Secretaria Municipal da Saúde

Quinta-feira, 1 de Junho de 2017 | Horário: 15:12
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Pré-eclâmpsia um mal que pode afetar e pôr em risco a vida de gestantes e bebês

A médica Loreta Maria Cecato esclarece as principais dúvidas sobre a doença que pode ser fatal para a mãe e o bebê

Por Marie Serafim

Para celebrar o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, ambos comemorado em 28 de maio, fomos conversar com a Dra. Loreta Maria Cecato, ginecologista há 25 anos, e interlocutora da área de Saúde da Mulher da Supervisão Técnica do Campo Limpo, na Zona Sul, para esclarecermos algumas dúvidas sobre a pré-eclâmpsia, também conhecida como doença hipertensiva – um transtorno específico da gravidez.

A doença é um transtorno da gravidez caracterizado pelo aumento da pressão arterial, em mulheres cujas pressões eram normais antes de engravidarem, podendo acarretar complicações graves, tanto para as gestantes quanto para seus bebês.

Por ano, mais de 150 mil casos são registrados no Brasil. No mundo, causa anualmente um alto índice de morte materna (76 mil) e de bebês (500 mil).

Os números mostram que por si só a pré-eclâmpsia representa um problema sério, mas pode ser controlada se descoberta a tempo. Descubra com a médica Loreta como é detectada e tratada a doença que coloca as vidas de mães e bebês em risco.

Coordenadoria Regional de Saúde Sul: O que é pré-eclâmpsia?
Dra. Loreta: A pré-eclâmpsia é uma alteração específica da gestação, que acontece quando a pressão aumenta apenas na gestação, independente da paciente não ter nunca sofrido desse mal antes de engravidar.

CRSSul: Como é detectada a pré-eclâmpsia?
Dra. Loreta: Por meio de um exame de urina que detecta proteína na urina, inchaço, ganho de peso e elevação na pressão. Existem quatro classificações para hipertensão: a. hipertensão arterial crônica é quando a paciente já tem hipertensão arterial antes da gestação; b. hipertensão gestacional: quando os níveis pressóricos elevam-se a partir da 20a semana de gestação em mulheres que nunca tiveram hipertensão; c. pré-eclâmpsia (PE): caracteriza-se pela elevação dos níveis pressóricos a partir da 20a semana de gestação associada à proteinúria (aparecimento de proteína na urina); e d. pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica: quando aparece proteinúria em mulheres que já tinham hipertensão antes da gestação.

CRSSul: Quando ela aparece na gestação?
Dra. Loreta: A pré-eclâmpsia aparece a partir de 20 semanas. Então, depois de 24 semanas, se a pressão aumentar e aparecerem os outros sinais (inchaço, proteína na urina e ganho de peso), é preciso buscar ajuda médica o mais rápido possível e começar o tratamento.

CRSSul: Como é feito o diagnóstico?
Dra. Loreta: Por meio de aferição de pressão arterial nas consultas de pré-natal, realização de pesquisa de proteína na urina (fita reagente) em consulta de pré-natal, aparecimento de edema e ganho de peso acima do adequado para o período. É detectado edema generalizado, proteinúria (300mg em urina de 24 horas), ganho de peso, PA (Pressão Arterial) sistólica > ou = 140 mmhg ou diastólica >OU= 90 mmhg.

CRSSul: Como sinalizar a pré-eclâmpsia?
Dra. Loreta: Não há como saber se uma paciente vai ou não ter pré-eclâmpsia. Porém, um pré-natal bem feito, já aponta, desde o início, para fatores associados que podem levar a gestante a desenvolver a pré-eclâmpsia, como, por exemplo: se a pessoa está grávida de gêmeos; se é o seu primeiro filho; se tem mais de 40 anos; se tem diabetes gestacional; se está obesa, etc.

CRSSul: Quais os sintomas?
Dra. Loreta: Os principais sinais da pré-eclâmpsia são: inchaço, edema e aumento de peso; e, por conta da elevação da pressão, a gestante pode ter dor de cabeça.

CRSSul: O que é eclâmpsia?
Dra. Loreta: A eclâmpsia é o grau mais grave do espectro da hipertensão na gravidez, ou seja, uma condição rara, que provoca convulsões durante o período de gestação.

CRSSul: Quais os sinais da eclâmpsia?
Dra. Loreta: São dores de cabeça, principalmente na nuca, náuseas ou vômitos, dor no abdômen e alteração da visão. A paciente começa a ter uma turvação visual, ou não consegue enxergar direito ou enxerga pontinhos brilhando, indicando que ela vai convulsionar e ter eclâmpsia. Diante disso, é preciso levá-la urgente ao hospital para interná-la e submetê-la a uma medicação específica para esse tipo de caso.

CRSSul: E qual é o tratamento?
Dra. Loreta: No caso da eclâmpsia realização do parto; e, na pré-eclâmpsia, o uso de anti-hipertensivos, dieta hipossódica. O cálcio ajuda na prevenção da eclâmpsia.

CRSSul: Há como evitar a pré-eclâmpsia?
Dra. Loreta: Sim, há. Dede que a gestante tenha uma dieta equilibrada e adequada, com pouco sódio e rica em cálcio; controlar a pressão alta ou o diabetes; emagrecer se tiver obesa; evitar ganhar muito peso durante a gestação; e fazer exercícios físicos. Esses são fatores que ajudam a prevenir a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia.

CRSSul: Quais mulheres têm mais chance de desenvolver a pré-eclâmpsia? Há algum grupo de risco?
Dra. Loreta: As que têm mais chances são as mulheres que têm mães que tiveram pré-eclâmpsia; com gestação gemelar; que estão na primeira gestação; obesas e/ou com hipertensão arterial crônica; que ficam grávidas acima dos 35 anos; e que tenham pressão alta antes da gravidez.

CRSSul: Há algum exame preditivo?
Dra. Loreta: Aparecimento de incisuras ou aumento da resistência das artérias uterinas no exame de doppler.

CRSSul: Dra. Loreta, a senhora tem alguma dica para dar às mulheres para evitar essa doença?
Dra. Loreta: Primeiro: é muito importante não engravidar sem planejar a gravidez, fazer os exames, ver se está tudo bem, pois muita paciente engravida sem saber que está com a pressão alta, sem saber que tem diabetes... Se estiver acima peso, deve emagrecer para engravidar dentro do peso adequado – que depende do biótipo da pessoa –, mas o índice ideal de massa corpórea é entre 18 e 25, no máximo até 30, pois acima disso é considerado obesidade; e praticar exercícios físicos. Se fizer tudo como se deve, irá engravidar com tudo controlado e com mais segurança.

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