Secretaria Municipal da Saúde

Quarta-feira, 22 de Junho de 2016 | Horário: 21:37
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Saúde amplia horário de atendimento dos Consultórios na Rua durante o período da Operação Baixas Temperaturas

Município conta com 18 equipes de saúde que atuam nesses consultórios que, de janeiro a abril de 2016, já realizaram aproximadamente 78 mil atendimentos

 

Por Keyla Santos
Fotos: Edson Hatakeyama

 

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ampliou o horário de atendimento das equipes que atuam nos Consultórios na Rua. As unidades que normalmente atendem das 7h às 19h, atenderão até às 20h para fazer buscas ativas, com o objetivo de alertar e orientar a população em situação de rua a procurar os centros de acolhida disponibilizados pela prefeitura. O secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, visitou na noite desta quarta-feira (22), as pessoas em situação de rua que vivem na região da Armênia. O município conta com 18 equipes de saúde que atuam nesses consultórios que, de janeiro a abril de 2016, já realizaram aproximadamente 78 mil atendimentos. Em 2015 foram realizados 205.655 atendimentos gerais.

De acordo com o secretário, o Consultório na Rua é uma medida para garantir acesso e cuidado às pessoas que vivem em situação de rua e também ajuda a fazer algo diferente do que tradicionalmente era feito nas unidades de saúde. “O vínculo, o contato, a responsabilidade que a equipe tem, o compromisso, a forma diferente de abordar as pessoas é o que faz a diferença. Nosso grande esforço é salvar vidas. Num momento como esse, cada vida conta. A Saúde coloca o Consultório na Rua, os agentes comunitários de saúde, o SAMU e agora vamos colocar junto com a Assistência Social o cuidado da saúde também nas tendas, nos centros de acolhida, como um esforço para salvar vidas num inverno como esse”, disse Padilha.

Horário ampliado

Segundo o interlocutor técnico do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (BomPar) para a região Centro e Oeste, Artur Castilhano, desde a semana passada o BomPar iniciou o horário ampliado. “Uma equipe mínima está trabalhando até mais tarde, ajudando o serviço da Assistência Social na abordagem, conscientizando as pessoas sobre o risco da hipotermia, identificando os possíveis riscos de hipotermia e, quando for o caso, acionando o SAMU. Para os que aceitam abrigo, é acionado o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), ou o Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) ou, dependendo do horário, o 156 para fazer o abrigamento. Esse é o trabalho que está sendo realizado no horário ampliado”, explicou Castilhano.

População em situação de rua na cidade

O enfermeiro do Consultório na Rua da Barra Funda, Rodrigo Barreto Lourenço, disse que a equipe atende, principalmente, os pacientes que ficam nas ruas, mas que também atende em alguns centros de convivência e em centros de acolhida. ”A gente vem, atende, faz coleta de sangue, faz curativo, faz a própria consulta mesmo, prescreve medicação, o agente comunitário vai até a unidade, busca o medicamento e traz. Dessa forma, a gente cria um vínculo, fazendo com que o paciente comece a entrar no fluxo, que vá até a unidade para começar a ser reinserido novamente”, afirmou.

De acordo com dados do Censo da População em Situação de Rua da Cidade de São Paulo, 2015, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), há 15.905 cidadãos em situação de rua. Destes, 7.335 vivem nas ruas, distribuídos em 2.802 pontos, com maior concentração nas subprefeituras da Sé e da Mooca. As outras 8.570 pessoas são acolhidas na rede de serviços socioassistenciais. No período de 2000 a 2009, a taxa de crescimento anual da população em situação de rua era de 5,14%, número que foi reduzido pela metade no período de 2009 a 2015, passando para 2,56%.

‘Vivo há 18 anos nas ruas. Sai de casa e nunca mais voltei’

 

A paciente Marcela Cristina da Silva, de 34 anos, foi uma das atendidas pela equipe do Consultório na Rua na noite desta quarta-feira e foi levada para o centro de acolhida Portal do Futuro. Marcela viveu em Guarulhos (região metropolitana) até os 16 anos, idade na qual teve um desentendimento com sua mãe e saiu de casa. “Vivo há 18 anos nas ruas. Sai de casa e nunca mais voltei. Fico sempre sozinha”, disse.

Já o casal Eriuma Alves da Costa, de 40 anos e Julio Santos, de 34 anos não aceitou a proposta de ir para um abrigo. Eles se conheceram nas ruas da cidade e estão juntos há pouco mais de um mês. “Já estive no centro de acolhida, mas, não quero voltar. O atendimento da equipe é muito bom, mas, há outras pessoas em situação de rua que ficam lá que não respeitam, que querem tumultuar, então prefiro ficar aqui”, disse Eriuma que veio de Santos e está em São Paulo há três meses.

Superação de metas

A prefeitura de São Paulo superou a meta referente à implantação de Consultórios na Rua, prevista no Programa de Metas 2013-2016. De acordo com dados do Planeja Sampa, deveriam ser implantadas, ao longo desta gestão, 12 novas unidades com tratamentos odontológicos e relacionados ao abuso de álcool e outras drogas. Essa meta foi superada em 16,6%, já que foram entregues 14 consultórios, além dos quatro que estavam em funcionamento, totalizando 18.

Atendimento de saúde

Quatro motolâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) passarão a atender exclusivamente pessoas em situação de rua. Por conta da Operação Baixas Temperaturas, o SAMU já atende com prioridade os casos de pessoas em situação de rua e desburocratizou o processo de registro de ocorrências por meio do telefone 192.

As medidas serão tomadas, apesar de dados do Instituto Médico Legal (IML), até o momento, apontarem que nenhuma das 113 mortes registradas nas ruas de São Paulo, nos últimos quatro meses foi provocada por hipotermia.

A Operação Baixas Temperaturas é uma ação da prefeitura voltada à população em situação de rua, realizada no período de maio a outubro, nos dias em que a temperatura fica abaixo de 13º.

Programa Consultório na Rua

 

O Programa Consultório na Rua, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) visa articular e integrar as diversas rede de apoio e pode ser encontrado em toda a cidade. Tem como objetivo abordar, acolher e inserir no Sistema Único de Saúde (SUS) pessoas em situação de rua e alta vulnerabilidade, visando promoção, prevenção, tratamento e recuperação do indivíduo na sua integralidade.

As equipes, formadas por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, assistente social, psicólogo e agente social, atuam frente aos diferentes problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua, inclusive na busca ativa e cuidado aos usuários de álcool, crack e outras drogas, fazendo parte da Rede de Atenção Psicossocial.

 

 

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