Secretaria Municipal da Saúde

Perda auditiva induzida pelo ruído relacionada ao trabalho

DVISAT - COVISA

 Perda auditiva induzida pelo ruído relacionada ao trabalho (PAIR)

    


 SAIBA MAIS SOBRE PAIR


Definição

Perda Auditiva Relacionada ao Trabalho é geralmente conhecida como Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR). Entretanto muitos casos de adoecimento auditivo provocado pelo trabalho são decorrentes de outros fatores causais, como a vibração, calor e substâncias químicas, embora muito comumente o risco físico (ruído) seja o mais atribuído à perda auditiva.

Todos os casos de Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) caracterizados pela diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada ao ruído, associado ou não a substâncias químicas, no ambiente de trabalho. É sempre neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e passível de não progressão uma vez cessada a exposição ao ruído. (SINAN, 2019)

A PAIR é provocada pela exposição prolongada ao ruído. É uma perda auditiva do tipo neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e progride com o tempo de exposição ao ruído (CID 10 – H 83.3).

A maior característica da PAIR é a degeneração das células ciliadas do órgão de Corti (ouvido interno), para a qual não há tratamento eficaz e não há possibilidade de melhora mesmo após o afastamento ao trabalho (protocolo de PAIR/MS, 2006)

A perda auditiva relacionada ao trabalho é considerada uma das doenças mais frequentes na população trabalhadora estando presente em diversos ramos de atividade entre eles a siderurgia, metalurgia, gráfica, têxtil, construção civil, agricultura, transportes, telesserviços e outros.

São sinônimos: perda auditiva por exposição ao ruído no trabalho, perda auditiva ocupacional, surdez profissional, disacusia ocupacional, perda auditiva induzida por níveis elevados de pressão sonora, perda auditiva induzida por ruído ocupacional, perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora de origem ocupacional.

Descrição

  • Sempre é neurossensorial, uma vez que a lesão é no órgão de Corti da orelha interna.
  • Geralmente é bilateral, com padrões similares. Em algumas situações, observam-se diferenças entre os graus de perda das orelhas.
  • Geralmente não produz perda maior que 40dB (NA) nas frequências baixas e que 75dB (NA) nas altas.
  • A sua progressão cessa com o fim da exposição ao ruído intenso.
  • À medida que aumenta o limiar, a progressão da perda se dá de forma mais lenta.
  • A perda tem início e predomínio nas frequências de 3, 4 ou 6 kHz, progredindo, posteriormente, para 8, 2, 1, 0,5 e 0,25 kHz.
  • Em condições estáveis de exposição, as perdas em 3, 4 ou 6 kHz, geralmente atingirão um nível máximo, em cerca de 10 a 15 anos.
  • O trabalhador portador de PAIR pode desenvolver intolerância a sons intensos, queixar-se de zumbido e de diminuição de inteligibilidade da fala, com prejuízo da comunicação oral. (Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, 1998)

São considerados ruídos que trazem risco para a saúde do trabalhador aqueles que apresentam valores acima de 85 decibéis por 8 horas de trabalho.

Esse nível corresponde a um ruído do motor no interior de um ônibus urbano em avenidas movimentadas.

Outro exemplo é um setor ruidoso como calderaria de uma indústria metalúrgica que pode apresentar níveis até 95 decibéis.

Causas

Diversos estudos mostram que outros agentes causais (químicos ou ambientais), atuando de forma isolada ou concomitante à exposição ao ruído, podem também ocasionar danos à audição. Dentre eles a exposição à vibração (britadeiras, por exemplo), calor (caldeiras, por exemplo) e substâncias químicas (combustíveis e solventes, por exemplo).

Produtos químicos potencialmente ototóxicos e/ou neurotóxicos:

O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) em 2002 definiu os seguintes produtos químico para estudos e recomendação para ações de prevenção:

Solventes: dissulfeto de carbono, n-hexano, tolueno, estireno, p-xileno, etilbenzeno, n-propilbenzeno, estireno, gasolina, percloroetileno.

Asfixiantes: monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio e seus sais, fumaça de tabaco.

Metais e compostos: chumbo, compostos de mercúrio, dióxido de germânio, compostos orgânicos de estanho.

Agrotóxicos: organofosforados e piretróides.

Indústrias mais propensas a ter produtos químicos ototóxicos: Metalúrgicas, maquinaria, couro e produtos associados, têxtil e vestuário, petróleo, papel, produtos químicos (incluindo pintura), móveis e produtos associados, equipamentos de transporte (Ex.: construção de navios e barcos), equipamentos, aparelhos e componentes elétricos (ex.: baterias), célula solar.

Atividades ocupacionais que frequentemente apresentam alto nível de exposição e poderiam adicionar efeitos sinérgicos ao serem combinadas com exposição ototóxica nas indústrias descritas acima são: Impressão, pintura, construção, funções da indústria de fabricação nos subsetores listados acima, corpo de bombeiros, disparo com armas de fogo, pulverização de inseticida.


Sinais e Sintomas

a) Auditivos:
Perda auditiva
Zumbidos
Dificuldades no entendimento de fala
sintomas auditivos menos frequentes: intolerância a sons intensos, sensação de audição “abafada”, dificuldade na localização da fonte sonora

b) Não-auditivos:
Transtornos da comunicação
Alterações do sono
Transtornos neurológicos
Transtornos vestibulares
Transtornos digestivos
Transtornos comportamentais

c) Outros efeitos do ruído
Transtornos cardiovasculares
Transtornos hormonais

Diagnóstico/Tratamento/Reabilitação

Considerando que o trabalhador seja atendido no SUS, na suspeita de perda auditiva relacionada ao trabalho, o profissional da atenção básica deve encaminhar o trabalhador para rede de serviços de média e alta complexidade do SUS, para que possa ser submetido à realização de exames audiológicos, que tem por objetivo confirmar a existência de alterações auditivas.

É importante lembrar que o profissional de saúde também deve pesquisar informações sobre a história ocupacional do trabalhador a fim de detalhar a exposição e buscar relação entre esta e os sinais e sintomas apresentados.

Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST), atuam como retaguarda técnica especializada para as ações e serviços da rede SUS garantindo a continuidade e integralidade da atenção à saúde do trabalhador. Desta forma, na ocorrência de suspeita de Perda Auditiva Relacionada ao Trabalho os trabalhadores também podem ser referenciados para os CRST.

Não existe até o momento tratamento para PAIR. Deve-se notificar o caso e acompanhar a progressão de perda auditiva por meio de avaliações periódicas.

A PAIR não provoca incapacidade para o trabalho, mas pode ocasionar limitações na realização de tarefas.
Os casos devem ser avaliados individualmente para orientar ações de reabilitação do trabalhador e adequação do ambiente de trabalho.

Prevenção

O diagnóstico precoce pode evitar o agravamento da perda auditiva apresentada pelo trabalhador, além disso, norteará a busca ativa de novos casos neste ambiente de trabalho e permitirá que medidas de proteção individual e coletiva sejam adotadas, evitando assim o desencadeamento de perda auditiva em trabalhadores e o agravamento naqueles que já estão adoecidos.

As empresas devem manter um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), de acordo com a Norma Regulamentadora Nº 9 (NR 9), no qual os riscos no trabalho devem ser identificados, quantificados para adoção de medidas de prevenção e controle dos riscos e direcionamento do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), de avaliação da saúde dos trabalhadores, de acordo com a Norma Regulamentadora Nº 7 (NR 7).

As ações de controle da Perda Auditiva Relacionada ao Trabalho estão relacionadas ao controle de ruído: na fonte, na trajetória e no indivíduo. Podem conter medidas organizacionais, como: pausas, mudança de função e redução da jornada de trabalho. Além do controle de outros fatores como: as substancias química ototóxicas, vibração e calor

 


DOCUMENTOS TÉCNICOS


Clique para abrir os documentos:
 

Manual de Construção e Análise de Base de Dados em Audiologia

Protocolo da Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair)