Secretaria Municipal da Saúde
ONU prevê mundo com mais idosos
Por Brenda Marques
Um mundo com mais idosos. Esse é o cenário projetado pela ONU para um futuro próximo. Uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e estima-se um crescimento de idosos na ordem de um para cada cinco por volta de 2050. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011 já existiam 23,5 milhões de idosos – no ano de 1991 eles eram 10,7 milhões. Isso significa que, em duas décadas, essa população mais que duplicou. Tais mudanças podem trazer consequências negativas e positivas, a depender das condições socioeconômicas. Seja como for, a existência de um sistema de saúde bom e democrático é determinante para um envelhecimento digno.
Conforme o Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), um brasileiro nascido em 2015 pode esperar viver 20 anos a mais do que aquele nascido há 50 anos. O relatório também define o envelhecimento como um processo que envolve mudanças biológicas, psicológicas e sociológicas. Elas podem causar efeitos benéficos - como um bem-estar emocional maior - ou prejudiciais - como a maior vulnerabilidade em relação às doenças.
As pessoas envelhecem de modo distinto. Cada idoso possui capacidades físicas, mentais - e, consequentemente, necessidades diversificadas. Tal disparidade ocorre devido a fatores pessoais e coletivos, ou seja: não se trata apenas de uma questão genética. O contexto social em que o cidadão está inserido interfere diretamente em suas características físicas e psíquicas, pois pode facilitar ou dificultar o acesso a direitos essenciais como saúde, educação, saneamento e transporte.
Diante de tantas peculiaridades, um fato é comum para todos: envelhecimento saudável não significa apenas a ausência de doenças, mas a manutenção da capacidade do indivíduo de realizar tarefas que ele valoriza. Assim, a garantia de uma vida longa na terceira idade exige um sistema de saúde que priorize a assistência integral, a autonomia e a reinserção comunitária das pessoas em idade avançada.
Inserção social
Maricele dos Santos Gonçalves, coordenadora do Programa Acompanhante de Idosos (PAI) da UBS Pari (zona Sudeste), aponta como certas experiências podem interferir positiva ou negativamente na longevidade da população idosa. Segundo ela, participar da vida comunitária confere sentido à vida. “Com o tempo, o idoso se sente excluído, a participação é um estímulo para viver. O isolamento dá muita tristeza, depressão e contribui para o aparecimento de doenças crônicas”, afirma.
Dentre os fatores que aumentam a longevidade na terceira idade estão incluídos: o convívio e diálogo com os outros, a prática de atividades físicas e cognitivas, a adesão a uma dieta saudável e às novas tecnologias. Essas atitudes exigem mudanças de hábitos. Por isso, muitas das pessoas idosas não as incorporam em suas vidas. “A maioria dos idosos são conservadores, têm dificuldades para mudar, seja ao utilizar uma nova tecnologia como o celular ou cozinhar os alimentos de outra forma”, diz Maricele.
Porém, o conservadorismo não é o único impedimento para a concretização de uma vida mais saudável. O cardápio ideal deve conter alimentos ricos em fibras, como verduras e legumes. Mas, para consumi-los, é necessário ter um poder aquisitivo maior. “A maioria dos idosos do PAI têm renda de um salário mínimo, o que dificulta o acesso a uma dieta mais saudável”, afirma a coordenadora do programa, cujo objetivo é dar assistência a idosos frágeis com mais de 60 anos.
Situação financeira
O estudo da OMS sobre envelhecimento também demonstra que, quanto mais alta a faixa de renda de um indivíduo, maior é a sua capacidade física no início da vida. Essa disparidade tende a se manter com o passar dos anos. Logo, pessoas mais velhas que possuem menores recursos econômicos também podem ser aquelas que possuem maiores necessidades de saúde e, se não tratadas, correm o risco de morrer mais cedo.
Entre os fatores que diminuem o tempo de vida, além do isolamento, estão o abandono e a ocorrência de quedas. De acordo com Maricele, ambos podem ser fatais por desencadear a depressão. No caso do abandono, o quadro depressivo é gerado pelo sentimento de desvalorização. Sofrer quedas, por sua vez, além de acarretar depressão em caso da total perda da capacidade de locomoção, pode ocasionar lesões e doenças fatais como a embolia pulmonar.
Nostalgia
As lembranças do passado podem ser tanto heroínas quanto vilãs quando o assunto é longevidade. Tudo depende da presença ou ausência de satisfação ao longo da vida de cada um. Daniel Almeida, de 76 anos, mora sozinho na Vila dos Idosos. Mesmo precisando de ajuda para realizar atividades essências à sua sobrevivência – como ir ao banheiro -, ele encontra alegria em suas coleções de memórias dos tempos em que participava de movimentos sociais e acompanhava políticos.
O Programa Acompanhante de Idosos da UBS Pari realiza inúmeros eventos para promover a saúde, o bem-estar e a inclusão daqueles que dele usufruem. Muitos desses acontecimentos são verdadeiras máquinas do tempo. Propiciam ainda encontros entre habitantes do bairro que, apesar de morarem tão próximos, foram distanciados ao longo dos anos. “O Pari tem moradores antigos, que trabalhavam nas fábricas e comércios. Alguns deles se reencontram nos eventos do PAI e compartilham recordações que os alegram”, diz a coordenadora.
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