Secretaria Municipal da Saúde
Odontologia hospitalar do HSPM reduz em 40% casos de contaminação
Em média são realizados 300 atendimentos por mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria
Por Keyla Santos
Colaborou Daniela Avancini
O Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) reduziu em até 40% os casos de infecção hospitalar do trato respiratório (pneumonia aspirativa) de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O número é resultado de pesquisas feitas pelo hospital entre 2011 e 2015. A redução foi possível graças ao empenho da equipe de dentistas do HSPM, que desenvolve um trabalho de higienização bucal dos pacientes das três UTI (adulto e infantil), principalmente daqueles sob ventilação mecânica. Também são realizados procedimentos nos pacientes internados nas enfermarias. Em média são realizados 300 atendimentos por mês (UTI e enfermaria). De acordo com Ari de Held Filho, coordenador do Serviço Técnico de Saúde Bucal do hospital, “a boa higiene da boca do paciente internado é um fator determinante para a redução das infecções”.
Há aproximadamente quatro anos, três profissionais dedicam uma hora por dia aos pacientes da UTI e outros dois aos da enfermaria. A função deles é fazer o diagnóstico precoce de lesões bucais que possam interferir no quadro clínico do paciente. “O grande motivo que levou a colocar os dentistas na UTI foi a redução de 30%, 40% ou até mais, dos casos de infecção hospitalar do trato respiratório”, disse Filho.
O paciente que está na UTI apresenta fatores agravantes no que diz respeito à higiene bucal. Uma delas é o fato de alguns permanecerem com a boca aberta, por um grande período de tempo, devido ao uso de tubo. Essa atitude faz com que a mucosa fique desidratada. Outro fator está relacionado a alguns medicamentos que podem diminuir a produção de saliva.
Saliva reduz bactérias
Segundo o coordenador, a saliva é uma grande protetora da saúde bucal, pois retarda a proliferação das bactérias. “No momento em que o paciente não tem saliva devido ao medicamento que ele toma e à desidratação provocada pela boca aberta, há um risco elevado de desenvolver muitas infecções na boca ou de aspirar as bactérias, que é o que acontece na pneumonia recidiva”, afirmou Filho.
O dente possui placa dentária e, quando o paciente respira, o pneumococo que causa pneumonia pode passar pela boca e, muitas vezes, fica retido na placa dental. A bactéria permanece na placa dental porque lá encontra alimento e proteção. Como o antibiótico não penetra na placa, o pneumococo se mantém no local. Em determinado momento, o indivíduo aspira, a bactéria volta para o pulmão e provoca outra pneumonia, criando um ciclo vicioso onde ocorre a cura da pneumonia que, depois de um tempo, acaba retornando.
No momento em que se institui um programa de higiene da boca, é possível quebrar esse ciclo. Por isso há uma redução acentuada de quase metade dos casos de pneumonia por aspiração, a chamada pneumonia hospitalar. “Aqui no HSPM conseguimos uma redução significativa. Em termos de valores, isso significa muito dinheiro economizado. O tempo do paciente no leito é reduzido. Ele tem sobrevida maior a um custo menor”, disse o coordenador.
Importância da escovação
No caso das pessoas que estão internadas na enfermaria do HSPM, os procedimentos são diferentes, mas o objetivo é o mesmo: manter a higiene oral a fim de evitar contaminações e complicações no quadro de saúde do paciente.
Segundo o coordenador, a situação de quem está na enfermaria é diferente, pois a pessoa está consciente e sem tubos. No entanto, a medicação ministrada pode reduzir a quantidade de saliva que ajuda a proteger a boca. De acordo com estudo realizado em 2011, pela Coordenação de Serviços Técnicos de Saúde Bucal, a frequência de escovação após a internação na enfermaria (paciente consciente) diminui 77%. O grau de higiene boa é de 18%. Os indicadores maiores ficam para a higiene que vai de regular a péssima com 82%, sendo que a regular é de 51% e a péssima, 31%.
“A frequência de escovação de quem está internado se reduz muito. Quando a pessoa está em casa escova os dentes, em média, três vezes ao dia. Mas quem está no leito não está pensando em escovar os dentes três vezes ao dia. Então, observamos uma higiene oral muito ruim, em um momento muito ruim”, disse o coordenador.
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