Secretaria Municipal da Saúde
Febre Maculosa Brasileira
"Rickettsia spp em células VERO
(Imunofluorescência Indireta)
Fonte: Fuller Laboratories"
O que é?
A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável e elevada taxa de letalidade. É causada por bactérias do gênero Rickettsia, micro-organismo intracelular obrigatório, e transmitida pela picada de carrapatos.
No Brasil, duas espécies de riquétsias estão associadas a quadros clínicos da doença:
- Rickettsia rickettsii: leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB) considerada doença grave;
- Rickettsia parkeri: produzindo quadros clínicos menos graves, sem ocorrência de óbitos e com a presença de uma escara de inoculação como principal marcador clínico, sendo registrada em ambientes de Mata Atlântica.
Transmissão:
A transmissão da R. rickettsii e R. parkeri ao homem ocorre através da picada de carrapatos. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses.
Vetores:
No Brasil, os principais vetores, são os carrapatos do gênero Amblyomma:
Amblyomma sculptum: envolvido na transmissão da R. rickettsii.
É popularmente conhecido como “carrapato estrela”, “carrapato de cavalo” ou “rodoleiro”; as ninfas por “vermelhinhos”, e as larvas por “micuins”.
Nesta espécie, a transmissão da bactéria para os seres humanos ocorre, principalmente, pela picada do carrapato infectado na fase de ninfa.
O período entre os meses de abril a outubro possui maior risco de ocorrência da doença devido a sazonalidade do A. sculptum.
Os principais hospedeiros dessa espécie de carrapato são a capivara e o cavalo.
É importante ressaltar que não existem estudos que comprovem que a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) seja um reservatório silvestre de riquétsias, contudo ela poderia servir como amplificador da população de carrapatos.
Amblyomma aureolatum: envolvido na transmissão da R. rickettsii.
É popularmente conhecido como carrapato-amarelo-do-cão.
Os principais hospedeiros dessa espécie de carrapato são os canídeos silvestres.
Entretanto, cães e gatos domésticos, quando invadem áreas de mata, podem carrear carrapatos infectados para as residências, sendo comum a ocorrência da doença em pessoas que permanecem a maior parte do tempo em casa mas que tenham contato físico com seus cães e gatos.
Pessoas residentes nas áreas endêmicas podem ser infectadas em qualquer época do ano.
Amblyomma ovale: envolvido na transmissão da R. parkeri.
Os principais hospedeiros dessa espécie de carrapato são pequenos roedores nas fases imaturas e cães na fase adulta.
O ser humano é parasitado geralmente pela forma adulta, quando os cães domésticos adentram áreas de mata e carreiam o carrapato para as residências ou quando as pessoas adentram áreas de mata e são parasitadas.
Período de incubação:
O período de incubação da doença de 2 a 14 dias. A suscetibilidade é universal e a imunidade adquirida possivelmente é duradoura contra reinfecção.
Sintomas:
Devido a inespecificidade das manifestações clínicas, a FMB pode ser confundida com inúmeras outras doenças, incluindo-se dengue, leptospirose, hepatite viral, doença meningocócica, meningoencefalite ou mesmo doenças virais ou bacterianas inespecíficas.
Em caso de exposição, a orientação é monitorar o aparecimento de sintomas (ainda que febre isolada) dentro de um período de 14 dias após a possível exposição. Caso apareçam sinais ou sintomas, a pessoa deve procurar o médico e informar sobre a exposição, o que contribuirá para a suspeita diagnóstica precoce e início de tratamento adequado em tempo oportuno.
Os cães geralmente são assintomáticos, mas podem apresentar quadro clínico que inclui febre, anorexia e prostração de 5 a 11 dias após a picada pelo carrapato.
A duração da rickettsemia em cães infectados é limitada, podendo variar de 2 a 6 dias; nesse período outros carrapatos que estiverem parasitando poderão ser infectados. Após o período de rickettsemia os cães soroconvertem, tornando-se imunes.
Prevenção:
- Conhecer quais são as áreas consideradas endêmicas para a febre maculosa;
- Evitar caminhar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos no meio rural e silvestre;
- Quando for necessário caminhar por áreas infestadas por carrapatos, vistoriar o corpo em busca de carrapatos em intervalos de 3 horas, pois quanto mais rápido for retirado o carrapato, menor será o risco de contrair a doença;
- Barreiras físicas: Calças compridas com parte inferior por dentro das botas e fitas adesivas dupla face lacrando a parte superior da bota. Recomenda-se o uso de roupas claras, para facilitar a visualização dos carrapatos;
- Não esmagar os carrapatos com as unhas, pois com esmagamento pode haver liberação das riquétsias que têm capacidade de penetrar através de microlesões na pele. Retirá-los com calma através de leve torção, para liberar as peças bucais;
- Rotação de pastagens. Aparar gramado o mais rente ao solo, facilitando assim a penetração dos raios solares;
- Controle químico nos animais domésticos através de banhos de carrapaticidas.
Veja também:
PROFISSIONAIS:
Tratamento |
A terapêutica antibiótica específica, quando instituída precocemente, é altamente eficaz, levando à regressão da febre após 24 a 72 horas do início do tratamento. |
Diagnóstico Laboratorial |
Pesquisa de anticorpos em soro Animal (cão, gato, equino, gambá e capivara) · Imunofluorescência Indireta (IFI): detecta anticorpos IgG . o Resultado: 24 a 48 horas. Diagnóstico Molecular · Detecta a presença de DNA de Rickettsia spp, pertencentes ao grupo da FMB em espécimes de carrapato. o Resultado: 07 dias. |
Interpretação |
Amostras com título igual ou maior a 64 ou amostras pareadas, quando houver soroconversão, serão consideradas reagentes. |
Envio Correto de Material |
Material · Soro (1 ml); · Sangue (5 ml). · Carrapato. Conservação/Transporte · Soro: refrigerado ou congelado; · Sangue: refrigerado. · Carrapato: espécime ou pool de mesma espécie capturadas no mesmo local e período, imersas em álcool etílico 100%. |