Secretaria Municipal da Saúde
Capital tem quinto ano consecutivo de queda no número de mães adolescentes
Nathalia foi mãe aos 15 anos e hoje tem uma filha de 7: 'não romantizo a maternidade porque é sempre difícil' (Reprodução)
“A minha reação quando eu descobri que estava grávida foi um choque, porque ninguém idealiza ser mãe aos 15 anos. A reação da minha mãe também porque ela sabia como é difícil ser mãe, ainda mais ser mãe na idade que eu tinha. Eu passava muito mal, com cinco meses mais ou menos eu não conseguia mais ir ao colégio, finalizei o ano entregando trabalhos.
Eu não romantizo a maternidade porque é sempre difícil, ainda mais quando você é tão jovem quanto eu fui. Eu tive que virar uma mulher com 15 anos. Estou casada há mais de 7 anos, mas eu sei que dentro de 100% das meninas são quase 10% que conseguem constituir uma família. Muitas das vezes além de ser uma mãe jovem, a mãe é solteira.
Um conselho que eu dou é sempre procure um médico assim que iniciar a vida sexual, tente se informar mais. Sempre use um método anticoncepcional, independentemente de qual seja. E para as mães jovens que tiveram bebê ou que estão gestantes: não se apeguem só no lado ruim, tudo pode acontecer, não se apeguem só nisso.”
Nathalia, 23 anos, mãe de Emmanuela, de 7
A adolescência é uma fase de descobertas, mas também de conflitos, incertezas e até problemas. E fevereiro é mês de reforçar o alerta para que meninas não precisem enfrentar uma gestação precoce ou indesejada e serem mães e mulheres maduras antes do tempo.
Dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS) revelam que dentre o universo de bebês nascidos na capital a cada ano, cerca de 10% são filhos de mães muito jovens.
Por outro lado, e com uma linha de cuidado, na capital paulista, desde 2016, a proporção de bebês nascidos de mães adolescentes vem em linha decrescente.
Em 2020, do total de 147.084 bebês, 13.533 nasceram de mães com idade entre 15 e 19 anos e outros 415 bebês cujas mães são meninas com menos de 15.
Entre 2016 e 2020, a cidade de São Paulo apresentou avanços na promoção dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de adolescentes. A proporção de bebês nascidos de mães adolescentes caiu na cidade em geral, incluindo os distritos em que essa incidência era mais elevada em 2016.
A redução das taxas ocorreu tanto entre as adolescentes com idade de 10 a 14 anos quanto entre as com idade de 15 a 19 anos. O percentual de mães adolescentes de 10 a 14 anos caiu 32% entre 2016 e 2019. No segundo grupo, a queda foi de 19%.
Em 2016, 12,18% do total de bebês tinham mães adolescentes em São Paulo. A taxa caiu para 9,77% em 2019. Em 2020, a taxa continuou em declínio, chegando a 9,2%. Além dos números, a cidade de São Paulo avança na promoção dos direitos das adolescentes.
Devido à pandemia e o fechamento das escolas, não ocorreram em 2020 ações do programa Saúde na Escola. Mas com a volta às aulas, essas ações de prevenção da gravidez serão retomadas tão logo seja possível.
Direitos protocolados
As ações e políticas públicas voltadas à conscientização e cuidados relacionados à gravidez na adolescência não foi interrompido pela pandemia de Covid-19.
Em dezembro de 2020, foi publicado o protocolo integrado “Diretrizes Intersetoriais para garantia de direitos sexuais e direitos reprodutivos, prevenção e atenção integral à gravidez de adolescentes no município de São Paulo”.
O documento foi desenvolvido por diferentes secretarias municipais, dentre elas a Secretaria Municipal da Saúde, e parceiros da sociedade civil, como o Unicef, e é um plano de impacto coletivo para promoção dos direitos de adolescentes na capital paulista.
De acordo com o documento, compreender a gravidez na adolescência exige um olhar ampliado, visto que essa condição acontece em função de uma multiplicidade de determinantes individuais, socioculturais e institucionais.
Adolescentes devem ser incentivados a procurar serviços disponíveis no território para receber orientação em saúde sexual e saúde reprodutiva, direitos sexuais e direitos reprodutivos, incluindo educação em sexualidade, prevenção de gravidez não planejada (com orientação e acesso a todos os métodos contraceptivos e dupla proteção) e prevenção às ISTs e ao HIV/aids, com informações acessíveis e confiáveis.
A Comissão Intersecretarial da Primeira Infância na capital apontou dois territórios pilotos, Brasilândia e Jardim Ângela, e está decidindo um terceiro território na zona leste para implantar o protocolo provavelmente no segundo semestre.
Clique aqui para ler a íntegra do protocolo integrado.
E o depoimento completo da Nathalia pode ser visto no episódio Gravidez na Adolescência, do programa Dona de Mim, no canal da SMS no YouTube. Acesse: https://www.youtube.com/c/saudeprefsp/
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