Secretaria Municipal da Saúde
Fumar aumenta as chances de um caso grave de Covid-19
Fumantes têm o organismo mais vulnerável à ação do coronavírus (Foto: Pixabay)
Estudos revelam que, de forma geral, o tabagismo diminuiu cerca de 50% entre os adultos no Brasil nos últimos anos. Essa tendência de queda mais intensa e contínua do consumo de cigarro se inicia no final da década de 90. Contudo, o tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão no mundo e, no Brasil, a segunda causa mais frequente.
Hoje, com a pandemia de Covid-19, existem hipóteses de que com as restrições de funcionamento e até o fechamento de bares, baladas e outros lugares onde geralmente se fuma, o consumo de cigarro e suas variantes (charutos, cigarrilhas, narguilé) tenha diminuído.
Por outro lado, também se estuda a possibilidade de que as pessoas, por estarem mais ansiosas, possam estar fumando mais e aumentando a dependência química. O tabagismo é uma doença que precisa de tratamento e de ajuda. A dependência da nicotina é mais viciante e impactante ao organismo do que a cocaína e o crack.
O pneumologista Roberto Stirbulov, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), explica que para um dependente de nicotina não é fácil reduzir o consumo da substância, mas alerta que a pessoa fumante tem o organismo mais vulnerável à ação do coronavírus.
“Toda e qualquer pessoa que para de fumar, depois de 24 horas já consegue benefícios progressivos em curva exponencial, ou seja, quanto mais tempo sem exposição à nicotina e outras inúmeras substâncias nocivas, decorrentes da queima do tabaco, cada vez menores serão os problemas. E sempre é tempo de parar de fumar”, afirma.
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O tabagismo promove alterações nos receptores ECA 2 (enzima conversora da angiotensina-2, proteína na qual o novo coronavírus se liga ao entrar no organismo) e permite maior invasão às células. O médico ressalta que quem fuma tem as defesas naturais das células reduzidas para qualquer germe.
Defesas enfraquecidas
O fumo também diminui o batimento mucociliar, um mecanismo de defesa das vias áreas. Os cílios ajudam a eliminar impurezas, e, com menos batimentos, mais impurezas se acumulam e ganham acesso ao organismo.
Fumar também aumenta o risco de doenças cardíacas e de tromboses pulmonares e cerebrais. Um fumante com Covid-19 amplia as chances de sintomas graves da doença e tem ainda potencializado os riscos de infarto agudo do miocárdio e fibroses pulmonares, que podem levar à morte.
De acordo com o pneumologista, os medicamentos que comprovadamente atuam no combate à Covid-19 são os corticoides e anticoagulantes, mas todo tabagista tem resistência a qualquer tipo de corticoide, devido às alterações nos receptores. Ou seja, quem fuma não só é mais vulnerável à doença como também é resistente ao tratamento.
A decisão de deixar o cigarro está na mão de cada um e muitas vezes o fumante precisa de ajuda para abandonar o vício. O SUS oferece tratamento gratuito na rede de Atenção Básica para quem quer parar de fumar. Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de você pela ferramenta Busca Saúde.
Tabagismo em números
Dados publicados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que o consumo oficial aparente de cigarros per capita reduziu em 65% entre 1980 e 2010.
Em 2016, o Brasil registrou menor consumo aparente de cigarros per capita, 368 unidades por fumante maior de 18 anos. Contudo, houve um ligeiro acréscimo nos anos de 2017 e 2018, respectivamente de 382 e 385 cigarros. No ano 2000, esse consumo era de 885 unidades. Em termos percentuais, em 2000 tínhamos uma prevalência de consumo de 15,7%. Em 2018 esse percentual baixou para 9,3%.
O estudo revela ainda que hábito de fumar entre os homens vem diminuindo em todas as faixas etárias, de 18 a 24 anos de idade (12% em 2006 e 6,7%, em 2018), 35 e 44 anos (18,5% em 2006 e 9,1% em 2018); e entre 45 a 54 anos (22,6% em 2006 e 11,1% em 2018). Entre as mulheres, a redução do tabagismo alcançou 44%.