Secretaria Municipal da Saúde

Quarta-feira, 19 de Abril de 2017 | Horário: 12:57
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Grupo de Tabagismo da UBS Paulo VI ajuda fumantes a deixar o vício e a buscar qualidade de vida

O grupo, que se reúne todas as sextas-feiras, às 8 horas, promove não só o cessamento do tabaco, mas também a prevenção de danos à saúde e a melhora na qualidade de vida dos pacientes

Por Karina Mendes

Edição Cármen Ludovice

“Não vou dizer que é fácil, porque não é, mas eu levei a sério e coloquei na cabeça que não desistiria”. Assim começa o relato de Neusa Jacomini, a administradora de 63 anos que resolveu parar de fumar e, para isso, procurou a ajuda do ‘Grupo de Tabagismo’ da Unidade Básica de Saúde Paulo VI (UBS Paulo VI).

O grupo de apoio para tabagistas surgiu com a finalidade de ajudar os usuários que têm vontade de parar com o cigarro e precisam de incentivo. Hoje, ampliou sua atuação, agindo também na prevenção de danos futuros à saúde e na melhora da qualidade de vida dos fumantes.
A cada semana são realizadas diferentes atividades que vão desde exercícios físicos até o apoio psicológico ao paciente. Esse trabalho é interdisciplinar e envolve psicóloga, enfermeira, farmacêutica, médica, fonoaudióloga, nutricionista e fisioterapeuta.

“Atualmente, temos técnicas motivacionais e comportamentais, e trabalhamos com metas no grupo. O paciente vem na unidade para deixar de fumar. Então, nós o acolhemos, analisamos o seu grau de dependência da nicotina e, com base nesses dados, criamos um plano individual, dentro da rotina dele, dentro do que ele vive. Tentamos descobrir o máximo de informações sobre ele, com a ajuda da psicóloga e de outros profissionais da unidade”, afirma Marisa Batista, enfermeira e organizadora do grupo.

Medicamento sozinho não faz milagre

Em alguns casos é necessário o uso de medicamentos prescritos pelo médico, que vão de remédios, goma de mascar a adesivos de nicotina. No entanto, Marisa insiste em dizer que o mais importante é a participação frequente do paciente no grupo. “Às vezes, as pessoas chegam pensando que vão conseguir a medicação logo no primeiro dia, o que não ocorre. Primeiro acolhemos o fumante e explicamos que não adianta só tomar remédio e não participar dos encontros”, alerta a enfermeira.

 

Depois de 37 anos como fumante, dona Neusa não precisou de medicação para interromper o vício: ela relata ter parado com o tabaco por conta própria, graças à sua força de vontade. Entre os motivos que a motivaram a tomar tal atitude foi o custo do cigarro, o fato de não se sentir bem quando fumava perto de não fumantes, além de não gostar do cheiro que ficava impregnado em suas roupas e cabelo. “Chega um momento em que você percebe que é hora de parar. Para mim começou a pesar no orçamento. Outro problema era eu não gostar de fumar perto das pessoas, o que acabava me afastando delas para poder fumar. Também não me agradava o cheiro que ficava nas roupas, no cabelo. Quando eu fumava, evitava abraçar as pessoas, porque sabia que elas iriam sentir o cheiro”, adverte.

Mesmo após cinco meses livre do vício, Neusa ainda acompanha os encontros na unidade. “Adoro tanto o grupo que já parei de fumar há cinco meses e continuo vindo aqui. Eu acho gostoso, as pessoas são legais, alegres. Por meio do grupo, descobri várias outras coisas. Hoje, faço ginástica e caminhada com o pessoal da comunidade”, diz Neusa.

Orgulhosa de si e do seu feito, a administradora revela a felicidade que sente atualmente, em não precisar mais do cigarro como muleta em sua vida. “Estou realizada, me sentindo melhor com relação às outras pessoas, porque antes eu me sentia contraída. De certa forma, tudo melhora, não tem mais cheiro e outras coisas mais. Eu já conversei com algumas pessoas, e mostrei para elas como parar de fumar me fez bem, que é uma economia, e que eu, por exemplo, já fiz até algumas viagens depois disso. Mas a melhor coisa que ouvi depois de largar o cigarro foi o meu filho dizer que a minha pele estava mais bonita”, diz a paciente aos risos.

Marisa, a enfermeira e organizadora do grupo relata a felicidade que sente, como profissional, quando consegue ajudar um paciente. “Para mim esse grupo é muito importante, porque percebo que ajudo os participantes de certa forma. Mesmo os que não param totalmente com o tabaco, conseguem diminuir o consumo. Nem todos os dias a gente vem trabalhar animada, mas quando chego aqui e vejo que eles estão nos esperando, isso me dá forças para continuar a ajudá-los”, diz.

Por fim, a enfermeira deixa um recado àqueles que ainda não conseguiram se livrar da dependência do cigarro. “As pessoas precisam se cuidar mais e entender que o nosso corpo precisa de um tempo e que o ser humano não pode ficar sufocado no trabalho ou mergulhado em outros problemas e deixar de se cuidar. Precisamos olhar mais para nós mesmos e querer melhorar. O grupo está aqui para acolher, socializar, fazer a diferença na vida das pessoas, ajudando-as a gostarem mais de si mesmas. E, caso tenham recaídas, elas podem a qualquer momento voltar e pedir a nossa ajuda”, encerra a enfermeira Marisa.

Por que vale a pena parar?

Comemorado anualmente em 31 de maio, o Dia Mundial sem Tabaco foi criado em 1987 pela OMS – Organização Mundial da Saúde com o objetivo primeiro de “contribuir para proteger as gerações atuais e futuras não apenas dos efeitos devastadores do consumo de tabaco, como também dos flagelos sociais, ambientais e econômicos decorrentes de seu uso e da exposição à fumaça do tabaco”.

Segundo dados da OMS, cerca de seis milhões de pessoas morrem por ano por doenças relacionadas com o consumo de tabaco. O tabagismo custa à economia global mais de US$ 1 trilhão por ano, em gastos com saúde e perda de produtividade. Até 2030 matará um terço a mais de pessoas do que atualmente, sendo também a maior causa evitável de morte em nível mundial. Ainda segundo a instituição, o tabaco ceifa mais vidas que o HIV/AIDS, tuberculose, malária e acidentes de trânsito juntos.

A Lei Antifumo paulista, que proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, narguilés e demais produtos relacionados ao fumo em locais de uso coletivo, públicos ou privados, vai completar oito anos em agosto deste ano.

Serviço

Grupo de Tabagismo - UBS Paulo VI
Endereço: Rua Vaticano, 69 - Jardim João XXIII
Horário: Todas as sextas-feiras, às 8 horas
Em tempo – Além da UBS Paulo VI, outras unidades da Coordenadoria Regional de Saúde Oeste (CRS Oeste) oferecem o Grupo de Tabagismo, são elas: UBS Jardim Boa Vista, UBS Real Parque, UBS São Jorge, UBS Vila Dalva, UBS Vila Sonia, UBS Nova Jaguaré, UBS Vila Piauí, UBS Jardim Edite, UBS Jardim Vera Cruz, UBS Parque da Lapa, UBS Vila Ipojuca, UBS Vila Romana.

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