Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 27 de Maio de 2016 | Horário: 12:04
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São Paulo sedia o 5º Congresso Brasileiro de Saúde Mental

Evento acontece de 26 a 28 de maio e discute os avanços e desafios da reforma psiquiátrica

Por Beatriz Prado
Foto Edson Hatakeyama

A Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME), em parceira com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, conselhos regionais de psicologia, assistência social e enfermagem e pesquisadores da comunidade acadêmica, realizam, entre os dias 26 e 28 de maio, o 5° Congresso Brasileiro de Saúde Mental. O evento acontece no Campus Indianópolis da Universidade Paulista, com a apresentações culturais, debates, rodas de conversas e exposição de economia solidária.

Como o lema "Juntos nas diferenças: sonhos, lutas e mobilização social pela reforma psiquiátrica", profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial, estudantes, pesquisadores e gestores participaram da cerimônia de abertura do congresso nesta quinta-feira (26/05). O secretário Alexandre Padilha defendeu a reforma psiquiátrica, a política de redução de danos e o fim dos hospitais psiquiátricos.

"A Prefeitura de São Paulo tem uma missão, que é eliminar a internação de pacientes em hospitais psiquiátricos até o fim da gestão Haddad. Serão entregues mais 30 residências terapêuticas na cidade para dar conta do desafio, e pacientes com familiares na Capital e que estão internados em hospitais psiquiátricos de outros município, como Sorocaba, vão ser transferidos", afirmou o secretário da saúde do município, Alexandre Padilha.

Com o objetivo de estimular o apoio à formação profissional e pesquisas em saúde mental, o congresso apresenta trabalhos com temáticas como: a identificação de sinais de risco de vulnerabilidade e agravos, medicalização, práticas e cuidados, prevenção, integração entre usuários dos CAPS, profissionais e familiares, gênero, ambiente de trabalho e ruas. As oficinas expõem trabalhos de geração de renda, artesanais e alimentício, desenvolvidos por pacientes de saúde mental da cidade.

Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina e presidente da Abrasme, Walter Ferreira de Oliveira explicou que a organizadora adotou como princípio a não aceitação de apoio financeiro da indústria farmacêutica e médico-hospitalar, e defende a reforma psiquiátrica como política de Estado. "O Congresso tem um profundo significado político, técnico, acadêmico e afetivo. É mais do que uma troca de experiências e apresentação de trabalho científico, é um evento que reafirma a caminhada diante do processo de construção da nação. Lutar pela saúde e contra todas as crueldades que os pacientes sofrem dentro dos manicômios é o caminho para o crescimento de um país", justificou.

De Braços Abertos

No segundo dia do evento (27/05), o prefeito Fernando Haddad participa do debate e fala sobre as políticas públicas de redução de danos e os projetos de saúde mental implementados no município. Desenvolvido em parceria entre as secretarias da Saúde, Assistência e Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e Cidadania, Trabalho e Empreendimento e Segurança Urbana, o Programa De Braços Abertos foi implementado inicialmente na região da Cracolândia, com a participação de 513 usuários (Homens, mulheres e crianças) em janeiro de 2014 é destaque, com a redução de 88% de consumo de crack entre os participantes.

Presidente do Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo, Rogério Giannini justificou a escolha do município para sediar o 5° Congresso. "A escolha de estar em São Paulo nunca foi logística, é fundamentalmente política, pois é nesta cidade que se concentra o embate entre as forças progressiva e conservadora, que impactam no avanço da reforma psiquiátrica", disse.

Ativista do movimento antimanicomial, Mário Moro lembrou os vinte anos do início da reforma psiquiátrica e os desafios para o avanço no atendimento humanizado. "Ainda hoje o paciente é vítima de maus-tratos e preconceitos e a gestão do município exerce muita influência sobre o tratamento. Há vinte anos a reforma psiquiátrica foi iniciada e a desospitalização ainda não foi colocada em prática. O tratamento humanizado é a prova de que é possível reincluir o usuário na sociedade, e os avanços só acontecem com união entre a família, gestores e os movimentos de luta."
 

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