SP Urbanismo

Centro Aberto

 

Os projetos do Centro Aberto não buscam construir novos espaços, mas, sobretudo, transformar as estruturas existentes com a renovação de suas formas de uso.

Eles têm como objetivo a transformação e ampliação do uso de espaços públicos subutilizados ou em desuso com intervenções de pequena escala ao modificar estruturas existentes, permitindo atividades diversas. Promover a diversificação das atividades – envolvendo um número maior de grupos de usuários em faixas de tempo também ampliadas – constitui-se em um instrumento fundamental para a construção do domínio público sobre os espaços.

As primeiras unidades do projeto Centro Aberto foram implantados em caráter de experimentação para testar novas soluções em escala 1:1 antes de fazer alterações permanentes. 

As unidades do Largo de São Francisco e Praça Ouvidor Pacheco e Silva e do Largo do Paissandu e Avenida São João foram as primeiras unidades instaladas. Após seis meses de uso e concluída a fase de testes e análises, já haviam sido aprovadas e incorporadas pela população. Após um ano das duas primeiras unidades, mais três foram desenvolvidas no centro da cidade: Largo São Bento, Rua Galvão Bueno e Largo General Osório.

A partir do resultado das análises, consolidou-se a pertinência dessa forma de intervenção, que permite o diálogo público, o envolvimento da comunidade e atrai potenciais atores para engajamento no processo de mudança da cidade com relação às suas próprias necessidades e demandas.

 

Centro Aberto em expansão

Após implantar cinco unidades na região central e avaliar seus impactos como positivos, a Prefeitura de São Paulo buscou expandir os horizontes do Programa Centro Aberto, criando espaços de convivência ao ar livre e áreas de priorização de pedestre também em bairros mais afastados do centro e, assim, contribuir para a requalificação desses espaços.

Ao todo, 12 nove locais foram selecionados, considerando suas condições antes desfavoráveis ao uso público e as potencialidades de transformação.

Em setembro de 2020, as três primeiras unidades da nova fase do Programa foram implantadas: Praça Padre Bento (Mooca), Praça Oito de Setembro (Penha) e Largo Cine Clipper (Freguesia – Brasilândia). Em outubro, foi a vez de outras três serem implantadas: Rua Gregório Ramalho (Itaquera), Praça Ministro Costa Manso (Sé) e Terminal Amaral Gurgel (Sé). 

 

Baixe aqui o caderno Centro aberto – Experiências na escala humana

Objetivos

1. Proteção e Priorização de Pedestres e Ciclistas

O principal objetivo é melhorar a acessibilidade e segurança de pedestres e ciclistas para acesso e passagem, além de assegurar boa sinalização. Em áreas movimentadas como o centro de São Paulo é importante garantir esse espaço, com atribuições espaciais de acordo com as necessidades dos usuários.

A introdução de ciclovias promove vínculo seguro e direto entre o centro da cidade, os principais pontos de transporte público e os bairros. É um passo em direção a uma cidade mais amigável e mais humana, testando novas soluções que possam servir para outras áreas da cidade.


2. Suporte à Permanência

Melhorar as condições de permanência em espaços públicos é fundamental para promover a vida urbana e segurança na cidade. A criação de pontos de encontro e locais para descanso e lazer, a partir de mudanças qualitativas nos espaços, promove o convívio e intercâmbio entre os usuários locais e recém-chegados, estudantes, residentes, trabalhadores de escritórios, comerciantes, entre outros. A permanência também diversifica os programas e atividades e serve aos diversos grupos presentes no entorno. Também incentiva o senso de comunidade e de pertencimento ao lugar, enriquecendo o debate sobre os processos de mudança e apropriação da cidade.

A permanência deve ser incentivada em horários estendidos, especialmente em regiões que se esvaziam à noite, como o centro de São Paulo. A presença de pessoas no espaço público nesse período torna o local mais atraente e seguro.

 

3. Novos Usos e Atividades

As ações estratégicas de ativação do espaço público dividem-se em 3 tipos: comercial, cultural e atividades físicas.

As ações comerciais – como comida de rua, floriculturas e feiras – são um incentivo ao uso do espaço público. Além de garantir presença de pessoas, possibilita o comer ao ar livre e o encontro em locais públicos, medidas para um convívio social rico e de trocas com a cidade.

As ações culturais dão oportunidade para permanência no espaço público ao longo do dia. Atividades como cinema ao ar livre, por exemplo, garantem permanência noturna e acesso gratuito à cultura. A presença de artistas de rua é também benéfica nesse sentido, pois mobiliza grupos de espectadores e incentiva a permanência e a participação na cidade.

O mesmo ocorre com as atividades físicas e esportivas. Além de incentivar um modo de vida saudável, os esportes e atividades lúdicas são motivadores do encontro de pessoas e da convivência mútua entre participantes e espectadores.

 

Metodologia

Como parte do processo dos projetos Centro Aberto em São Paulo, foram realizadas oficinas-workshops com participantes da municipalidade e convidados. Dados, informações e aprendizagens foram coletados em vários documentos públicos.

No primeiro workshop, um amplo grupo com participantes de todos os departamentos municipais e convidados olharam para os espaços públicos no centro da cidade identificando os problemas e as potenciais soluções, utilizando os 12 Critérios de Qualidade – uma ferramenta de avaliação aplicada nessa metodologia.

Com o aprendizado do primeiro workshop, a SP Urbanismo investigou e apontou uma série de espaços públicos no centro da cidade a serem levados em consideração para a primeira rodada de projetos.

A metodologia de projeto para o Centro Aberto consistiu em intervenções de caráter temporário e reversível, como experiência teste. Essa forma de atuação mostra diretamente como a vida da cidade será afetada pelas mudanças e convida o usuário a participar das decisões.

O recolhimento de dados sublinhando os efeitos das mudanças foi fundamental para avaliação dos projetos. A coleta de dados tem dois níveis:

1. Antes de realizar o projeto piloto, a coleta de dados e o levantamento no local podem ajudar a identificar as mudanças necessárias e documentar por que essas mudanças devem ser feitas.

2. Após a implantação do projeto piloto, acompanhar a coleta de dados e o levantamento podem sublinhar os efeitos das mudanças, apontar para mudanças adicionais e validar o sucesso e aprendizados do projeto, além de levar a mudanças permanentes.

A mudança no comportamento pode ser medida de forma quantitativa e qualitativa, analisada a partir dos seguintes fatores:

• Aumento de atividades

• Número de pedestres

• Menos travessia fora da faixa

• Entrevistas para entender quais os usos do local e a percepção de segurança

O principal objetivo de trabalho da pesquisa foi a avaliação do impacto das intervenções, adequação do mobiliário e atividades propostas de acordo com o perfil dos usuários, seus anseios e necessidades.

Buscou-se avaliar comparativamente as condições de acesso e travessia de pedestres e ciclistas, a permanência no espaço público e a opinião dos usuários.

 


Levantamento realizado no Largo São Francisco