Secretaria Municipal da Saúde
Prefeitura inicia Campanha de Acolhimento aos Imigrantes Refugiados
Por Keyla Santos
Fotos: Edson Hatakeyama
Integrantes do programa Campanha de Acolhimento aos Imigrantes Refugiados se reuniram, nesta sexta-feira (13), no gabinete da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O objetivo do encontro foi definir as regiões de atuação dos sete imigrantes e dos dois docentes que farão Rodas de Conversa com profissionais de 60 serviços de saúde da Prefeitura – Unidades Básicas de Saúde (UBS), hospitais, Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e prontos-socorros – a fim de sensibilizá-los em relação à xenofobia, preconceito e discriminação. Na manhã da próxima segunda-feira (16) haverá o lançamento do vídeo “O SUS é para todos – Acolhimento aos Imigrantes e Refugiados na Cidade de São Paulo”, na UBS Sé.
Os facilitadores são imigrantes e refugiados do Haiti, Palestina, Congo, China, Bolívia, Guiné e Peru. Todos foram indicados pelas entidades e a maioria é dirigente de entidades que trabalham com imigrantes refugiados na cidade de São Paulo. Os dois docentes vão coordenar esses facilitadores. Além disso, eles têm a função de monitorar, acompanhar e registrar as atividades a fim de sistematizar a experiência.
O projeto é coordenado por uma rede de ação que inclui as Escolas Regionais de Formação do SUS, o Grupo de Trabalho (GT) de Saúde do Imigrante e Refugiado, o grupo de apoiadores do projeto Desafio Mais Saúde na Cidade, Autarquia Hospitalar Municipal (AHM), Hospital Municipal Maternidade-Escola de Vila Nova Cachoeirinha e Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), entre outros.
Para o secretário municipal da Saúde Alexandre Padilha, essa ação pode ajudar a mudar a organização dos atendimentos nas unidades de saúde e no SUS. “O projeto é muito importante para atender uma população cada vez maior na cidade de São Paulo, que sofre com problemas de saúde específicos, com dificuldade para vacinação, acompanhamento da gestante e que, em alguns casos, vive em situação de vulnerabilidade onde trabalha e onde mora. Tudo isso leva a mais doenças. Mas também ajuda a transformar o SUS para atender a todos. Quando você se reorganiza para compreender e respeitar culturas novas, novas formas de viver, isso também é muito bom para toda a população, porque você humaniza o conjunto do Sistema Único de Saúde para atender também a nós, que somos paulistanos, que somos brasileiros”, disse o secretário.
‘O SUS é uma política para todos’
De acordo com Rosana Magalhães Gaeta, coordenadora técnica da implantação de Políticas de Saúde para Imigrantes e Refugiados na SMS, o projeto faz parte da Educação Permanente, da formação dos trabalhadores da saúde para discutir a questão da imigração e do refúgio. “Nosso maior desafio é trabalhar com o enfrentamento à xenofobia e à discriminação”, afirmou.
Nas rodas serão discutidos temas sobre as origens da população que vive em São Paulo, a fim de mostrar a riqueza da diversidade cultural da cidade. “A importância desse trabalho é a desconstrução da discriminação e do preconceito. O SUS é uma política para todos. A gente espera que as Rodas de Conversa diminuam a discriminação, o preconceito, essas barreiras que a gente constrói dentro da gente, que impedem de olhar o outro que é diferente de mim, como uma pessoa igual, com direitos”, disse Rosana.
Para Kátia Cristina Dias da Silva, coordenadora política do Grupo de Trabalho de Políticas Saúde para Imigrantes e Refugiados, o maior desafio é combater a questão da discriminação. “Um dos motes é se colocar no lugar do outro, na questão da intolerância, da xenofobia e da discriminação. Nosso trabalho é fazer com que as pessoas acolham de fato os imigrantes nas unidades de saúde. Uma das coisas que a gente está tentando fazer é com que os trabalhadores da saúde participem da cultura dos imigrantes”, comentou Kátia.
‘Todos somos imigrantes, fizemos de São Paulo um lugar muito diverso’
Um dos facilitadores do projeto é Pitchou Luambo, de 34 anos, da República Democrática do Congo. Ele está no Brasil há seis anos e atua no Grupo de Refugiados e Imigrantes Sem-Teto (Grist). Para ele esse trabalho é importante para tentar quebrar barreiras de diferenças culturais. “Vamos trocar experiências das diferentes culturas e vai ser muito bom para esse trabalho que vai começar”, disse.
Marc Elie Pierre, de 33 anos, do Haiti, integrante da ONG Iada África, considera o trabalho muito importante, porque é um passo para que o imigrante se sinta integrado. “É um processo de desconstrução da xenofobia e do racismo. Há certas diferenças de tratamento em relação à cor da pele dos imigrantes e xenofobia mesmo por ser estrangeiro. Eu acho muito importante e, sinceramente, acredito que se todas as outras instituições adotassem esse método seria algo muito espetacular para a integração do imigrante e para o Brasil”, afirmou o facilitador.
O palestino Mohammad Ismael, de 30 anos, está no Brasil há um ano e quer trabalhar nesse projeto porque, assim, é possível ajudar imigrantes e refugiados na área da saúde. “Saúde é muito importante e muitos imigrantes não sabem como chegar até o hospital, não sabem perguntar sobre remédio e nem dizer suas dores. Esse projeto é muito importante para mim. É uma chance de ajudar pessoas, porque falo árabe, inglês e português e já trabalhei com refugiados por nove anos na Síria. Conheço sobre sírios, palestinos, libaneses”, argumentou Ismael.
Já para a peruana Rocio del Pilar Bravo Shuna, de 34 anos, ativista do Templo das Mulheres Imigrantes, pertencente à ONG Presença na América Latina, esse projeto é muito bom, pois fará com que a população paulistana seja sensibilizada em relação a imigração. “Na realidade todos somos imigrantes, fizemos de São Paulo um lugar muito diverso. Nosso trabalho como facilitadores nesse projeto será árduo, mas será em equipe. Por isso estou muito segura. Vai trazer resultado de sensibilização e de diminuição de situações discriminatórias que atualmente temos conhecimento”, afirmou.
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