Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 24 de Junho de 2016 | Horário: 17:39
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Município estimula a realização do parto humanizado na Rede Municipal de Saúde

Todas as maternidades sob gestão municipal seguem as diretrizes da Rede Cegonha para a realização do parto humanizado; município conta ainda com duas Casas de Parto

Por Mariana Bertolo


Assegurar o direito à atenção humanizada da saúde da mulher e do bebê, reduzir a mortalidade infantil e materna, reduzir os altos índices de cesarianas e incentivar a satisfação da experiência do parto, estas são as principais diretrizes da Rede Cegonha, instituída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e introduzido na Rede Municipal de Saúde do município de São Paulo em 2014.

O programa garante o cuidado da saúde da mulher no planejamento familiar, na humanização da gravidez, parto e puerpério, bem como o direito à saúde integral da criança, ampliando o acesso, fortalecendo o trabalho em rede e mudando algumas práticas de cuidado.

O parto humanizado exclui procedimentos desnecessários e invasivos à mulher como realizar cesarianas desnecessárias; episiotomia (corte na vagina); tricotomia (raspagem de pelos pubianos); jejum; lavagem intestinal. “A humanização do parto deve estimular os procedimentos naturais, como o estimulo à movimentação da gestante durante o trabalho de parto, a melhor posição, o contato da pele da mãe com o bebê, a presença de um acompanhante”, explica o coordenador da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal da Saúde, Dr. Adalberto Aguemi.

Todas as maternidades sob gestão municipal seguem as diretrizes da Rede Cegonha para a realização do parto humanizado. Desde 2013, as maternidades municipais e conveniadas com a Secretaria passaram a realizar mais partos que as unidades sob gestão estadual, que possui número superior de estabelecimentos. Nestes três anos, o município realizou 163.155 mil partos ante 153.058 mil do Estado.

Em 2015, foram realizados 198.413 partos em estabelecimentos de saúde do município de São Paulo. Os hospitais municipais realizaram 55.400 partos, sendo 37.748 vaginais (68,1%) e 17.650 cesarianas (31,9%), os hospitais de gestão estadual realizaram 51.819 partos, sendo 32.755 vaginais (63,2%) e 19.061 cesarianas (36,8%) e os hospitais particulares realizaram 90.297 partos, sendo 15.788 vaginais (17,5%) e 74.495 cesarianas (82,5%). Partos domiciliares representam 916.

“A humanização do parto consiste na utilização de princípios que seguem a fisiologia natural do nascimento. Estes princípios são baseados na medicina por evidências na assistência ao parto, como na realização de partos normais, sem a adoção de intervenções cirúrgicas desnecessárias”, explica Aguemi.

No inicio de 2016, a Prefeitura criou a carreira de Obstetriz na Rede Municipal reforçando a importância desta categoria profissional na assistência ao parto. Esta profissional, que é formada em Obstetrícia, atua nos Centros de Parto Normal dos Hospitais Municipais. Na gestão municipal 72 % dos partos normais realizados em 2015 foram realizados pelas enfermeiras obstetras e obstetrizes, atuação esta fundamental para diminuir as taxas de cesárea e a redução de intervenções desnecessárias ao nascimento.

Queda da taxa de episiotomia

Em 2015, o índice de episiotomia (corte feito entre a vagina e o ânus da gestante, supostamente usado para facilitar a saída da criança durante o parto normal) caiu 49% na média entre janeiro e setembro, em comparação com a média de 2012. Essa taxa passou de 54,73% do total de partos, registrada em 2012, para 27,91%, em 2015. A violência obstétrica em mães na primeira gestação (primíparas) foi reduzida praticamente pela metade, no período de três anos, na média verificada em oito hospitais municipais que participam do programa Parto Seguro.

O coordenador da Saúde da Mulher do município explica ainda que esta queda é muito relevante no âmbito da violência obstétrica, pois os procedimentos no primeiro parto podem ajudar a definir como serão os demais no decorrer da vida da gestante. “Durante anos a episiotomia era tratada como um ato comum na comunidade médica. Hoje, ela só é realizada em casos específicos”.

Os hospitais que registraram os melhores índices foram o Waldomiro de Paula, com diminuição de 76,11%, Mário Degni 57,52% e Arthur Ribeiro de Saboya 56,67%.

Houve também queda nas episiotomias gerais, juntando mães de todo tipo de gestação. Em um ano, a redução da taxa foi de 17,16%. A média de episiotomias de 2014 foi de 17,65%, caindo para 14,62% na média entre janeiro e setembro de 2015. As unidades que obtiveram os melhores resultados foram o Mário Degni (-33,01%), Waldomiro de Paula (-25,59%) e Arthur Ribeiro de Saboya (-24,59%).

Outra medida adotada foi a modificação dos prontuários, com os médicos passando a preencher e justificar a necessidade da episiotomia e outras intervenções, como o uso de ocitocina (medicamento utilizado para acelerar o parto) e de amniotomia (rompimento artificial da bolsa).

Casas de Parto

A cidade conta com a Casa de Parto Sapopemba, na zona Leste, e Casa Ângela, na zona Sul. Os serviços oferecem atendimento a mulheres com gestação de baixo risco, atendidas pela rede básica de saúde e que desejam o parto natural, sem intervenção cirúrgica.

A gestação deve ser de baixo risco, ou seja, gestação única, apresentação cefálica, exames de pré-natal com resultados normais, não ter tido parto cesárea anterior, ausência de doenças prévias ou gestacionais como diabetes, hipertensão, entre outros.

Todo o atendimento obstétrico e pré-natal é feito integralmente por enfermeiras Obstetras e Obstetrizes com longa experiência na área, apoiadas por Auxiliares de Enfermagem. O atendimento nas casas de parto são 100% SUS e atendem gestantes que são acompanhadas no pré-natal da Rede Pública ou Privada.

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