Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social
Racismo e saúde mental da juventude negra em debate
Por: Breno Lopes
Celebrado pela primeira vez como feriado nacional em 2024, o Dia da Consciência Negra, inspirou a Supervisão de Assistência Social (SAS) do Itaim Paulista a promover a 2ª edição do “Seminário Sobre os Desafios e os Impactos do Racismo na Saúde Mental de Crianças e Adolescentes”.
Com sua edição inaugural realizada no ano passado, o evento fez grande sucesso entre os acolhidos dos serviços e moradores da região. Sediado anteriormente no Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) “Criança Santa Rita”, o encontro foi ampliado e chegou ao Centro Educacional Unificado (CEU) “São Miguel”, na última sexta-feira (22/11).
O simpósio trouxe especialistas e artistas para abordar a temática. Além deles, os jovens atendidos pelos CCAs: “Criança Cidadã”, “Nazareth”, “3° Milênio Itaim VI”, “Espaço Amigo”, “Parque Santa Rita”, “CCA ALPS”, “3° Milênio” e “Xico Esvael”, também se apresentaram para o público, com uma variedade de expressões artísticas, que foram da Capoeira ao maculelê, das palavras-de-ordem as danças e cantigas ligadas à cultura negra.
Atendida do CCA “3° Milênio Itaim VI”, Tauane Costa, 12, não escondeu a felicidade de se apresentar no evento. “Eu gostei muito da experiência de participar dessa atividade, porque no mundo de hoje tem muitas pessoas que sofrem racismo, e pela importância do tema, com certeza eu vou participar mais vezes”.
Desde o Plano Municipal de Assistência Social (PLAS) do triênio 2019-2021, os serviços são orientados a realizar o recorte de raça e etnia dentro do território. Assim, os usuários dos equipamentos de assistência social da região, têm contato regular com o assunto. Gislene Aparecida, Gestora de Parceria dos CCAs da Vila Curuçá, área que integra o distrito, destacou a importância desse trabalho. “As crianças que têm seus direitos violentados e estão com sua saúde mental prejudicada têm cor, não é só a classe. Por isso, nós fizemos essa proposta de recorte. Além disso, a gente não pode realizar somente uma atividade no dia 20, nesta data temos que selar o que a gente faz o ano todo. E eu e meus colegas já estamos vendo os frutos dessa política da assistência social”.
Um desses frutos é o trabalho feito pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) “Itaim Paulista”, “Itaim Paulista II” e “Vila Curuçá, que utilizam uma metodologia para coleta de dados nos CCAs de suas respectivas regiões, garantindo que as crianças e adolescentes tenham o reconhecimento identitário. A metodologia funciona da seguinte forma:
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Primeira Coleta: Realizada quando é feita a declaração externa, com a análise de dados inseridos nos prontuários no momento de inscrição para a inserção das crianças e adolescentes nos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e CCAs.
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Segunda Coleta: Feita quando é realizada a autodeclaração, através de rodas de conversa sobre o Dia da Consciência Negra, debates sobre filmes que abordam o tema, oficinas antirracistas, pela autodeclaração de ser negro, por meio da escrita e do desenho identitário, e no projeto “Tornar-se Negro”.
“As crianças infelizmente têm contato primeiro com a violência promovida pelo racismo. Por isso, é importante que elas tenham mais contato com esses serviços da rede socioassistencial, que trazem a potência de ser uma criança negra. Logo, é importante trazer a história da origem dessas crianças no contexto real e na sua totalidade, para que elas tenham elementos para ter orgulho das suas origens, ancestralidades e, quando se depararem com o racismo, tenham como enfrentá-lo. Apontou o assistente social e especialista em saúde mental, Wellington Machado, ao comentar a relevância da atenção dada a este tema com os mais jovens.
Wellington Machado fala para a plateia - Foto: Breno Lopes/SMADS
Durante o evento foi exibido também, um trecho do icônico discurso de Martin Luther King: “Eu tenho um sonho”. Como idealizou o pastor e ativista político, que possamos alcançar uma sociedade livre do racismo, para além das palavras, que elas se traduzam em ações concretas, como as vistas neste seminário, que deram voz às crianças e a todos aqueles que se engajam na luta antirracista.
Rede Socioassistencial
O Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) é um serviço que promove atividades para crianças e adolescentes de 6 a 14 anos e onze meses, tendo como foco a constituição de um espaço de convivência a partir dos interesses, demandas e potencialidades dessa faixa etária. A rede socioassistencial conta, atualmente, com 463 CCAs espalhados pela cidade de São Paulo, com um total de 67.980 vagas.
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