Prefeitura de São Paulo

Por Marie Serafim

Edição: Cármen Ludovice/ Laura Yoko

A data 8 de agosto é dedicada ao Dia Nacional de Controle do Colesterol, apontado como um dos principais causadores das 18 milhões de mortes anualmente por doenças cardiovasculares no mundo, segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde.

No Brasil são registrados mais de 2 milhões de casos de colesterol alto por ano e o tratamento inclui mudanças no estilo de vida e uso de medicamento disponibilizado no SUS – Sistema Único de Saúde.

Tida como uma doença silenciosa, pois não apresenta sintomas, geralmente se manifesta na fase da meia idade – acima dos 40 anos. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo Ministério da Saúde, em 2014, 25,9% das pessoas com e acima de 60 anos apresentavam altas taxas de colesterol no sangue.

Entre as pessoas mais propensas a ter colesterol alto estão as acima do peso, as sedentárias, as que ingerem alimentos gordurosos ou com poucas fibras, as que fumam, etc.. "É muito importante considerar o fator genético, porque muitas famílias têm colesterol alto, independente de ingerirem ou não alimentos ricos em colesterol”, diz o médico Walid El Andere, que atua na Assistência Médica de Especialidades (AMA) Jardim São Luís.

Ainda de acordo com a mesma pesquisa (PNS), o colesterol alto também afeta os jovens adultos, a partir dos 18 anos, e cerca de 18 milhões de brasileiros nessa faixa etária já convivem com a doença. “Jovens com hábitos pouco saudáveis também possuem níveis elevados de colesterol”, confirma Andere.

Convivendo com a doença

Terezinha Bonifácio da Silva, de 72 anos, convive com o colesterol alto há muitos anos. Ao ser diagnosticada com a doença, ela teve de passar a tomar remédio e modificar alguns hábitos alimentares, deixando de comer, segundo ela, “comidas gostosas”, para seguir a dieta receitada por seu médico. “O médico disse para eu comer peito de frango grelhado, feijão verde e mais verdura; só não como coisas com gordura e sal”, garante ela.

Terezinha Bonifácio.

Além do cuidado com a alimentação – até "frita ovo com água" – Terezinha pratica alternadamente ao longo da semana atividades voltadas à terceira idade (como exercícios físicos, dança e yoga) organizadas pela ONG Mão Branca, uma parceira da Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Regina.

Segundo Andere, o exercício físico ajuda a diminuir o colesterol ruim (LDL) e aumentar o bom (HDL): “O bom colesterol, não deixa o colesterol ruim grudar na parede dos vasos sanguíneos, evitando a formação de placas, que, ao longo do tempo, podem causar infarto do miocárdio”.

Alimentação adequada

Apesar de não ser o único fator responsável pelo desenvolvimento de um quadro de colesterol alto, a má alimentação, é um deles.

Para Wellington Borges Custódio, cardiologista da Rede Hora Certa Cidade Ademar, há vários mitos em torno do controle do colesterol por meio da dieta. “Na verdade, temos de nos adequar a uma alimentação que não aumente o colesterol. Por exemplo, as frituras são alimentos ricos em ácidos graxos saturados e aumentam o risco de doenças no coração; por isso, devem ser evitadas”, ensina.

Vale lembrar que nem todo tipo de colesterol é ruim. O HDL, considerado bom para o organismo, atua na limpeza do “mau colesterol” (LDL), impedindo o acúmulo de gordura nas artérias. Alguns alimentos ajudam nesse processo, como os que contêm gorduras monoinsaturadas (abacate, amendoim, nozes e azeite de oliva, por exemplo) ou poliinsaturadas (atum, salmão, óleos de girassol e canola).

“Nosso organismo precisa de gordura. O colesterol em si é uma substância endógena, fabricada pelo próprio corpo, e tem muitas funções importantes, tanto no nível de membrana celular quanto dentro da célula, além de ser precursor de alguns hormônios. Entre as duas gorduras, a ideal para consumo é a poliinsaturada, porque contém ômega 3, um nutriente não produzido pelo corpo, que é essencial ao bom funcionamento do coração e do sistema circulatório", explica Custódio.

Dicas para evitar o colesterol alto

De acordo com Custódio, há vários mitos propagados acerca da doença na internet. “Por isso”, adverte ele, “o mais indicado é procurar a Unidade Básica de Saúde mais perto de casa para sanar dúvidas sobre o que fazer para controlar e evitar altos índices de colesterol”.

Custódio dá algumas dicas gerais de prevenção e controle do colesterol alto, lembrando que cada caso é um caso, já que existem fatores de risco que podem estar associados à doença, como pessoas com histórico familiar (doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, etc.), genética e o próprio histórico do paciente.

Pessoas com colesterol alto + fator de risco

• Dieta;

• Exercícios físicos;

• Caso fume, largar o vício;

• O médico poderá prescrever medicação para controlar o colesterol.

Pessoas com colesterol alto sem fator de risco

• Dieta por tempo determinado;

• Exercícios físicos;

• Caso fume, largar o vício.

Pessoas sem colesterol alto

. Alimentação saudável;

• Exercícios físicos;

• Caso fume, largar o vício;

• Fazer exames anualmente para checar os níveis de colesterol, diabetes, entre outros.

Ele adverte: “se a pessoa já teve um evento cardiovascular, deve reduzir o LDL (colesterol ruim) a níveis abaixo de 50 miligramas por decilitro, e isso muitas vezes só é possível com o uso de estatinas e de drogas mais modernas”, ensina Andere, que recebe o apoio do médico Custódio. "Tudo depende de cada paciente, ou seja, a meta a ser atingida nos níveis de colesterol LDL de quem já teve enfarto é diferente daquela a ser alcançada por quem nunca enfartou. O médico vai ser muito mais rígido com a pessoa que já teve infarto do que com quem não teve", encerra ele.