Prefeitura de São Paulo

Circuito incentiva habilidades psicomotoras das crianças

Texto e foto por Tatiana Ferreira

Com o desenvolvimento dos aparelhos eletrônicos, muitas crianças - inclusive menores de 2 anos - deixam de brincar com os coleguinhas. Pular corda, correr? Nada disso. Pior: o abuso dos jogos eletrônicos tem levado à obesidade, hipertensão e diabetes. O uso abusivo dos games também tem afetado a saúde mental e o desempenho escolar da garotada, aumentando a queixa dos pais em relação ao número de crianças com dificuldade de socialização, falta de amigos, baixo rendimento escolar, instabilidade emocional e até mesmo agressividade.

Pensando na importância das brincadeiras durante a infância, a UBS Recanto Campo Belo, no extremo sul da cidade, criou em 2013 o Grupo de Estimulação Psicomotora, focado em desenvolver as habilidades psicomotoras das crianças e auxiliar em seu desempenho escolar.

“O grupo surgiu a partir do Grupo de Leitura e Escrita, frequentado por crianças – algumas delas com dificuldades para ler e escrever – que as escolas mandavam para a gente. Havia o grupo com a psicóloga e a fonoaudióloga. Ao estimular a leitura e escrita, elas notaram que algumas dessas crianças tinham problema motor, de motricidade, coordenação motora e lateralidade. Tudo isso interfere no desenvolvimento da leitura e escrita”, explicou a fisioterapeuta Renata Policiano.

Os encontros do grupo ocorrem quinzenalmente, nas quintas-feiras, às 10h30. Envolvem atividades simples como dar cambalhotas, andar em linha reta e brincar com bolinhas de tênis.

Júlio César Lima, educador físico da unidade, explica a importância de estimular as crianças. “Naturalmente a gente corre, pula, salta e nós notamos que essas crianças tinham dificuldades em realizar tais atividades. Então, a psicóloga e o psiquiatra me pediram para montar um circuito para desenvolver um pouco essa lateralidade. A psicomotricidade é trabalhar velocidade, salto, mudança de direção, um pouco de força e de agilidade para melhorar a coordenação motora fina, pois eles têm dificuldade de pegar a caneta, pegar um giz de cera, mudando a percepção espacial deles, eles vão ter mais facilidade para fazer isto em sala de aula”, afirma Lima.

Vencendo os desafios

A falta de exercício físico pode afetar o desenvolvimento psicológico, social e de fala das crianças no futuro. A fonoaudióloga Fabiana Breviglieri é quem explica. “Muitas crianças têm dificuldades de fala e trocam as letras na hora de falar, além da dificuldade de aprendizado. Isso a gente acaba trabalhando também aqui na interação, nos jogos lúdicos. A gente corrige as crianças aqui. Além dessa parte de escrita, tem a parte da interação, de comunicação, que é fundamental para o desenvolvimento da linguagem”, diz Fabiana.

Rosana Oliveira é psicóloga e explica que o contexto familiar também influencia no desenvolvimento. Para reverter o quadro é preciso muito trabalho em equipe. “Muitas dessas crianças têm essa dificuldade emocional, muito comportamental por conta do histórico de família, do contexto ou demandas específicas, quando é demanda de saúde. Então, a gente associa com o trabalho do educador físico, da fisioterapeuta, do fonoaudiólogo, e consegue desenvolver um trabalho legal para esse desenvolvimento global das crianças”, afirmou.

Antônia Souza é mãe do Alex, de 8 anos, integrante do grupo. Além de aprovar o trabalho ela já vê melhoras no comportamento de Alex. “Além de estarem brincando, eles estão educando. O comportamento dele mudou bastante. Antes, era agitado; agora, está mais calmo e concentrado nas atividades da escola, está mais obediente. Para ele, ‘não’ era uma palavra muito difícil. Agora, isso mudou”, disse Antônia.

Crianças com idades entre 7 e 12 anos podem participar. Porém, por ser um grupo fechado, é preciso antes passar por avaliação da equipe multiprofissional do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Para mais informações procure a Unidade Básica de Saúde.

Serviço:
UBS Recanto Campo Belo
Avenida Sadamu Inoue, 2.666 - Recanto Campo Belo – Parelheiros.