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Serviço de Cuidados Prolongados Álcool e Drogas para tratamento de dependência química
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), entregou nesta quinta-feira (23) o Serviço de Cuidados Prolongados (SCP) Álcool e Drogas (AD) Boracea, iniciativa pioneira no Brasil. Localizado no mesmo prédio em que funciona o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) AD III Boracea, o novo equipamento integra a rede do Programa Redenção oferecendo acolhimento e tratamento para dependentes de álcool e drogas. O objetivo do SCP é reinserir os pacientes na sociedade do ponto de vista biopsicossocial e econômico.
“Nosso desafio é poder verdadeiramente ofertar serviços para que a gente possa ajudar as pessoas a saírem do álcool e da droga, deixar a cracolândia e ter aqui um ambiente de tratamento médico, social e depois poder ser encaminhado para ter um trabalho”, destacou o prefeito Ricardo Nunes.
A unidade, que começou a funcionar em 26 de dezembro de 2022, acolhe atualmente 32 pacientes e tem capacidade para atender diariamente 39 usuários em acolhimento integral.
Durante visita ao novo equipamento, o vice-governador Felício Ramuth apontou a importância do trabalho conjunto entre o Governo e a Prefeitura de São Paulo. “A gente acompanhou o trabalho do prefeito Ricardo Nunes e de sua equipe e o governador Tarcísio [de Freitas] logo que assumiu viu a importância do estado poder estar ao lado do município em todas as ações”, afirmou.
O serviço conta com quatro dormitórios, quatro consultórios, quadra, sala de ambiência, sala de estar, sala de grupo e refeitório. O tratamento oferecido é multidisciplinar e os pacientes acolhidos possuem rotina com atividades que vão de meditação, musicoterapia, terapia em grupo até arteterapia, atividades físicas, entre outras.
“Hoje nós temos cerca de mil pessoas circulando pela cracolândia e precisamos dar uma opção de saída para essas pessoas. A cidade tem feito várias tentativas e essa é uma delas”, explicou o secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco.
Dependente químico há mais de 20 anos, F.S.V. conta que procura uma recuperação há 16 anos por meio de internações. "Eu nunca encontrei um trabalho como esse aqui. É um trabalho realmente diferenciado e que conseguiu ajudar não só no meu problema com a dependência, mas, sim, com o biopsicossocial. Estou resolvendo várias áreas da minha vida para retornar a sociedade”, afirmou. “Alguns amigos meus vieram da cracolândia para cá, me encontraram aqui e viram o trabalho que está sendo realizado, gostaram e querem isso para vida deles também”, completou.
O espaço, que já atendeu, desde dezembro, 59 pessoas, utiliza a metodologia do projeto terapêutico singular (PTS), um tratamento individualizado e elaborado para cada paciente. Além disso, tanto a adesão ao programa como a permanência são voluntárias.
M.C., 41 anos, é uma mulher transexual que está há aproximadamente um mês no SCP. Ela conta que após um ano e meio sem usar drogas teve uma recaída e não acreditava mais que poderia se recuperar. “Eu deixei de acreditar em mim. Achava que se, depois de todo aquele tempo, eu tinha voltado a usar, eu não tinha mais solução, mas aqui eu vi que não. Minha autoestima e minha vaidade, que eu sempre tive, foram reestabelecidas. Eu quero sair daqui e estudar corte e costura, que é o meu sonho”, contou.
O paciente chega ao SCP por meio do Caps AD IV Redenção, que o encaminha para o Hospital Cantareira. Após a desintoxicação, se o paciente aceitar participar do programa, ele é encaminhado para o SCP onde ficará por até 90 dias, prorrogáveis por mais 30 a depender do estabelecido no projeto terapêutico singular.
G.A. é o paciente que está há mais tempo no programa, ele chegou ao local em setembro, quando o acolhimento ainda era realizado pelo Caps AD III Boracea, e hoje já faz saídas sozinho para ir à igreja. Para G.A, receber visitas o fez restaurar seus vínculos familiares. “Eu não aguentava mais sofrer e hoje eu me sinto muito bem. Meu sonho agora é conseguir me manter sem a dependência, encontrar uma esposa e construir família”. Ele se emociona ainda ao falar do apoio que recebeu da equipe multiprofissional e completa: “É como se fosse uma mãe para a gente. É muito importante ver que eles querem a nossa melhora, eles querem que a gente prospere”, finalizou.
Rede de Atenção
A rede municipal dispõe de 26 equipes multidisciplinares do programa Consultório na Rua (CnR), que abrange todas as regiões da cidade, além das seis equipes do programa Redenção na Rua, que fazem parte de uma estratégia de ampliação do acesso e cuidado em saúde destinado à população em situação de rua, integrando e articulando as ações com os diferentes equipamentos da rede.
Além disso, há 216 equipamentos que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), sendo 102 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que, juntamente com as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), são portas de entrada para o cuidado em saúde mental no município, atendem as demandas previamente agendadas e as espontâneas, inclusive com atendimento psicológico.
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Fonte: Prefeitura de São Paulo