Hospital do Servidor Público Municipal
Envelhecimento Saudável: hábitos ajudam na melhora da qualidade de vida
Por: Thayná Franzo
A expectativa de vida deu um salto nas últimas décadas em todo o mundo e a tendência deve continuar nos próximos anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas acima de 60 anos de idade poderá chegar a dois bilhões até 2050. Neste Dia do Idoso, celebrado em 1º de outubro, a edição do HSPM Responde traz dicas para envelhecer com mais saúde, em uma conversa com a coordenadora da Clínica de Geriatria do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), Dra. Renata F. Nogueira Salles.
Quais as orientações para ter um envelhecimento saudável?
A OMS (Organização Mundial da Saúde) define o envelhecimento ativo como “o processo de otimizar as oportunidades de saúde, participação e segurança para melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem”. O envelhecimento bem-sucedido, ativo ou saudável, inclui a noção de adaptação bem-sucedida às mudanças que não podem ser evitadas com o envelhecimento. Os domínios normalmente incluídos nas definições de envelhecimento saudável são sobrevivência até uma idade específica, estar livre de doenças crônicas, autonomia nas atividades da vida diária, bem-estar, boa qualidade de vida, alta participação social, manutenção da capacidade funcional, cognitiva e física, e pouca ou nenhuma deficiência. Neste sentido, devemos incentivar a prática de atividade física, a busca por uma alimentação saudável, manutenção de atitudes positivas, convívio social e o engajamento ativo com a vida.
Existem alimentos que contribuem para um envelhecimento com mais saúde?
Pessoas idosas tendem a comer menos e a consumir alimentos pobres em nutrientes e ricos em carboidratos. Porém, as necessidades nutricionais mudam com a idade e é principalmente nesta faixa etária que se faz necessário aumentar o consumo de proteínas, vitaminas e sais minerais. É importante manter uma dieta rica em carnes, peixes, azeite, legumes, verduras e frutas. A ingestão de água também deve ser estimulada. Diversificar as preparações e elaborar pratos coloridos pode ser uma boa alternativa para uma dieta equilibrada. Deve-se evitar alimentos processados e industrializados, ricos em gorduras e açúcares, bem como doces e frituras.
Qual a importância do exercício físico?
Pesquisas epidemiológicas sugerem que a atividade física regular está intimamente relacionada à saúde dos idosos. Isso inclui uma associação inversa com várias doenças crônicas, bem como com déficits funcionais, limitações nas atividades de vida diária e mobilidade. Além disso, a prática de atividade física está positivamente correlacionada com melhora do humor, autoeficácia, qualidade de vida e bem-estar.
Há tipos de exercícios mais recomendados para essa faixa etária?
A prática de atividade física geralmente diminui com a idade e a maioria dos idosos é insuficientemente ativa em comparação com as recomendações atuais. O exercício físico deve ser realizado regularmente e recomenda-se a prática de 30 minutos diariamente. Exercício resistido como a musculação reduz a sarcodinea (perda de massa muscular que ocorre com o envelhecimento), melhora a mobilidade e previne quedas. Exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida, natação e bicicleta, têm importante benefício cardiovascular. A prática de tai-chi-chuan, yoga e pilates também é importante em melhorar a flexibilidade e equilíbrio.
Quais as principais doenças apresentadas nessa idade que podem ser evitadas com bons hábitos de vida?
Estar livre de doenças graves é uma das muitas definições de envelhecimento saudável. Algumas são altamente prevalentes na população idosa, como a hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, osteoartrose, osteoporose, transtornos de humor, déficits cognitivos e neoplasias. Porém, a prevenção da obesidade e do sedentarismo, bem como, a mudança de estilo de vida, incluindo alimentação saudável, prática de exercício físico, manutenção da saúde mental, lazer, convívio social, evitar uso de álcool e eliminar o tabagismo, podem prevenir o aparecimento dessas doenças. O acompanhamento médico regular em serviços de saúde e a adesão ao tratamento são fundamentais para o controle dessas doenças e a prevenção das suas complicações. O que se deseja é que com o aumento da expectativa de vida, se viva até idades mais avançadas com menos doença e mais qualidade de vida, o que chamamos de compressão da morbidade.
Qual a importância de uma boa vida social nessa idade?
A pobreza de relações sociais como um fator de risco à saúde tem sido considerada tão danosa quanto à presença de doenças. Estabelecer vínculos familiares e sociais tem sido reconhecido como aspecto fundamental para um envelhecimento com qualidade de vida. A manutenção das redes sociais e de suporte da comunidade ajudam os idosos durante seu processo de envelhecimento, assegurando maior autonomia, independência, bem-estar e saúde. O idoso deve manter o convívio e a participação na sociedade. A participação social é entendida como engajamento em qualquer causa social, cívica, recreativa, cultural, intelectual, ou espiritual que dê sentido à vida e promova um sentimento de realização e de pertencimento. Essa participação social previne sintomas depressivos, melhora o senso de autoeficácia e de identidade e melhora o desempenho cognitivo.
Quais as dicas para exercitar a memória?
Nível educacional mais alto e atividade mental ao longo da vida, por exemplo, estão associados a um risco menor de desenvolver demência. Esta ligação protetora é atribuída principalmente a um aumento da capacidade de reserva cognitiva que compensa os déficits que ocorrem na demência. Devemos exercitar o cérebro, não apenas realizando palavras cruzadas ou sudoku, mas principalmente estimulando-o com novos desafios como estudar, ler um livro, realizar um curso, aprender uma nova língua. Quando aprendemos algo, novas conexões se formam entre os neurônios e a memória passa a ser estimulada para processar e armazenar novas informações. Realizar atividades de lazer, manter boas horas de sono e permanecer longe de situações estressantes também são atitudes importantes para melhora cognitiva.
Dra. Renata F. Nogueira Salles é coordenadora da Clínica de Geriatria do HSPM
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