Secretaria Municipal da Saúde

Exibindo 1 para 1 de 2
Segunda-feira, 15 de Agosto de 2016 | Horário: 15:28
Compartilhe:

Centro de Apoio à Mulher, Criança e Adolescente, vítimas de violência doméstica ganha novo prédio

Local oferece atendimento psicoterapêutico e encaminhamentos às vítimas

A Prefeitura entregará à população, na próxima sexta-feira (19), na zona Leste, o novo prédio do Centro de Apoio à Mulher, Criança e Adolescente, vítimas de violência doméstica e situações de risco. A unidade atende de segunda-feira a sexta-feira das 7h às 19h. Estima-se que, entre 2001 e 2011, houve mais de 50 mil homicídios motivados por misoginia (ódio a mulheres). O Brasil é o 7º país que mais mata mulheres no mundo.

O serviço - uma parceria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e da Organização Social de Saúde (OSS) Casa de Isabel - garante a oferta de atendimento psicoterapêutico e encaminhamentos necessários às vítimas, para que a garantia dos direitos violados seja das mulheres, crianças e adolescentes. Também realiza grupos para homens agressores. Semanalmente, cinco homens passam por atendimento psicorepêutico individual e 49 em grupo, por determinação judicial.

Há 14 anos a Casa de Isabel presta atendimento psicoterapêutico às vítimas de violência doméstica residentes no território da Coordenadoria Regional de Saúde Leste. O Centro de Apoio é dedicado ao atendimento exclusivo da saúde. Conta com uma equipe de 15 profissionais (entre psicólogos, duas assistentes sociais, uma auxiliar de serviços gerais e três auxiliares administrativos) sob coordenação clínica da médica toxicologista Maria Veridiana Maurelli.

Cor da ternura

Há seis salas para atendimento individual de mulheres, crianças e adolescentes, espaço lúdico, banheiros masculino e feminino. Uma sala para reuniões acomoda até 50 pessoas e duas áreas externas, com capacidade para mais de cem pessoas, são destinadas a eventos. Há ainda elevador e rampa de acessibilidade. Paredes, portas e espaços internos foram decorados em tons de rosa, branco e lilás, para acolher e transmitir a ternura, beleza, força e suavidade associadas ao universo feminino.

Mensalmente, são realizados mais de 4,7 mil atendimentos individuais e em grupos. Semanalmente, 1.190 pessoas são acompanhadas pelo Centro de Apoio. Em sua maioria são oriundas da zona Leste e até de outras cidades. “É como se nossos braços fossem sendo estendidos para orientar e ajudar pessoas que estão tendo seus direitos violados”, afirma Sônia Maurelli, presidente-fundadora da entidade.

Espaço acolhedor

O Centro de Apoio estimular a superação, o resgate da autoestima, a descoberta de direitos e a tomada de consciência sobre o papel de cada um na sociedade. A fachada rosa, com borboletas, foi toda produzida com grafite de dois jovens em sistema de liberdade assistida.

Na área externa, perto da entrada, há um espaço de convivência com bancos e uma cobertura em formato de pirâmide. A estrutura receberá um projeto de jardim suspenso, amparado por uma coluna de borboletas (conceito de transformação).

Além de oferecer suporte psicoterapêutico, o serviço também oferece orientações jurídicas para futuras ações legais. A SMS mantém o equipamento a um custeio mensal de R$ 39.545,00.

Dentre os serviços oferecidos estão orientação por telefone para mulheres que precisem de apoio e agendamento de atendimento, prestação de serviço-referência para o acompanhamento da questão da violência de gênero e para a realização dos encaminhamentos necessários a cada problema. É feita ainda orientação, capacitação e formação de grupos de mulheres para o enfrentamento da violência sexual e doméstica. No local é realizado o encaminhamento para hospitais da rede municipal para atendimento de violência sexual e doméstica.

Mapa da violência doméstica

A cada 90 minutos uma mulher é assassinada por um homem no Brasil, apenas pelo fato de ser mulher. Esse crime é classificado de feminicídio, tradução de femicide (femicídio), mais usado na América Latina. O termo passou a ser reconhecido principalmente em março de 2015, com a sanção da lei que o tornou uma qualificadora do homicídio. Porém, ainda é pouco discutido fora de círculos especializados, como os do Direito e da militância feminista, onde surgiu originalmente.

O machismo está arraigado em nossa cultura. Além do contexto histórico do Brasil, Stela Meneghel, pós-doutora em medicina de Porto Alegre, com especialização em saúde pública e gênero e professora da UFRS, relaciona essa violência - que visa a controlar as mulheres - com processos de colonização. “Não é por acaso que a violência contra a mulher existe. Não é por causa de distúrbios mentais dos homens ou de uma vontade incontrolável de sexo, por psicopatologias, ou porque esses conflitos seriam comuns a relacionamentos”, diz Stela.

Segundo ela, a violência é uma maneira de “adestrar” as mulheres para que elas se mantenham numa posição de inferioridade. Assim, o ápice de um contínuo ou de uma escalada crescente de violência é a morte. “Os feminicídios decorrem disso. Não acontecem por acaso. Não são uma questão de relação interpessoal, mas uma questão política, uma questão social mais ampla”, completa.

 

Serviço

Entrega do novo espaço Casa de Isabel - Centro de Apoio à Mulher, Criança e Adolescente, vítimas de violência doméstica e situações de risco

Data: 19 de agosto.

Local: Rua Valente de Novais, 189 - Itaim Paulista

 

 

collections
Galeria de imagens