Secretaria Municipal de Cultura
Dicas de Leitura - Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho, nasceu em 1992, ano do 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingos, na República Dominicana, que além de propor a união entre essas mulheres, visava também denunciar o racismo e machismo enfrentados por mulheres negras, não só nas Américas, mas também em todo o mundo. Desse encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. A Rede, junto à ONU lutou para o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
No Brasil, a data é celebrada conjuntamente com o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada. (data estabelecida pela Lei nº 12.987, de 2 de junho de 2014).
Em homenagem à data, apresentamos uma pequena seleção de obras de autoras negras latino-americas e caribenhas, e algumas obras sobre elas.
Úrsula - Maria Firmina dos Reis
Obra inaugural da literatura afro-brasileira, Úrsula é um dos primeiros romances de autoria feminina escritos no Brasil. Maria Firmina dos Reis, mulher negra nascida no Maranhão, constrói uma narrativa ultrarromântica para falar das mazelas sociais decorrentes da escravidão. Tancredo e Úrsula são jovens, puros e altruístas. Com a vida marcada por perdas e decepções familiares, eles se apaixonam tão logo o destino os aproxima, mas se deparam com um empecilho para concretizar seu amor. Combinando esse enredo ultrarromântico com uma abordagem crítica à escravidão, Maria Firmina dos Reis compõe Úrsula, um dos primeiros romances brasileiros de autoria feminina, em 1859. Por dar voz e agência a personagens escravizados, é vista como a obra inaugural da literatura afro-brasileira. Retrata homens autoritários e cruéis, mostrando atos inimagináveis de mando patriarcal e senhorial em um sistema que não lhes impõe limites. Com rica introdução e contextualização histórica.
Romance brasileiro - Século 19; Histórias de amor; Negros - Brasil - Ficção; Escravidão - Brasil - Ficção; Negras; Racismo; Escritoras negras - Maranhão
Cartas a uma negra : narrativa antilhana - Françoise Ega ; tradução Vinícius Carneiro, Mathilde Moaty ; posfácio Vinícius Carneiro, Maria-Clara Machado
Na França dos anos 1960, meninas e mulheres chegavam às centenas das Índias Ocidentais para serem colocadas como criadas nas casas de famílias burguesas e brancas. Françoise Ega nasceu na Martinica, e chegou a Marselha em meados da década de 1950, vinda da Martinica, trabalha como empregada doméstica para testemunhar essa exploração imunda. Ela registra essa experiência em um diário de resistência cotidiana, comovente e surpreendentemente realista, que remonta à história imperial francesa e às origens da divisão sexual e racial do trabalho. Depois de ler um texto sobre Carolina Maria de Jesus, Ega começou a escrever cartas à autora brasileira. Daí nasce “Cartas a uma negra”, um conjunto de relatos do cotidiano de trabalho e exploração de mulheres negras caribenhas que viviam na França.
Poligrafia francesa - Século 20; Ega, Françoise, 1920-1976 - Correspondência; Empregadas domésticas - França - Condições sociais - Ficção; Negras - França - Condições sociais - Ficção; Mulheres imigrantes - França - Condições sociais - Ficção; Escritores martinicanos - Autobiografia - Ficção; Jesus, Carolina Maria de, 1914-1977 - Ficção
Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis - Jarid Arraes
Desde 2012, a autora Jarid Arraes tem se dedicado a desvendar a história das mulheres negras que fizeram a História do Brasil. E não bastava conhecer essas histórias, era preciso torná-las acessíveis e fazer com que suas vozes fossem ouvidas. Para isso, Jarid usou a linguagem poética tipicamente brasileira da literatura de cordel. E vendeu milhares de seus cordéis pelo Brasil, alertando para a importância da multiplicidade de vozes e oferecendo exemplos de diversidade para as mulheres atuais. Neste livro, reunimos 15 dessas histórias, que ganharam uma nova versão da autora e a beleza das ilustrações de Gabriela Pires. Conheça a história de: Antonieta de Barros Aqualtune, Carolina Maria de Jesus, Dandara dos Palmares , Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos, Luísa Mahin Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis , Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela ,Tia Ciata, Zacimba Gaba.. Livraria da Travessa
Literatura de cordel brasileira; Negras - Século 20 - Brasil
Contos de Olófi - Teresa Cárdenas Angulo ; ilustrado por Rubem Filho
O livro apresenta uma seleção de contos sobre a origem do mundo e das coisas que o constituem: o homem, a mulher, a morte, o vento, o mar... os sentimentos. Trata-se de uma antologia que envolve o conto tradicional, o folclore e a literatura contemporânea, trazendo para o leitor elementos culturais importantes, universais, que vão além da religiosidade, das raças e das ideologias políticas.. Website da Editora
Literatura infantojuvenil; Contos cubanos - Literatura infantojuvenil; Mitologia africana - Literatura infantojuvenil
O mundo no black power de Tayó - Kiusam de Oliveira ; ilustrações Taisa Borges
Tayó é uma menina negra que tem orgulho do cabelo crespo com penteado black power, enfeitando-o das mais diversas formas. A autora apresenta uma personagem cheia de autoestima, capaz de enfrentar as agressões dos colegas de classe, que dizem que seu cabelo é “ruim”. Mas como pode ser ruim um cabelo “fofo, lindo e cheiroso”? “Vocês estão com dor de cotovelo porque não podem carregar o mundo nos cabelos”, responde a garota para os colegas. Com essa narrativa, a autora transforma o enorme cabelo crespo de Tayó numa metáfora para a riqueza cultural de um povo e para a riqueza da imaginação de uma menina sadia.. Website da Editora
Literatura infantojuvenil; Crianças negras - Literatura infantojuvenil
Pretextos de mulheres negras - organização Carmen Faustino e Elizandra Souza
Pretextos de Mulheres Negras é uma antologia que reúne a escrita poética e autobiográfica de vinte e duas jovens negras, pouco ou quase nada conhecidas – duas estrangeiras, Queen Nzinga (Costa Rica) e Tina Mucavele (Moçambique) – e as demais paulistas. Com o apoio do programa VAI – Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo –, elas lançaram em 2013 a publicação, que conta, também, com ilustrações marcantes de Renata Felinto e o projeto gráfico de Nina Vieira, cuidadosamente elaborado e envolvente.
Poesia brasileira - Antologia; Poesia brasileira - Escritoras negras; Poetisas brasileiras - Biografia; Escritoras negras; Negras
Insubmissas lágrimas de mulheres - Conceição Evaristo
"O elo fundido com técnica literária irrepreensível e grande força de sentimentos apresentado em “Insubmissas lágrimas de mulheres”, se revela um retrato de solidariedade e afeição feminina, por tocar no que é essencial, no que move, no que aproxima e une mulheres e, em espacial, mulheres negras. Os afetos, reflexões e deslocamentos que os contos de Insubmissas lágrimas de mulheres nos causam, são frutos que só a boa literatura, a que salva, pode nos trazer, reafirmando o lugar de destaque ocupado por Conceição Evaristo na literatura brasileira. "
Contos brasileiros - Século 20 - Escritoras negras; Negras - Ficção
Silêncios prEscritos : estudo de romances de autoras negras brasileiras (1859-2006) - Fernanda R. Miranda
"Silêncios prescritos: estudo de romances de autoras negras brasileiras (1859-2006) fala de memórias, resistências, existências recriadas. É um trabalho a ser lido a partir de várias perspectivas, por exemplo: a perspectiva da insurgência das escritoras; a agência das pessoas negras nos mais adversos contextos; modos como mulheres negras interpretam e interpretaram histórias do país; a insistência da sociedade brasileira em manter as bases escravagistas e racistas de violência e crueldade em que tem sido gestada... Assim, o livro fornece uma contribuição significativa e muito oportuna para os estudos da literatura brasileira, em particular da literatura afro-brasileira, devido ao fato de trazer precursoras na escrita do romance de autoria de mulheres negras, em um momento como esse, século XXI, que apresenta, ainda que de modo restrito, um crescimento no número de romances de autoria negra feminina." - Florentina da Silva Souza. Doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Escritores negros - Brasil; Negras na literatura; Literatura brasileira
Firmina - Bárbara Simões
"Firmina é uma narrativa híbrida, que pode ser lida tanto em perspectiva histórica quanto biográfica. Reconstruindo com precisão a ambientação social e psicológica que fundamenta e configura o universo mimético vivido pelas personagens, e propondo uma trama complexa de viés tipicamente romântico, Bárbara nos oferece uma história instigante e que nos leva a refletir. Ao retratar os dilemas e conflitos internos vividos pela protagonista, uma jovem professora negra engajada na luta abolicionista que se apaixona por um deputado branco defensor da manutenção do sistema escravagista, a autora explora a dimensão humana de Maria Firmina dos Reis, afastando-se, assim, de perspectivas mitificadoras e deificantes frequentemente atribuídas à sua figura." - Rafael Balseiro Zin". Website Livraria da Travessa
Romance brasileiro - Século 21; Reis, Maria Firmina dos, 1825-1917 - Ficção; Escritoras brasileiras - Século 19 - Biografia - Ficção; Escritoras negras - Brasil - Biografia - Ficção; Escravidão - Brasil - Ficção; Ficção histórica
E não deixem de conhecer a Biblioteca Paulo Duarte - Temática Cultura Afro-brasileira, que possuí um amplo acervo de livros, artigos de jornais e revistas sobre o tema.
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