Prefeitura de São Paulo

Nesses três dias de visitas, as equipes de agentes de endemias e técnicos orientaram e vistoriaram todos os locais do domicílio

Por Cecília Figueiredo

Entre segunda (9) e quarta-feira (11), 3.926 domicílios de Itaquera e São Miguel foram visitados por 230 agentes de endemias e 20 técnicos da Supervisão de Vigilância em Saúde (SUVIS) Leste. “Todos os imóveis que visitaremos até 14 de novembro tiveram algum caso suspeito de dengue notificado no primeiro semestre, portanto, a ideia da Secretaria Municipal de Saúde é identificar se houve ou não uma mudança de hábitos com relação à prevenção da doença”, explicou Claudia Afonso, coordenadora Regional de Saúde Leste (CRSL).

Nesses três dias de visitas, as equipes de agentes de endemias e técnicos orientaram e vistoriaram todos os locais do domicílio em 2.619 imóveis. Ricardo Dias Erguelles, coordenador da SUVIS da CRSL, explicou que a resistência à visita dos agentes não é a principal barreira. “Contabilizamos nesses três primeiros dias 819 imóveis fechados, desocupados ou abandonados, além de um número significativo de recusas pelos moradores em permitir a entrada dos agentes e da visita parcial, onde os agentes orientam e verificam as condições do imóvel em uma parte do domicílio”, detalhou.

Apesar dos empecilhos já é possível afirmar que o número de criadouros ainda é grande nos imóveis visitados. Foram encontrados 5.654 recipientes, sendo, 1.548 com água acumulada e 45 com larvas de mosquito.

A bióloga Tatiana Érika da Silva, da SUVIS São Miguel, avaliou que a recusa está associada ao fato de que muitas famílias visitadas tiveram apenas a suspeita de dengue, não chegaram a desenvolver a doença. “As famílias se esqueceram e não entendem como prioridade a ação preventiva”, disse.

O agente Roberval de Mattos Silva, da SUVIS São Miguel, que chega a realizar até 25 visitas diárias em sua rotina de trabalho, acrescentou que a informação passada pela mídia é de baixa qualidade. “A população não é informada corretamente pela mídia e acaba minimizando o problema da dengue. Muitos ainda acreditam que basta furar o pratinho de planta, quando na verdade o que orientamos é a eliminação desses recipientes, já que o ovo do mosquito Aedes é resistente em superfície seca”, explicou o agente.

Casos de dengue

De janeiro até o início de novembro, foram contabilizados 17.059 casos autóctones de dengue na região Leste. Desse total, 5.218 casos identificados em Itaquera e os demais, 11.841 nos distritos de São Miguel Paulista, Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, Ermelino Matarazzo, Guaianases e São Mateus. Em 2015, ocorreram seis mortes na área de abrangência da CRS Leste, sendo uma em Guaianases, uma em Ermelino Matarazzo, duas no Itaim Paulista e duas em Itaquera.

Para evitar que haja um novo aumento de casos – de 2014 para este ano a explosão foi de 430% -, o investimento em ações preventivas é importante, mas é fundamental o convencimento da população adotando novos hábitos.

A visitação aos imóveis de pessoas que tiveram dengue ou suspeita da doença no primeiro semestre, é uma das medidas de incentivo que se soma a outras em desenvolvimento desde o início do ano, pela CRSL.

 Número de criadouros ainda é grande nos imóveis visitados. Foram encontrados 5.654 recipientes, sendo, 1.548 com água acumulada e 45 com larvas de mosquito

Prevenção da CRS Leste

Em março deste ano, a SUVIS Leste promoveu a capacitação de 958 agentes comunitários de saúde (ACS), 23 gestores e agentes de proteção ambiental (APA) sobre dengue e chikungunya. Em setembro, mais 418 agentes de saúde ambiental/combate a endemias passaram por nova rodada de atualização que acrescentou o Zika vírus.

Também houve um empenho para a realização de ações conjuntas no território, para otimização de recursos. Durante as edições do programa Prefeitura no Bairro, entre janeiro e outubro, foram garantidas nas sete regiões da CRS Leste a visita e orientação a 34.356 domicílios, por meio da ação casa a casa realizada pelas equipes das SUVIS.

A abrangência do trabalho intersetorial foi ampliada em decorrência de encontros realizados na primeira semana de fevereiro, pela CRS Leste com representantes das sete subprefeituras, supervisões técnicas de saúde (STS) e SUVIS, para planejar estratégias de enfrentamento à dengue e chikungunya no território.

Por ocasião de alagamentos em pontos isolados, no início do ano, como no Jardim Romano, entre fevereiro e março 1.889 imóveis foram visitados pelos agentes de saúde ambiental/combate a endemias para a distribuição de hipoclorito, orientações sobre a leptospirose e o cuidado com a dengue.

A SUVIS Leste também aproveitou a participação em eventos de grande circulação, como o Mulher Comvida, no Parque do Carmo, em comemoração ao dia 8 de março, para intensificar a distribuição de materiais educativos e orientar sobre a dengue. Mais de 1.700 pessoas foram abordadas.

O ano de 2015 foi marcado pelo aprimoramento do sistema de informação para qualificação do trabalho e a instalação da Tenda de Atendimento aos casos suspeitos e confirmados de dengue, em Itaquera, para agilizar a assistência e desafogar prontos-socorros e hospitais. Entre 5 e 30 de maio, o serviço realizou 2.538 atendimentos e propiciou um melhor acolhimento.

Desde agosto, a SUVIS Leste vem se reunindo com as equipes da Educação para estender a ação preventiva e de informação sobre a dengue para dentro das escolas.