Secretaria Municipal da Saúde
Cuidados com a saúde da mulher lésbica e bissexual ainda esbarram no preconceito
Ser lésbica ou bissexual não é uma doença e não é um problema de saúde. Contudo, as mulheres lésbicas e bissexuais, além de sofrerem com o machismo da sociedade, também enfrentam preconceito da população e, algumas vezes, até de profissionais de saúde por não serem heterossexuais. Isso gera muitos adoecimentos, principalmente relacionados à saúde mental.
Bissexuais são pessoas que podem se envolver romanticamente ou sexualmente com indivíduos do mesmo gênero ou de qualquer outro. Por essa fluidez, sofrem com estigmas e acusações de que são pessoas promíscuas, confusas e até não confiáveis. O efeito desses estereótipos negativos é devastador para a saúde física e mental, gerando quadros de depressão e transtorno de ansiedade.
A médica de família e comunidade Ana Paula Amorim, que é membro integral do Comitê de Saúde Integral LGBTQIA+ da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), aponta que esse tipo de exclusão social amplia a possibilidade de a pessoa desenvolver algum problema de saúde descompensado, e as chances nesse público é bem maior do que no restante da população.
“É muito comum mulheres lésbicas e bissexuais terem depressão, ansiedade, sintomas relacionados à saúde mental que geram dor no corpo. Essas mulheres têm mais chance de terem obesidade, diabetes e hipertensão descompensadas”, elenca Ana Paula.
Ela ressalta inclusive que os problemas relacionados à saúde mental podem fazer com que essas pessoas tentem se automedicar usando substâncias lícitas ou ilícitas como álcool, cigarro e outras drogas. “A gente sabe que mulheres lésbicas tendem a consumir três vezes mais cigarro do que a população em geral”, revela.
Saúde sexual
A médica também aponta que muito frequentemente as pessoas imaginam que o sexo entre duas mulheres cisgênero, por não envolver um pênis, não é sexo. Contudo, seja ele oral, com carícias ou até sem contato entre genitálias, é sexo.
“Por causa disso, muitas pessoas acham que mulheres lésbicas ou bissexuais não precisam fazer papanicolau, que é o rastreamento do câncer do colo de útero. Esse rastreamento é indicado para todas as mulheres e todas as pessoas que têm vulva e colo do útero que já tiveram algum tipo de penetração na vagina alguma vez na vida. Tenha sido essa penetração com pênis, com dedo, com objeto, ou com qualquer brinquedo sexual”, detalha a médica.
A recomendação para o exame de citologia oncológica é que ele seja feito dos 25 aos 65 anos de idade, a cada três anos, se não tiver nenhum outro fator de risco. O HPV, por exemplo, é um vírus que pode ser transmitido pelo sexo e também detectado no papanicolau.
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Pouco se fala das doenças sexualmente transmissíveis e que podem ser passadas de uma mulher cisgênero para outra. Embora sejam menos frequentes do que em relações sexuais que envolvam o pênis, existem outras infecções, provocadas por vírus e bactérias que também podem ser transmitidas pelo sexo entre vaginas.
E na prevenção destas doenças, a camisinha vaginal ou feminina é um método de barreira disponível nas UBSs, as Unidades Básicas de Saúde, e podem ser retiradas gratuitamente.
Independentemente de orientação ou práticas sexuais, qualquer pessoa - e principalmente a mulher - precisa conhecer o seu corpo e entender quando ele está diferente ou doente.
Atendimento
Todas as pessoas têm direito de serem atendidas nos serviços públicos de saúde e esse atendimento precisa ser respeitoso e com diálogo.
Sempre que se percebe algo errado com o nosso corpo ou um sintoma, a orientação é a busca pelo serviço de saúde. A porta de entrada para o atendimento no SUS é a UBS, unidade responsável pelo atendimento na região onde a pessoa mora ou trabalha que oferece consultas e exames, atendimento odontológico, bem como encaminhamento para outros serviços e equipamentos da Rede de Atenção Básica.
Para cuidar da saúde mental, os Centros de Apoio Psicossocial (Caps) oferecem acolhida e tratamento terapêutico, inclusive para as dependências químicas em álcool e drogas. Para encontrar esses equipamentos, basta acessar a ferramenta Busca Saúde.
A SMS conta ainda com o Comitê Técnico de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexo, que promove políticas públicas de saúde para a comunidade LGBTQIA+ na capital paulista.
E vale lembrar que qualquer mulher que se sentir violentada, seja de maneira física, psicológica, moral, ou passar algum tipo de constrangimento, tem direito de denunciar. Um dos canais é a ouvidoria do próprio SUS, que atende pela Central 156.
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