Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social
CCA Santa Terezinha discute o empoderamento feminino
Por: Arthur Silvestre Martinez e Bianca Lopes
São notórios os desafios enfrentados pelas mulheres na sociedade atual. Elas encaram uma série de preconceitos com impactos diretos na liberdade, na dignidade e nas oportunidades que se apresentam, de estigmas relacionados à aparência, a discriminação no ambiente de trabalho e no espaço público. Quando pensamos em mulheres que compõem outras minorias sociais, o quadro se torna ainda mais complexo e as mulheres indígenas são um exemplo de luta diária contra os desafios impostos pelo machismo, além da exclusão e do apagamento cultural e histórico.
Conhecendo esse histórico e sediado numa das regiões com maior presença indígena da cidade de São Paulo, o Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) - Santa Terezinha organizou em seu espaço uma palestra que propôs uma discussão sobre o empoderamento feminino, apresentado do ponto de vista de uma mulher indígena. Moradora da região, Maynã, ou Júlia Mendes (nome civil) tem 24 anos, é educadora e palestrante, originária da aldeia Xucuru-Kariri, do estado de Alagoas, no nordeste do Brasil, e veio para São Paulo com sua família em busca de uma vida melhor. Atualmente, Maynã trabalha como educadora no Museu das Culturas Indígenas, no bairro da Água Branca, zona oeste.
Na palestra, ela abordou tópicos importantes para a luta das mulheres indígenas, como o enfrentamento das estruturas sociais, as expectativas da sociedade para essas mulheres, a luta indígena contemporânea, os saberes de seu povo como forma de combate ao machismo, a aceitação e o autocuidado tradicional de sua aldeia. Ao final, abriu espaço para perguntas da plateia.
Maynã se emocionou ao realizar uma palestra na região em que vive: “Para mim foi muito importante, porque a história da minha família veio da migração, e o primeiro lugar que minha família se estabeleceu foi aqui na zona norte, e sei que a história de muitas outras famílias da região são parecidas com a minha, mas perderam o contato com sua ancestralidade. Para mim, a trajetória e a origem de uma pessoa contribuem para sua autoestima e empoderamento”.
Após a palestra foi a hora as crianças do CCA assumirem o protagonismo, com duas apresentações. A primeira delas foi o recital do poema popular “Hoje Recebi Flores”, poesia que aborda o comportamento abusivo e violento de muitos parceiros e a necessidade de denunciar o crime. Estrelada por um grupo de meninas com roupas pintadas de vermelho, em alusão ao sangue dessas agressões, a performance impactou a plateia. Sophia Honório, de 14 anos, foi uma das garotas do recital e fez considerações sobre o evento: “Foi uma forma de mostrar que nós mulheres estamos aqui, e temos que ocupar espaços que um dia tiraram de nós. Espero que as pessoas entendam que não devemos tolerar a violência contra a mulher, não temos que ter medo nem vergonha”.
Após o poema, as crianças do serviço formaram um coral para a música “Dona de Mim”, da cantora Iza. A canção foi escolhida por exaltar a força da mulher e o potencial que todas têm de construir o próprio caminho e a própria história.
Rede Socioassistencial
O Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) é um serviço que promove atividades para crianças e adolescentes de 6 a 14 anos e onze meses, tendo como foco a constituição de um espaço de convivência a partir dos interesses, demandas e potencialidades dessa faixa etária. A rede socioassistencial conta atualmente, com 463 CCAs espalhados pela cidade de São Paulo, com um total de 67.980 vagas.
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