Prefeitura de São Paulo

Por Gabrielle Pereira e Rosangela Rosendo

Seja devido a condições socioeconômicas, adoção de hábitos saudáveis, novas tecnologias na medicina e outros fatores, a expectativa de vida do homem teve salto expressivo nos últimos anos e a população mundial passou a superar os 70 anos. Mas com o uso das novas mídias e da formação das famílias cada dia menor, muitos idosos acabam morando sozinhos. Entretanto, médicos advertem, o isolamento social tem relação com o pior desfecho clínico e de comprometimento funcional da vida de um idoso. Os riscos são o desenvolvimento de demência ou alguma condição de fragilidade. E foi a partir da observação da população idosa, que os profissionais da Unidade Básica de Saúde (UBS) Moinho Velho II, no Ipiranga, identificaram a necessidade da criação de novas estratégias de assistência à saúde ao usuário idoso da região. Daí nasceu Desafio Mais Saúde na Cidade ‘Projeto Jovem Idoso – Vigilantes da Vizinhança Idosa’.

“Após observação, identificamos idosos com depressão, isolados nas suas residências ou em processo de isolamento social. Era necessário criar meios para acompanhar, cuidar e conhecer as demandas dessa população, de modo a prestar uma assistência à saúde ainda mais qualificada”, explicou a enfermeira da unidade e responsável pelo projeto, Lizia Guimarães.

O projeto tem o objetivo de auxiliar os usuários na promoção à saúde biopsicossocial e prevenção de doenças, nos cuidados diários e no incentivo da autonomia e no conhecimento do processo de envelhecimento. Os participantes ainda são motivados a auxiliarem na vigilância da saúde uns dos outros, de modo a criar vínculos, estreitando a convivência entre eles, com a família e a comunidade.

Convite especial

Por meio de frequentadores da unidade, visitas domiciliares, grupo pastoral, atividades em grupo, rodas de conversa, os idosos a partir dos 60 anos são convidados a ingressar no projeto. Ao chegar à unidade, o idoso é acolhido pela enfermeira ou nutricionista e passa por uma escuta qualificada, avaliação multidimensional da pessoa idosa (AMPI-AB) e segue o fluxo da rede de atendimento de acordo com a pontuação obtida na Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (RASPI).

As atividades são realizadas no grupo de convivência, com encontros quinzenais realizados na Igreja São Vicente de Paula, junto com a Pastoral do Idoso. Há ainda a parceria da Pastoral da Saúde, que ajuda a identificar novos integrantes para o grupo e encaminhar as demandas necessárias para a unidade.

Lizia explica que, cada encontro é dividido em três momentos, durante os quais os idosos participam de rodas de conversa, praticam atividades corporais (técnica de relaxamento, Liang Gong, alongamento), além de exercícios que estimulam a memória e o bem-estar. “Há ainda discussão sobre um tema relacionado à saúde do idoso e, ao final, dança circular”, acrescentou.

Diversão e aprendizagem

Moradora próxima à Igreja São Vicente de Paula, Elsa Galves Barazini, de 77 anos, é uma das primeiras usuárias a fazer parte do projeto. Segundo ela, o grupo não para de crescer e a equipe e os idosos têm interagido cada vez mais. “Eu sempre convido as pessoas a participar. Nós aprendemos, nos divertimos, fazemos atividades e nos comunicamos. Falar com os idosos é difícil devido à timidez de alguns, mas os profissionais que trabalham nessa ação ajudam todos a se aproximarem e manter contato com os outros”, destacou.