Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024 | Horário: 16:26
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Saúde possui sete centros de reabilitação voltados à deficiência visual

Equipamentos atendem várias regiões da cidade; Glaucoma e Doenças da retina (DMRI- doença macular relacionado a idade e Retinopatia Diabética) representam as principais causas de perda visual adquirida irreversível.
No fundo as pessoas estão interagindo ao atendimento no Centro Especializado em Reabilitação(CER) e, descendo a rampa, estão dois pacientes com deficiência visual. A mulher está com a bengala com ponteira branca e o homem está ao seu lado.

 

A data de 13 de dezembro, Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, foi instituída para reduzir a discriminação e o preconceito em relação às pessoas com deficiência visual, além de buscar a garantia de direitos e a inclusão desses cidadãos na sociedade. Considera-se como deficiência visual a perda total ou parcial da visão, que pode ter causa congênita ou adquirida. 

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça a importância de promover informações sobre as causas de cegueira na infância, sendo as principais: catarata congênita, retinopatia da prematuridade e glaucoma congênito. Em adultos, quando a perda visual é adquirida e irreversível, as principais causas são o glaucoma, o acometimento da retina secundária ao diabetes - Retinopatia Diabética e Degeneração Macular Relacionado a Idade (DMRI).

Para evitar que essas doenças afetem a visão, é imprescindível visitas regulares ao oftalmologista para que através de exame especializado, seja possível detectar precocemente quaisquer alterações que requeiram tratamento médico.

 O primeiro cuidado com a saúde ocular acontece com um pré-natal adequado e, depois, com o chamado teste do olhinho ou teste do reflexo vermelho, realizado nos bebês em todas as maternidades municipais. 

CERs realizam diagnóstico e acompanhamento

A rede municipal de saúde possui entre os seus equipamentos os Centros Especializados em Reabilitação (CERs), que são pontos de referência para a Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência e estão localizados em várias regiões da cidade. Ao todo, são 34 CERs, dos quais sete atendem pessoas com deficiência visual:  CERs Penha e Flávio Gianotti na região sudeste; CERs M'Boi Mirim, Cidade Ademar e Milton Aldred na zona sul, CERs Guaianases e São Miguel na zona leste.

Após ser encaminhado pela Unidade Básica de Saúde (UBS), que é a porta de entrada da rede municipal de saúde, o indivíduo é acolhido no CER por uma equipe multidisciplinar, sendo realizada a triagem inicial com objetivo de elaborar um plano terapêutico singular (PTS) que promova uma melhor qualidade de vida.

Os CERs são responsáveis pelo diagnóstico e acompanhamento de pessoas com deficiência. Eles também oferecem, ajustam e fazem a manutenção de Tecnologias Assistivas. O processo de reabilitação ou habilitação é realizado por uma equipe multidisciplinar, que atua junto a outros profissionais, cuidadores e familiares. Esse acompanhamento é personalizado, levando em conta as necessidades de cada pessoa, os impactos da deficiência na sua funcionalidade e fatores como saúde, emoções, ambiente e contexto social.

 

Reconquistar autonomia é desafio

O CER Dr. Milton Aldred é um equipamento classificado como CER IV - o que significa que atende pessoas com todos os tipos de deficiência: motora, intelectual, auditiva e visual. Para deficiência visual, o serviço possui capacidade para realizar o acompanhamento simultâneo de 150 casos. 

“No caso daqueles que não têm visão ou possuem baixa visão, a missão do CER é desenvolver autonomia”, afirma a gestora Karine Cristina Castão, que é fisioterapeuta. “Queremos captar mais pessoas com deficiência visual que estão dentro de suas casas, sem acompanhamento, por isso ampliamos nossos laços com as Unidades Básicas de Saúde, pois o acesso destas pessoas às próprias UBSs muitas vezes precisa ser auxiliado”.
Depois da captação, o trabalho voltado para os pacientes com deficiência visual consiste principalmente no treinamento de mobilidade e locomoção. “O objetivo é garantir autonomia funcional e adaptação às pessoas, com treino de orientação e mobilidade, o que inclui aprender a observar os obstáculos e usar a bengala, que passa a ser os seus olhos”, explica Karine. “Levamos eles às ruas e outros locais para aprender a tatear os obstáculos.” 

O acompanhamento no CER é realizado por equipe multiprofissional, formada por psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fisioterapeutas e oftalmologistas.  Para atender esses pacientes com um amplo olhar, em atividades em grupo, as necessidades individuais são totalmente respeitadas.

A oftalmologista Graziela Nicoletti conta que todo o trabalho é realizado para a aceitação da condição atual com objetivo de reaver a autonomia, o que passa pelas atividades de vida diária. “Hoje, por exemplo, fizemos bolo de caneca, adaptando o aprendizado para a realidade de cada um”, exemplifica a terapeuta ocupacional Gabriela Oliveira Pereira Rodrigues. 

Bengalas

Utilizada em alguns casos de deficiência visual, em um primeiro momento a bengala causa diferentes reações nas pessoas assistidas pelo CER. “A bengala para mim era o fim, mas eles me fizeram entender que ela abre o caminho do meu andar e também do meu psicológico”, comenta Maria Glória Barbosa Souza, 41, que recebeu o diagnóstico de retinopatia diabética aos 21 anos, e hoje é cega do olho direto e possui baixa visão no esquerdo. No CER, ela conseguiu obter um sapato de adaptação para pé diabético e melhorou sua mobilidade, além de receber treinamento com a bengala. 

Já o chefe de cozinha Cícero Soares Barbosa, 56, diz que chegou ao prédio onde fica localizado o CER para realizar outro tipo de tratamento. “Ao ouvir o som das bengalas fui perguntar se havia apoio às pessoas cegas”, conta ele, que perdeu totalmente a visão em decorrência da toxoplasmose. “Aqui, conhecendo a realidade de cada um, nos fortalecemos; às vezes chego chorando e saio sorrindo.” 

Henrique Moura Mota, 37, que tem baixa visão após desenvolver glaucoma no olho direito e no olho esquerdo, diz que a autonomia foi reconquistada com o apoio da equipe multiprofissional e a aceitação da nova condição. “Aqui conversamos, aprendemos sobre as novas possibilidades, e com isso me sinto livre novamente”. 

Patrícia Vitória Dias, 33, sofreu um descolamento de retina há sete anos, devido ao uso contínuo de lentes de contato, além de ter desenvolvido doenças oculares como catarata e glaucoma. Passou por cirurgias, mas acabou perdendo a visão e há um ano faz acompanhamento no CER Milton Aldred. “O grupo de orientação e mobilidade me ajudou muito, aprendi manusear a bengala e por conta disso obtive autonomia, sou mais independente e segura; antes eu ficava dentro de casa, mas hoje eu lavo, passo, organizo excursão, tenho renda, aceito quem eu sou”, afirma.

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