Secretaria Municipal da Saúde
Tabagismo: a luta contra um vício que se tornou uma epidemia mundial
Por Cármen Ludovice
Arte Equipe de criação ASCOM
A “epidemia de tabagismo” continua sendo uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou, matando anualmente cerca de 7 milhões de pessoas na nave mãe Terra. Caso não sejam tomadas medidas enérgicas para controlar o avanço do consumo – ativo e passivo – desse produto que causa tanto sofrimento e mortes, este número poderá crescer incontrolavelmente até 2030, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, principalmente em países mais pobres ou em desenvolvimento onde fumantes ativos e passivos são responsáveis por quase 7% das enfermidades que afligem a humanidade e, consequentemente, pela sobrecarga dos sistemas de saúde.
Para alertar e conscientizar a respeito das doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo, desde 1987 a OMS define um tema para suas campanhas anuais. Este ano o mote escolhido foi ‘Tabaco – Uma Ameaça ao Desenvolvimento’: “O tabaco é uma ameaça para todos. Agrava a pobreza, reduz a produtividade econômica, afeta negativamente a escolha dos alimentos consumidos nas residências e polui o ar em ambientes fechados”, alerta Margarete Chan, diretora da OMS, em relatório divulgado na véspera do Dia Mundial Sem Tabaco. E custa hoje às residências e aos governos mais de 1,4 trilhões de dólares em gastos com saúde e perda de produtividade, segundo a organização.
Não por acaso a inclusão do controle do tabagismo no planeta ocupa lugar de destaque na Agenda 2030 da ONU, cujas metas nela contidas são um chamado para ajudar a transformar o mundo num lugar melhor para todos, nos próximos treze anos. O item relativo ao fumo prevê reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis – aquelas que podem e devem ser prevenidas antes de se manifestarem.
Para se ter uma ideia do que isso significa, o tabaco responde por 30% de todos os casos de câncer no planeta, e a carga econômica por ano das doenças a ele relacionadas excede os gastos anuais com saúde em países de baixa e média renda. E mais, nos próximos vinte anos, as DCNT – Doenças Crônicas Não-Transmissíveis deverão custar mais de 30 trilhões de dólares, levando milhões de pessoas para abaixo da linha da pobreza.
Deter essa ‘marcha da insensatez’ que leva milhões de pessoas a adotar um vício contrário aos seus próprios interesses, que causa cerca de 50 tipos de doenças diferentes, principalmente as cardiovasculares e as enfermidades respiratórias obstrutivas crônicas, não é tarefa fácil: nem no Brasil e nem em outra parte qualquer do mundo.
Ainda assim, e enfrentando os imensos desafios relativos ao assunto, em 18 de março de 2015, o país recebeu um prêmio internacional pelo monitoramento e controle do tabaco, da Bloomberg Philanthropies (que apoia causas em que o bem comum seja o objetivo a ser alcançado) durante a 16ª Conferência Mundial sobre Tabaco ou Saúde, realizada em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.
Em favor do Brasil e dos brasileiros, o país continua em sua batalha para a cessação do tabaco, conforme mostram os números abaixo.
A geografia do vício no Brasil em pesquisas, números e dados
Segundo dados do Portal Brasil do Ministério da Saúde, “o número de fumantes no país diminuiu nos últimos 25 anos, colocando o Brasil entre os campeões de queda do volume de pessoas que consomem tabaco; no período entre 1990 e 2015, a porcentagem de fumantes caiu de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre mulheres. Ainda assim, o país continua ocupando o 8º lugar no ranking absoluto de fumantes (7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens)”.
Uma pesquisa realizada em 2015 com pessoas acima de 18 anos residentes nas capitais brasileiras e no distrito federal pelo VIGITEL (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) revelou que 10,4% dos brasileiros ainda mantinham o hábito de fumar. Em 2013 este índice era de 11,3%. Os números representam uma queda de 30,7% no percentual de fumantes nos últimos nove anos. Em 2006, 15,6% dos brasileiros declaravam consumir o produto. A meta do Ministério da Saúde é chegar a 9% até 2022.
Um estudo inédito do INCA – Instituto Nacional do Câncer revela que entre os brasileiros que consomem cigarros industrializados cresceu a proporção daqueles que consomem o produto de origem ilícita. Em 2008, 2,4% dos fumantes obtinham cigarros provenientes do mercado ilegal – em 2013 o percentual passou para 3,7%.
De acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha, em 2013, no município de São Paulo, 21% da população fumava, contra 24% em 2008. Embora o número de fumantes tenha diminuído ao longo dos anos em Sampa, em 2016, de acordo com dados do Ministério da Saúde, São Paulo era a capital com o segundo maior percentual de fumantes, com 14,1%.
(Veja, na matéria abaixo, de Marcella Jeane Duarte, como são feitos na SMS a capacitação do profissional de saúde, a abordagem, o acolhimento e o tratamento para quem deseja largar o cigarro).
EMS e SMS-SP oferecem capacitação para profissionais que atuam no acolhimento a pessoa tabagista
No Dia Mundial sem Tabaco, a capacitação profissional para acolhimento e tratamento da pessoa tabagista
Por Marcella Jeane Duarte
No município de São Paulo, o tabagista que deseja parar de fumar conta com 257 unidades de saúde aptas para realizar o acolhimento e o tratamento para a cessação do tabagismo. O atendimento segue o protocolo do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), que tem como uma de suas diretrizes a formação profissional e a educação permanente dos profissionais de saúde para prevenção do tabagismo, identificação e tratamento do tabagista e qualificação do cuidado.
A farmacêutica Débora Crescente, Coordenadora Municipal do Programa de Controle do Tabagismo, recebeu a equipe de comunicação da Escola Municipal de Saúde (EMS) para falar sobre a abordagem dos profissionais da rede à pessoa tabagista e sobre a “Capacitação para a Cessação do Tabagismo e Implantação do Programa na Rede de Atenção à Saúde do SUS”.
Oferecida pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), por meio da Coordenação da Atenção Primária à Saúde e EMS, a capacitação teve início em 2016
Com a maior demanda de profissionais para serem capacitados, em 2015 foi criado um grupo reunindo representantes da EMS, da coordenação da Atenção Primária, dos interlocutores das Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) e das EMS Regionalizadas, com a missão de pensar em uma capacitação que atendesse as demandas de vagas para os profissionais da rede e que enfatizasse a questão prática do acolhimento e tratamento, uma necessidade vinda dos próprios profissionais.
Também houve uma preocupação para que os alunos pudessem organizar os horários de aula: o curso é desenvolvido utilizando a plataforma MOODLE, disponibilizando material didático no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Dessa forma, além do ensino a distância, a capacitação oferece encontros presenciais.
O papel da EMS
Fátima Lico, psicóloga da Divisão de Educação da EMS, é quem coordena a capacitação, e destaca a importância da participação da Escola desde o início da concepção desta capacitação, pensando desde a metodologia e também oferecendo treinamento aos tutores regionais que acompanham as turmas, motivando e incentivando os alunos.
Ao final da capacitação, os profissionais estão aptos para a implantação do PNCT (veja tabela abaixo) nas regiões que ainda não possuem o programa e para monitorar as que já possuem.
Os alunos têm acesso ao material pedagógico (apostila, apresentação em Power Point, etc.) e as videoaulas, que geralmente são gravadas no estúdio do Canal Profissional.
A grande vantagem da educação a distância é conseguir abranger um maior número de pessoas sem a necessidade de grande deslocamento.
A primeira turma da “Capacitação para a Cessação do Tabagismo e Implantação do Programa na Rede de Atenção à Saúde do SUS”, realizada entre fevereiro e junho de 2016 capacitou 171 profissionais, a segunda, realizada entre setembro e dezembro do mesmo ano, terminou com 99 profissionais formados. Atualmente, a capacitação está em sua terceira turma com 215 inscritos.
Sobre o tratamento
O tratamento oferecido à pessoa tabagista realizado nos serviços de saúde inclui desde a avaliação clínica, passando por uma abordagem mínima ou intensiva e, caso necessário, terapia medicamentosa. A base do tratamento é a abordagem cognitivo-comportamental, que consiste em sessões em grupo ou individuais, coordenados por profissionais de saúde de nível superior.
Este modelo de intervenção é centrado na mudança de comportamentos, levando os indivíduos a lidarem com uma determinada situação. Os temas abordados durante as sessões levam os participantes ao entendimento do por que se fuma e como isso afeta a saúde, os primeiros dias sem fumar, como vencer os obstáculos que dificultam a pessoa a continuar não fumando, benefícios obtidos após parar de fumar e prevenção de recaídas.
EVOLUÇÃO DO PNCT – PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO TABAGISMO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
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