Secretaria Municipal de Cultura

Arte barroca na Igreja de Santo Antonio

Coluna Ladeira da Memória

Fatima Antunes
Rafaela Calil Bernardes

Fachada da Igreja de Santo Antonio, na Praça do Patriarca. (Preservação/DPH/SMC, Chico Saragiotto - 2008)

A Igreja de Santo Antonio, na Praça do Patriarca, é considerada uma das mais antigas da cidade. Em 1592, já constava do testamento do donatário Afonso Sardinha, o que leva a supor que sua construção é anterior a essa data. Tratava-se de uma simples ermida, construída por fiéis anônimos.

A primeira reforma foi realizada em 1638, seguida de outras, como a executada em 1717, com a ajuda dos devotos e dirigida pelo bispo Dom Bernardo Rodrigues Nogueira. Naquele mesmo ano, a ermida foi elevada à categoria de igreja, em função do aumento do edifício.

A Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Brancos, fundada em 1774, foi a responsável por várias reformas que alteraram as feições do templo. Um incêndio no prédio vizinho, ocorrido em 1891, danificou e consumiu parte da igreja.

Em 1899, a Prefeitura intimou a Irmandade a providenciar a demolição e a reconstrução da torre e da fachada, em virtude do alinhamento da Rua Direita. Custeadas pelo Barão de Tatuí e pelo Conde Prates, as obras só foram concluídas em 1919 e incluíram uma reforma geral do templo. Quase 100 anos depois, em 1991, outro incêndio danificou os fundos do edifício.

Ao longo de quatro séculos, inúmeras reformas e intervenções comprometeram a integridade artística e arquitetônica da Igreja de Santo Antonio, mas não reduziram sua importância histórica, principal justificativa do tombamento, em 1970, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephhat).

Interior da Igreja de Santo Antonio. (Preservação/DPH/SMC, Chico Saragiotto - 2009)

Com recursos provenientes da lei de incentivo à cultura, obras de restauro tiveram início em janeiro de 2005. Durante os trabalhos em um dos altares laterais, foram identificadas intervenções de diferentes épocas, como camadas de tinta e sobreposição de talhas, que encobriam as pinturas originais do altar. Optou-se, então, por recuperar as feições barrocas. Foram retiradas as talhas do século 20 e restauradas as pinturas, datadas do século 17, com a representação de anjos. Agora, restaurado, o altar exibe as matizes utilizadas no Barroco Paulista, como o vermelho, o amarelo e o dourado.

Após a realização de prospecções no forro do altar-mor, também foi encontrada uma pintura seiscentista de boa qualidade técnica e artística, que resistiu aos incêndios de 1891 e 1991. As camadas de tinta que a encobriam foram retiradas. Em seguida, a pintura foi  consolidada e restaurada.

O achado barroco revela as características da arte produzida em São Paulo no período colonial e reforça a importância da Igreja de Santo Antonio para a história da cidade.

O prédio também foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), pela Resolução 5/91 (ex-ofício).

 

SÃO PAULO. Cidade. Em Cartaz: guia da Secretaria Municipal de Cultura.  n. 34, abr. 2010. p. 72-73.
Texto revisto em 24.9.2010.