Secretaria Municipal da Saúde

Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 12 / 2º trimestre 1993

A importância da Aids como causa de morte no município de São Paulo

A cidade de São Paulo concentra a maioria dos casos notificados de AIDS dentre todas as cidades do Brasil, sendo responsável por cerca de 35% e 55% dos casos do país e do estado de São Paulo, respectivamente.

A epidemia iniciada em 1980 vem se refletindo cada vez mais sobre a mortalidade no município. Em 1991, 3,5% do total de óbitos foram devidos a AIDS. Em 1992, este porcentual foi de 3,8% e no primeiro semestre de 1993, a AIDS foi responsável por 4,1% de todos os óbitos.

O PRO-AIM vem solicitando esclarecimentos, de forma sistemática, de todos os óbitos onde haja suspeita da AIDS ser a causa básica da morte. Os critérios definidos para identificar estes casos são a presença de infecções oportunistas ou neoplasias freqüentemente associadas a síndrome na faixa etária de 20 a 49 anos. Este procedimento tem permitido uma redução do sub-registro da doença.

Aproximadamente 15% do total dos casos de AIDS conhecidos pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica foram identificados através do trabalho desenvolvido pelo programa.

Em 1991, o Município de São Paulo apresentou coeficientes de mortalidade por AIDS de 21,4/100.000 habitantes e em 1992, 23,1/100.000.

Analisando os coeficientes de mortalidade por AIDS, de forma desagregada pelas diversas Administrações Regionais de Saúde (ARS), observamos que a ARS-1 (região central) e a ARS-7 (freguesia do Ó/Santana/Tucuruvi) apresentaram os maiores valores. Os coeficientes da ARS-1 foram de 62,3/100.000 habitantes em 1991 e 61,6 em 1992.

A ARS-7 apresentou para os anos de 91 e 92 os coeficientes de 27,6 e 29,9/100.000 habitantes, respectivamente. Chama atenção a situação de Pirituba/Perus que em 1991 apresentava coeficiente de 18,6 óbitos/100.000 habitantes e em 1992 passou a apresentar 27/100.000. Estes dados podem sugerir a presença de bolsões de moradores em situação de risco de infecção pelo HIV, além de alertarem as autoridades de saúde para a necessidade de capacitar a rede de serviços dessas regiões para o diagnóstico e acompanhamento dos casos de AIDS.

Em relação ao sexo, podemos acompanhar no município a tendência apresentada pela epidemia de queda na razão masculino/feminino, com crescimento do número de mulheres que estão morrendo por AIDS. Em 1991, a razão homem/mulher era 6:1, enquanto no primeiro semestre de 1993 foi de 4:1. Nos primeiros anos da epidemia no Brasil, esses valores chegaram a ser dez vezes maiores. O impacto causado na transmissão sexual da AIDS, em conseqüência do crescimento da doença entre heterossexuais usuários de drogas endovenosas, é uma das razoes encontradas para explicar o crescimento de casos em mulheres. Em conseqüência deste aumento, também crescem os casos em crianças por transmissão vertical.

Cerca de 90% do total de óbitos por AIDS ocorreu entre as idades de 15-49 anos, atingindo, principalmente, a faixa etária produtiva.

Quanto à ocupação, a categoria que aparece com maior freqüência no período estudado é a que reúne trabalhadores da produção industrial e condutores de veículos. Em segundo lugar, no ano de 1991, aparecem os trabalhadores em serviços administrativos. Em 1992 e primeiro semestre de 1993, o segundo lugar é ocupado pela categoria que reúne intelectuais e técnicos de nível superior.

Apesar de limitadas, as informações disponíveis na declaração de óbito representam uma importante contribuição para a análise da situação da AIDS. No município de São Paulo, as análises realizadas através das informações de mortalidade identificam o mesmo perfil da epidemia encontrado no estudo dos casos de AIDS realizado pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica.

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