Secretaria Municipal da Saúde
CAPS Rua da Capela do Socorro já inseriu mais de 600 pacientes no serviço
Por Taynara Carmo
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que 5% da população mundial entre 15 e 64 anos já fizeram uso de alguma substância ilícita. Esse número é preocupante, pois a prática de uso de drogas pode acarretar diversos problemas físicos, mentais e sociais.
Para evitar esses danos, o Ministério da Saúde tem investido em políticas públicas de enfrentamento e combate às drogas. Já a ONU estipulou o dia 26 de junho como o Dia Mundial de Combate às Drogas para fortalecer o combate ao uso de drogas ilícitas e informar a população sobre os malefícios dessa prática.
Em São Paulo, quem faz uso abusivo de álcool ou outras drogas encontra orientação e tratamento nas Unidades Básicas de Saúde e, principalmente, nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD). Essas unidades, que ficam abertas tanto aos usuários quanto às suas famílias, oferecem atendimentos com acompanhamento clínico, reinserção social através de atividades terapêuticas, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
CAPS Rua
Outra modalidade existente no atendimento ao usuário de drogas é o CAPS Rua. Desde 2008, a região da Capela do Socorro atua no atendimento aos usuários que vivem em situação de rua. O trabalho desenvolve vínculos entre o profissional e o usuário possibilitando acolher e oferecer um tratamento mais humanizado ao paciente, calcado no vínculo e nos direitos/desejos do indivíduo.
Até hoje houve 674 inserções de pacientes em situação de alta vulnerabilidade no serviço, sendo que atualmente cerca de vinte usuários frequentam o CAPS da região.
A Coordenadora Técnica do CAPS Álcool e Drogas e CAPS Rua da Capela do Socorro, Tatiana Helena da Silva, concedeu uma entrevista para explicar o trabalho desempenhado pelo centro.
Portal: Como funciona o serviço?
Tatiana Helena da Silva: O Projeto CAPS Rua respaldado pelo distrito de Saúde Capela do Socorro funciona com saídas diárias de duplas nas cenas de uso, entrega de insumos, auxílio na retirada de documentos, encaminhamentos para pronto atendimento, centro de acolhida, UBS e outros serviços. Além disso, propicia vínculo com o serviço de saúde, inserção adaptada segundo as diretrizes do SUS, parceria com o CEU Cidade Dutra, SEAS e Retaguarda das Unidades de Acolhimento Adulto (UAAs).
Portal: Há quanto tempo existe esse projeto?
Tatiana Helena da Silva: Desde 2008, após constatação de dois colaboradores, Telma e Cícero, que perceberam uma crescente demanda de pessoas em situação de rua nos arredores do CAPS utilizando álcool e outras drogas. O programa teve todo o apoio/respaldo da Interlocução de Saúde Mental local, na figura da Elenice Castelli, da Supervisão Técnica de Saúde de Capela do Socorro.
Portal: Quem faz as abordagens (quais profissionais desempenham essa função) e outras ações?
Tatiana Helena da Silva: Técnicos em enfermagem e enfermeiro, residente em psiquiatria e psiquiatra, educador físico, psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, técnico educacional e técnico em farmácia.
Portal: As abordagens são feitas em um território fixo da Capela, ou em mais de um ponto do território?
Tatiana Helena da Silva: A equipe do CAPS Rua atua em mais de quinze pontos, como o Passa Rápido, a Mata, a Avenida Atlântica, um terreno baldio, a Estação Primavera, Sucupira, dentre outros locais na região da Capela do Socorro.
Portal: Quando o profissional consegue convencer o usuário a se tratar, que medidas são tomadas? Para onde, geralmente, ele é levado?
Tatiana Helena da Silva: Acolhimento (alimentação e banho), Grupo de Reflexão do Programa de Alta Vulnerabilidade, Elaboração de Plano Terapêutico Singular, inserção em grupos abertos e estruturados, consulta médica, averiguação da documentação, contato familiar, encaminhamento para UAA ou Casa de Acolhida.
Portal: Qual a importância de se promover ações como essas?
Tatiana Helena da Silva: Considero de extrema importância a ida de profissionais até as cenas de uso, visto que a grande maioria dessas pessoas não consegue chegar até o CAPS e não recebe as orientações de cuidado, dentre outros. Além disso, ocorre um cuidado mais integral que considera e respeita as escolhas, valoriza outros aspectos que não só o uso de álcool e outras drogas, com o objetivo final de preservação da vida. Além disso, pode ser um caminho para a abstinência e possibilita a promoção de direitos individuais.
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