Secretaria Municipal da Saúde

Quarta-feira, 2 de Abril de 2025 | Horário: 14:00
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Saúde municipal possui estrutura para diagnóstico e tratamento de pacientes com TEA

Linha de Cuidado da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo inclui equipamentos como UBSs, Caps e CERs, que em 2024 realizaram mais de 180 mil procedimentos voltados a este público
A imagem mostra a fachada do Centro Especializado em Reabilitação (CER II) Girassol, uma unidade de saúde voltada para a reabilitação física e motora. A construção é de cor clara, com detalhes em azul, e possui uma rampa de acessibilidade com corrimão e piso tátil, destacando a preocupação com a mobilidade.  A placa azul na parte superior da fachada traz o nome da unidade e os logos da Prefeitura e da Secretaria de Saúde, indicando que se trata de um serviço público.  O entorno é arborizado, com grandes árvores que proporcionam sombra e um ambiente agradável.  A entrada principal tem uma porta de vidro, e algumas pessoas são vistas tanto na rampa quanto na área interna.  A estrutura transmite acessibilidade e acolhimento, reforçando o compromisso com a inclusão e a reabilitação de pessoas com deficiência.

Para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do transtorno do espectro do autismo (TEA), a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) destaca, durante o Abril Azul, campanha voltada à conscientização sobre o transtorno do espectro do autismo (TEA), toda a estrutura disponível na rede para oferecer tratamentos para os pacientes de todas as idades.

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e alterações no comportamento, que podem ser repetitivos e estereotipados, com um repertório restrito de interesses e atividades.

Há três anos, a saúde municipal avançou nos cuidados com o TEA, investindo em estrutura e também em capacitação profissional para respaldar a diretriz da lei municipal 17.502/2020, que busca a garantia, proteção e ampliação dos direitos das pessoas com TEA e seus familiares em toda a capital. 

Em 2022, a SMS lançou Linha de Cuidado da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo. Elaborada pelas áreas técnicas de Saúde Mental e Saúde da Pessoa com Deficiência, com a contribuição de outras áreas da Coordenadoria de Atenção Básica (CAB), a linha de cuidados preconiza que a avaliação diagnóstica seja realizada em conjunto e articulada entre as equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), dos Centros de Apoio Psicossocial (Caps) e Centros Especializados em Reabilitação (CERs). Trata-se de uma avaliação multidisciplinar, mas tendo como ponto de partida as UBSs, que também desempenham o papel de ponto focal para promoção do cuidado.

A linha de cuidados inclui ainda grupos de orientação parental para acolher os desafios de quem convive com situações semelhantes. Os equipamentos orientam os pais e/ou familiares ou cuidadores quanto às questões relacionadas ao desenvolvimento, comportamento e suas necessidades.

Atualmente, a capital conta com 479 Unidades Básica de Saúde, 103 Caps, 35 CERs e 23 Centros de Convivência e Cooperativa (Ceccos). O número de procedimentos em pessoas com TEA, que em 2019 foi 26.521, passou para 87.218 em 2022, 139.892 em 2023 e 187.842 em 2024, de acordo com o sistema Siga-BI/SMS.

Diagnóstico Precoce
A equipe multidisciplinar da Coordenadoria da Atenção Básica (CAB) ressalta que o diagnóstico precoce do TEA é importante, pois quanto mais cedo uma criança recebe os estímulos necessários, melhor sua condição no decorrer da vida. 
A rede municipal oferece suporte para a pacientes de todas as idades. A suspeita de diagnóstico e a intervenção oportuna têm início nas UBSs. Já os Caps, voltados a pacientes com transtornos mentais, têm como missão promover o cuidado, em momentos de crise, assim como estruturar ações de reabilitação psicossocial. Entre estes equipamentos, o destaque, no caso das crianças diagnosticadas, é para o Caps infanto juvenil, que contribui para o diagnóstico e promove o cuidado, psicossocial considerando todas as questões atreladas ao desenvolvimento infanto-juvenil. 

Nos Centros de Convivência e Cooperativa (Ceccos), que, da mesma forma que os Caps integram a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), a proposta de atendimento aos pacientes com TEA é inclusiva, na medida em que eles têm a oportunidade de conviver com pessoas com outras condições de saúde, tanto encaminhados por equipamentos de saúde como também, os que ingressam espontaneamente. 

Nos Centros Especializados em Reabilitação (CERs), vinculados à Área Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência, o paciente se beneficia de uma intervenção multidisciplinar e uma série de recursos, como reabilitação com realidade virtual, sala de recursos sensoriais, atendimentos em grupos terapêuticos, tecnologia assistiva para comunicação, dentre outros. 

Realidade virtual auxilia na reabilitação 
O CER II Girassol, em Campo limpo, na zona sul, é o 35º Centro Especializado em Reabilitação da capital e um dos 30 com oferta de reabilitação física e intelectual, incluindo a assistência multidisciplinar a pacientes autistas. 

O objetivo da reabilitação realizada nos CERs é promover, diante da deficiência, o desenvolvimento necessário para o paciente, com suporte para a família, por meio de ação multidisciplinar que abrange desde terapias para estimular a comunicação, até o uso de recursos como a tecnologia Nirvana, que auxilia na reabilitação motora e também cognitiva por meio de realidade virtual. 

A equipe é formada por médico fisiatra, neuropsicólogo e neurologista pediátrico, além de fonoaudióloga, fisioterapeuta, psicóloga, nutricionista, terapeuta ocupacional, assistente social e enfermeira. 

Somente em 2024, um total de 313 mil pacientes foram atendidos nos CERs; em janeiro deste ano, mais de 26 mil pessoas foram atendidas nestes equipamentos.

Apoio à Pessoa com Deficiência 
Além dos equipamentos, desde 2010 a rede municipal possui a Estratégia APD - Apoiador da Pessoa com Deficiência, que oferece suporte e apoio para o cuidado em saúde de pessoas com deficiência intelectual nos diferentes ciclos de vida, com objetivo de ampliar o protagonismo e a participação destas pessoas na sociedade. Atualmente, a estratégia APD conta com 34 equipes e está presente em grande parte dos Centros Especializados em Reabilitação (CERs) da capital que atendem na modalidade de reabilitação intelectual. 

O programa conta com profissionais enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e apoiador de saúde da pessoa com deficiência, que têm como objetivo fornecer suporte diferenciado para o cuidado, autonomia e independência. 

Dentre as diversas ações da estratégia APD estão: acompanhamento aos equipamentos de saúde, inserção em espaços de lazer, cultura e esporte do território, auxílio no processo de inclusão escolar e no mercado de trabalho, ampliação da convivência familiar, social e auxílio para aquisição de benefícios. Além disso, o foco destas intervenções também está na promoção do autocuidado, mobilidade e comunicação.

A imagem da esperança 
O diagnóstico tardio do transtorno do espectro do autismo e do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) não impediu que Jessica Santana Reis, 28, estudante do curso de fonoaudiologia realizasse o seu sonho de trabalhar na área da saúde - como sua mãe, que é cuidadora de idosos no Programa Acompanhante de Idosos (PAI) da SMS. 

Atualmente, Jessica trabalha como acompanhante da pessoa com deficiência no Centro Especializado em Reabilitação (CER III) Interlagos. “Tentei várias vezes entrar no PAI e no APD, e por fim tive êxito”, conta Jessica.  “Quando estou aqui, estou feliz, cada pessoa dentro do espectro do autismo é diferente, e eu sou uma imagem de esperança para as próprias pessoas que acompanho.” 

A imagem mostra uma pessoa sorrindo, usando óculos de armação preta e colete azul com a inscrição "APD - Programa Acompanhante de Pessoas com Deficiência". O colete azul tem o logotipo do programa estampado na frente.  A pessoa também usa um crachá de identificação com foto e uma fita colorida com estampa de peças de quebra-cabeça, símbolo frequentemente associado à conscientização sobre o autismo.
A APD Jessica (Acervo/SMS)

Dentre as funções que Jessica mais aprecia, ela destaca a visita domiciliar. “Dentro da minha função eu consigo contribuir com o atendimento aos pacientes, criar vínculos e oferecer benefícios seja por meio dos espaços de saúde, educacionais ou promovendo a socialização, pois o lazer e a cultura também são muito importantes para os autistas”, enfatiza.

Jessica diz que, dentro de sua condição, tudo a afeta de forma diferente, devido às questões sensoriais, em especial “É meu limite pessoal”. Ela conta, porém que, quando está com os pacientes que acompanha, consegue superar seus próprios limites “Devido ao hiper foco, que é uma característica do TEA, consigo me dedicar ao que me proponho, e o resultado é a criação de vínculos, essencial para que os pacientes assistidos também superem suas dificuldades.”

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