Prefeitura de São Paulo

Por Taynara Carmo

Há 15 anos, o Centro de Convivência e Cooperativa (CECCO) Santo Amaro desenvolve diversas atividades que promovem a saúde integral por meio da convivência. Na unidade, os pacientes da rede de saúde mental, os seus familiares e o público em geral recebem atenção em um espaço especialmente criado para fortalecer as trocas afetivas e de saberes.

Os CECCOs surgiram por conta da Luta Antimanicomial, uma ideia que ganhou força após a Reforma Psiquiátrica – “contrária aos manicômios e ao silenciamento da loucura” –, que tornou o tratamento de indivíduos com algum tipo de sofrimento mental mais humanizado. “Pessoas com transtornos mentais quando estão em crise são direcionadas aos Centros de Apoio Psicossocial – CAPS. Já os centros de convivência foram criados para também acolhê-los em fases de recuperação. Aqui, é um lugar inclusivo, onde todo mundo pode participar das atividades, desde os familiares dos pacientes psiquiátricos até os membros da comunidade em geral”, explica Maria Inês Lomonaco, psicóloga do CECCO Santo Amaro.

Além de ser uma unidade de atendimento à saúde mental, o CECCO também é um espaço de integração e convívio, que busca promover a inclusão e a reinserção social, com atividades físicas, artes e artesanato. Conta com uma equipe multiprofissional que inclui psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro, assistente social, além de voluntários que ajudam em suas oficinas.

Oficinas do CECCO Santo Amaro

Tai Chi, Lian Gong, dança circular, capoeira, culinária, customização de roupas, percussão, futebol, etc. são algumas das atividades que acontecem durante o ano todo no CECCO Santo Amaro, em suas oficinas corporais, de artesanato e de convivência.

A Oficina de Futebol conta com a participação de usuários da Residência Inclusiva do Largo Treze e do CECCO, do CAPS Largo Treze e do público em geral.
Silvio Márcio Leite, que há dez anos participa das oficinas de dança e de futebol do centro, jogava no time campeão da Copa da Inclusão do SESC Interlagos, em 2015, da qual o time de futebol da instituição ainda participa anualmente. “Quando entrei no CECCO, estava com depressão e hoje me sinto forte, porque a mente também tem de estar saudável. O tratamento feito aqui faz muito bem pra gente”, assegura.

Público-alvo dos Centros de Convivência

O CECCO é um lugar aberto para todas as pessoas, independente da idade, da situação familiar, social, ou de incapacidades sensoriais e/ou mentais.
Recebe encaminhamento de pacientes dos serviços de saúde, cultura e assistência social, como também acolhe os casos de procura espontânea. “O CECCO é um ponto de saúde que trabalha a convivência entre diferentes pessoas, com foco na prevenção e na promoção da saúde, e no respeito à diversidade, às características, aos interesses e às capacidades de cada um. Enxergamos as potencialidades das pessoas e desenvolvemos as relações afetivas”, ressalta a psicóloga Eliana Davini, que coordena a oficina de futebol.

Economia Solidária / Parcerias

Promover a autonomia dos usuários por meio de oficinas de geração de renda também é um dos objetivos do CECCO. No Projeto “Delícias da Vida”, que faz parte da Oficina de Culinária, os usuários são responsáveis pela confecção de comida para bufês de eventos da rede de saúde.

A participação nas feiras de Economia Solidária busca garantir uma maior autonomia para os pacientes, facilitando, assim, o resgate da autoestima e a inclusão no meio social. Atua de forma cooperativa desempenhando atividades de promoção do protagonismo de cada usuário do serviço.

O CECCO além-muros

Com ênfase na saúde, e não na doença, promove frequentemente passeios para que seus usuários possam adquirir conhecimentos além dos muros da entidade. Atualmente, os participantes da oficina de Arte em Madeira estão realizando um curso de Xilogravura no Museu de Arte Contemporânea, o MAC, de São Paulo.
Em parceria com a Universidade Federal de São Paulo – Unifesp realiza a Oficina de Horta Terapêutica, na horta do CECCO Santo Amaro, com aulas de plantio e cultivo ministradas por profissionais da universidade.

Grupo de Readaptados da CRSSUL participa das oficinas do CECCO Santo Amaro

Os integrantes do Grupo de Readaptados da Coordenadoria Regional de Saúde Sul (CRS Sul) que é formado por funcionários da saúde readaptados que tiveram ou têm suas funções reduzidas no trabalho e precisam atuar de uma nova maneira estão participando das atividades do CECCO Santo Amaro. A parceria já acontece há um ano, com o objetivo de melhorar a saúde dos readaptados de forma integral, por meio de atividades terapêuticas, que envolvem o desenvolvimento do equilíbrio, do autocontrole e do autoconhecimento, a prevenção de doenças, o combate ao sedentarismo, entre outros.

O grupo participa da Oficina de Tai Chi Pai Lin, ministrada pela psicóloga Maria Inês Lomonaco, que acontece toda segunda-feira. “O Tai Chi faz com que a gente preste mais atenção em nós mesmos, e deixe o mundo lá fora um pouco de lado”, diz Adriano Povresol, Agente de Endemias.

Durante um ano, o grupo de readaptados participou da Oficina de Mandala, ministrada pela Estagiária de Psicologia Bruna Marques. “A oficina de Mandala teve a função de complementar a de Tai Chi Pai Lin, em um momento de relaxamento, de tranquilidade. Os alunos trazem coisas que surgem no cotidiano, as questões das suas personalidades, os aspectos, e vamos observando isso nas pinturas”, explica.

Eduardo Alexandrino afirma que desenvolveu seu perfeccionismo na Oficina de Mandala. “Cheguei a ficar quatro semanas trabalhando em uma só mandala, porque sou muito detalhista. Assim, consegui tirar essa ansiedade que eu tinha”. Já o também Agente de Endemias, Simão Pedro Alves, não sabia o que era uma mandala e acabou aprendendo com os integrantes do grupo. “Observando como elas faziam, acabei entendendo, e as últimas que fiz foram sempre puxadas para um verdinho, para a natureza, coisas assim”.

A Oficina de Mandala foi substituída pela de Horta Terapêutica, que acontece semanalmente na horta do CECCO Santo Amaro.