Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 3 de Março de 2023 | Horário: 18:56
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Febre Maculosa Brasileira

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"Rickettsia spp em células VERO
(Imunofluorescência Indireta)
Fonte: Fuller Laboratories"

 

 
 

 

 

O que é?

 

A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável e elevada taxa de letalidade. É causada por bactérias do gênero Rickettsia, micro-organismo intracelular obrigatório, e transmitida pela picada de carrapatos.

No Brasil, duas espécies de riquétsias estão associadas a quadros clínicos da doença:

  • Rickettsia rickettsii: leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB) considerada doença grave;
  • Rickettsia parkeri: produzindo quadros clínicos menos graves, sem ocorrência de óbitos e com a presença de uma escara de inoculação como principal marcador clínico, sendo registrada em ambientes de Mata Atlântica.

Transmissão:

A transmissão da R. rickettsii e R. parkeri ao homem ocorre através da picada de carrapatos. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses.

Vetores:

No Brasil, os principais vetores, são os carrapatos do gênero Amblyomma:

Amblyomma sculptum: envolvido na transmissão da R. rickettsii.

É popularmente conhecido como “carrapato estrela”, “carrapato de cavalo” ou “rodoleiro”; as ninfas por “vermelhinhos”, e as larvas por “micuins”.

Nesta espécie, a transmissão da bactéria para os seres humanos ocorre, principalmente, pela picada do carrapato infectado na fase de ninfa.

O período entre os meses de abril a outubro possui maior risco de ocorrência da doença devido a sazonalidade do A. sculptum.

Os principais hospedeiros dessa espécie de carrapato são a capivara e o cavalo.

É importante ressaltar que não existem estudos que comprovem que a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) seja um reservatório silvestre de riquétsias, contudo ela poderia servir como amplificador da população de carrapatos.

Amblyomma aureolatum: envolvido na transmissão da R. rickettsii.

É popularmente conhecido como carrapato-amarelo-do-cão.

Os principais hospedeiros dessa espécie de carrapato são os canídeos silvestres.

Entretanto, cães e gatos domésticos, quando invadem áreas de mata, podem carrear carrapatos infectados para as residências, sendo comum a ocorrência da doença em pessoas que permanecem a maior parte do tempo em casa mas que tenham contato físico com seus cães e gatos.

Pessoas residentes nas áreas endêmicas podem ser infectadas em qualquer época do ano.

Amblyomma ovale: envolvido na transmissão da R. parkeri.

Os principais hospedeiros dessa espécie de carrapato são pequenos roedores nas fases imaturas e cães na fase adulta.

O ser humano é parasitado geralmente pela forma adulta, quando os cães domésticos adentram áreas de mata e carreiam o carrapato para as residências ou quando as pessoas adentram áreas de mata e são parasitadas.

Período de incubação:

O período de incubação da doença de 2 a 14 dias. A suscetibilidade é universal e a imunidade adquirida possivelmente é duradoura contra reinfecção.

Sintomas:

Devido a inespecificidade das manifestações clínicas, a FMB pode ser confundida com inúmeras outras doenças, incluindo-se dengue, leptospirose, hepatite viral, doença meningocócica, meningoencefalite ou mesmo doenças virais ou bacterianas inespecíficas.

Em caso de exposição, a orientação é monitorar o aparecimento de sintomas (ainda que febre isolada) dentro de um período de 14 dias após a possível exposição. Caso apareçam sinais ou sintomas, a pessoa deve procurar o médico e informar sobre a exposição, o que contribuirá para a suspeita diagnóstica precoce e início de tratamento adequado em tempo oportuno.

Os cães geralmente são assintomáticos, mas podem apresentar quadro clínico que inclui febre, anorexia e prostração de 5 a 11 dias após a picada pelo carrapato.

A duração da rickettsemia em cães infectados é limitada, podendo variar de 2 a 6 dias; nesse período outros carrapatos que estiverem parasitando poderão ser infectados. Após o período de rickettsemia os cães soroconvertem, tornando-se imunes.

Prevenção:

  • Conhecer quais são as áreas consideradas endêmicas para a febre maculosa;
  •  Evitar caminhar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos no meio rural e silvestre;
  • Quando for necessário caminhar por áreas infestadas por carrapatos, vistoriar o corpo em busca de carrapatos em intervalos de 3 horas, pois quanto mais rápido for retirado o carrapato, menor será o risco de contrair a doença;
  • Barreiras físicas: Calças compridas com parte inferior por dentro das botas e fitas adesivas dupla face lacrando a parte superior da bota. Recomenda-se o uso de roupas claras, para facilitar a visualização dos carrapatos;
  • Não esmagar os carrapatos com as unhas, pois com esmagamento pode haver liberação das riquétsias que têm capacidade de penetrar através de microlesões na pele. Retirá-los com calma através de leve torção, para liberar as peças bucais;
  • Rotação de pastagens. Aparar gramado o mais rente ao solo, facilitando assim a penetração dos raios solares;
  •  Controle químico nos animais domésticos através de banhos de carrapaticidas.

 

 

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PROFISSIONAIS:

Tratamento

A terapêutica antibiótica específica, quando instituída precocemente, é altamente eficaz, levando à regressão da febre após 24 a 72 horas do início do tratamento.

Diagnóstico Laboratorial

Pesquisa de anticorpos em soro

 Animal (cão, gato, equino, gambá e capivara)

·         Imunofluorescência Indireta (IFI): detecta anticorpos IgG .

o   Resultado: 24 a 48 horas.

 

Diagnóstico Molecular

·         Detecta a presença de DNA de Rickettsia spp, pertencentes ao grupo da FMB em espécimes de carrapato.

o   Resultado: 07 dias.

Interpretação

Amostras com título igual ou maior a 64 ou amostras pareadas, quando houver soroconversão, serão consideradas reagentes.

Envio Correto de Material

 

Material 

·         Soro (1 ml); 

·         Sangue (5 ml). 

·         Carrapato. 

 

Conservação/Transporte 

·         Soro: refrigerado ou congelado; 

·         Sangue: refrigerado.

·          Carrapato: espécime ou pool de mesma espécie capturadas no mesmo local e período, imersas em álcool etílico 100%.

 

 

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