iniciativa. “Estamos muito felizes porque conseguimos engravidar após três anos tentando. É a nossa primeira filha e queremos que ela nasça saudável”, diz Souza.
HAND TALK
Clique neste componente para ter acesso as configurações do plugin Hand Talk