Prefeitura de São Paulo

No Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, comemorado em 5 de maio, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo reforça a importância de utilizar medicamentos de forma correta, sempre seguindo a orientação de profissionais de saúde — sejam eles alopáticos, fitoterápicos ou homeopáticos. A data também chama atenção para os riscos da automedicação e destaca as ações desenvolvidas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para enfrentar esse problema.

Com o objetivo de sensibilizar a população, a SMS promove a conscientização em consultas farmacêuticas realizadas nas UBSs da cidade, além de ações de orientação durante visitas domiciliares feitas por agentes de saúde. Também são oferecidos grupos com a oferta de modalidades de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics), entre outras iniciativas, de acordo com planejamento de cada unidade.

“É fundamental estar atento ao consumo excessivo e desordenado de medicamentos, além da prática da automedicação, especialmente com fármacos que exigem prescrição. O desrespeito às doses e horários corretos pode representar sérios riscos à saúde”, alerta Felipe Tadeu Carvalho Santos, coordenador da Área Técnica da Assistência Farmacêutica da SMS. Segundo ele, o usuário também exerce um papel crucial na promoção do uso racional de medicamentos, ao fornecer informações precisas durante as consultas e evitar hábitos de automedicação. Atualmente, a rede municipal de saúde conta com 675 farmácias na rede ambulatorial.

Atualmente, a lista de medicamentos disponíveis para a população da capital, incluindo fitoterápicos, contempla 301 itens. Diariamente, as farmácias municipais dispensam cerca de oito milhões de unidades de medicamentos, chegando a quase 2,8 bilhões de unidades ao ano.

Nas UBSs, as consultas farmacêuticas buscam identificar tanto os casos de polifarmácia (uso simultâneo de vários medicamentos) quanto os de uso incorreto de medicações. As visitas domiciliares e a participação em grupos de promoção à saúde têm sido estratégias fundamentais para aumentar a conscientização, fortalecer o autocuidado, melhorar o acesso e garantir o uso seguro dos medicamentos — sempre em articulação com a equipe de saúde, visando à melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Cuidado holístico: consciência e desmedicalização
Para promover o uso racional de medicamentos, o setor farmacêutico da UBS Ferroviários, localizada em Cidade Tiradentes (zona leste) desenvolve estratégias voltadas à conscientização dos pacientes. Nos primeiros quatro meses deste ano, a unidade dispensou 9.946 receitas prescritas em consultas no local, o que corresponde a cerca de 897.805 unidades de medicamentos entregues a 7.404 pacientes. Considerando também os atendimentos a receitas de outras UBSs e prescrições externas, o total chega a 11.652 receitas, 9.056 pacientes atendidos e 1.038.172 unidades de medicamentos dispensadas.

Entre as ações desenvolvidas pelos farmacêuticos e técnicos de farmácia, destacam-se a capacitação de agentes comunitários de saúde (ACSs), a criação do Grupo de Desmedicalização e iniciativas como a gincana de coleta de medicamentos. Todas as atividades são conduzidas com acolhimento da equipe multiprofissional.

A capacitação para os ACSs inclui palestras sobre temas como validade e descarte correto de medicamentos, cuidados especiais com remédios utilizados por gestantes e os riscos de medicamentos que podem provocar quedas, especialmente entre idosos. Os agentes de saúde das equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) atuam como multiplicadores dessas informações. “Eles são o elo entre a unidade de saúde e a família”, diz Angelo Lopes Duarte, farmacêutico com cinco anos de atuação na UBS, que possui três equipes de ESF e 15 ACSs.

Já o Grupo de Desmedicalização, formado há três anos, promove reuniões semanais e conta atualmente com 15 participantes, todos idosos. A iniciativa é voltada especialmente a pessoas com doenças e dores crônicas, que frequentemente fazem uso excessivo de medicamentos ou recorrem à automedicação. A proposta do grupo é oferecer, além da conscientização, alternativas de cuidado não medicamentosas, promovendo uma abordagem integral da saúde, com impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes.

“No grupo, abordamos os riscos da hipermedicalização, a valorização do saber popular sobre tratamentos alternativos, o uso das Pics e o fortalecimento do autocuidado”, destaca Angelo. A próxima meta, segundo ele, é ampliar a oferta de Pics para enriquecer o grupo e reduzir o consumo de analgésicos dispensados na farmácia da unidade.

“Nossa missão é promover um cuidado holístico, e, ao reduzir a dor, fortalecemos o autocuidado”, reforça o farmacêutico. Ele acrescenta que, desde o início do grupo, houve uma melhora nas queixas dos pacientes e um maior vínculo com a unidade. “Além disso, quando necessário, eles são reinseridos no grupo para dar continuidade ao acompanhamento.”

Dona Hilda Gvisdala, de 70 anos, paciente da UBS Ferroviários, participou do Grupo de Desmedicalização no ano passado, durante dois meses. Ela fazia uso contínuo de tramadol e gabapentina para aliviar dores crônicas. “Essas medicações aliviavam a dor, mas me deixavam dopada, sem condições de realizar as atividades do dia a dia. Encontrei uma solução ao participar do grupo, que me acolheu com carinho”, afirma. “Participei de diálogos com psicólogo, sessões de auriculoterapia, aromaterapia, orientações sobre o uso adequado de chás medicinais e também musicoterapia; aprendi, inclusive, a fazer o descarte correto dos medicamentos”, relata a paciente.

Descarte correto de Medicamentos
Para incentivar a conscientização sobre o descarte adequado de medicamentos, a UBS Ferroviários promove ações como a Gincana de Coleta de Medicamentos, que envolve os ACSs e as equipes da Estratégia Saúde da Família. Na gincana, a equipe que arrecada a maior quantidade de medicamentos recebe um certificado e um presente simbólico, como forma de reconhecimento pelo trabalho junto aos pacientes. Em sua última edição, realizada nos meses de março e abril foram recolhidos 37,31 quilos de medicamentos para descarte adequado, número significativamente maior do que a média fora da campanha, que gira em torno de dois quilos mensais.