Secretaria Municipal da Saúde

Quarta-feira, 7 de Maio de 2025 | Horário: 11:44
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UTI neonatal do Hospital Municipal Cidade Tiradentes é referência em tratamento humanizado

Equipamento possui diversos projetos para acolher recém-nascidos prematuros e suas famílias
Michele, uma mulher adulta, está inclinada sobre uma incubadora de bebê. Ela usa uma touca cirúrgica cinza clara e uma máscara facial branca que cobre seu nariz e boca. Sua pele parece ter um tom moreno claro, e seus cabelos escuros estão completamente cobertos pela touca. Seus olhos estão voltados para o bebê dentro da incubadora. Uma de suas mãos está delicadamente posicionada sobre a lateral da incubadora, tocando a bebê, enquanto a outra parece estar perto de seu rosto. Ela veste uma espécie de camisola ou roupão hospitalar de cor rosa claro.  Dentro da incubadora, podemos ver um bebê muito pequeno, deitado de costas sobre um tecido estampado com desenhos infantis coloridos. O bebê parece estar envolto em um tecido claro e tem alguns tubos ou fios finos conectados ao seu corpo, sugerindo que ele está recebendo cuidados médicos.

No sétimo mês de gravidez, a operadora de caixa Michele Cristina Silva Sousa, de 44 anos, chegou ao Hospital Municipal Carmem Prudente - Cidade Tiradentes, na zona leste, para uma consulta de rotina, quando teve uma surpresa: o parto precisaria acontecer imediatamente. E assim, pesando 1.520g, nasceu, prematuramente, Rafaela Silva Prata.

Durante o pré-natal de Michele, identificou-se que havia uma restrição de crescimento intrauterino do bebê, condição que a obrigou a fazer acompanhamento semanal da gestação no hospital. O parto ocorreu bem, mas, devido à prematuridade de Rafaela, que foi para a incubadora, Michele não pode pegar a filha no colo logo após o parto. Demorou quase uma semana para que mãe, finalmente, pudesse segurar a bebê pela primeira vez. “Foi incrível ficar com ela perto, sentir o calor, o cheiro dela; foi uma grande conquista”, conta Michele, emocionada.

A prática chamada de método canguru é um dos protocolos da Unidade Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital Municipal Cidade Tiradentes. A técnica consiste em deixar o recém-nascido prematuro em contato pele a pele, junto ao peito dos pais, na posição vertical. Ana Cristina Silvestre da Cruz, médica pediatra intensivista, explica que o método ajuda no desenvolvimento do bebê e a criar proximidade dele com os cuidadores num momento mais delicado: “Nessa posição, o bebê sente o aconchego, ele ouve novamente o coração da mãe. Isso o acalma e melhora as suas condições clínicas”, afirma a especialista, que também é supervisora médica da unidade neonatal e diretora clínica do hospital. 

Michele também está conseguindo amamentar a filha, uma vez que o hospital conta com um espaço dedicado exclusivamente para as mães extraírem leite para seus bebês. Para incentivar a prática, há inclusive uma roda de conversa com as mães sobre a importância do aleitamento materno. “O Hospital Cidade Tiradentes me surpreendeu muito. É todo mundo muito atencioso”, elogia Michele.

A possibilidade de amamentar a filha antes mesmo de poder pagá-la no colo foi essencial para que representante comercial Poliana de Souza Baptista, de 33 anos, pudesse enfrentar um momento tão delicado. Sua filha, Sofia Victória Baptista Marques, nasceu aos 6 meses de gestação, pesando 640g, o que configura prematuridade extrema: “É muito doloroso ter o sonho de amamentar a sua filha no peito e não poder. Mas eu ficava feliz de saber que meu leite iria ajudar no desenvolvimento dela”, diz a mãe, que também usou o espaço reservado pelo hospital para ordenhar leite para Sofia.

A prematuridade de Sofia foi devido a uma insuficiência istmocervical, que ocorre quando o colo do útero se abre prematuramente durante a gravidez. A bebê ficou de agosto a dezembro de 2024 no Hospital e saiu sem nenhuma sequela. Atualmente, para ajudar com seu desenvolvimento, ela faz terapia no Centro Especializado em Reabilitação (CER) Cidade Tiradentes.

Projetos de Humanização
Inaugurado em 2007, Hospital Municipal Cidade Tiradentes realiza de 200 a 250 partos por mês. Ao todo, foram 60.854 mil partos realizados nestes 18 anos. A UTI neonatal conta com 10 leitos e outros 16 de cuidados intermediários, e busca promover um atendimento humanizado ao longo de todo o processo de internação dos recém-nascidos. “Todos os projetos que nós temos aqui são feitos para acolher essas famílias, e a gente consegue perceber a diferença que isso faz na vida dessas pacientes e desses bebês”, diz Karina Melo Costa dos Santos, supervisora de enfermagem da UTI neonatal.

Além do apoio à amamentação e do método canguru, outra forma que a maternidade utiliza para ajudar no acolhimento ao bebê é o Projeto Octo, nome que remete a octopus, polvo. Nele, todos os recém-nascidos que vão para a UTI neonatal ganham um polvo feito de crochê, que fica dentro da incubadora. A técnica, que nasceu na Dinamarca, tem objetivo de, ao promover o contato do bebê com os tentáculos do polvo, que lembram o cordão umbilical, transmitir a sensação de proteção e segurança que ele sentia no útero.

Outro cuidado, que se iniciou este ano, foi o projeto Coala, sigla para Controlando Oxigênio Alvo Ativante. Os bebês prematuros precisam receber uma determinada quantidade de oxigênio, que precisa ser seguida para que não haja sequelas. Para isso, cada bebê recebe uma plaquinha individual com o nível de oxigênio que está recebendo e o em qual nível a equipe do hospital quer chegar. Assim, a equipe consegue monitorar e sempre ficar atenta às necessidades do recém-nascido.

Link com imagens: https://we.tl/t-R1hqYivKlN

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