Secretaria Municipal da Saúde

De Mãos Dadas - FAQ

A arte apresenta duas mãos dadas de etnias diferentes e a mensagem

 

Como sei se uma pessoa tem problema com álcool ou drogas?

Os transtornos causados pelo uso de drogas podem ser classificados como leves, moderados ou graves, dependendo de como a pessoa é afetada, do tipo de substância e da intensidade do uso.
Os sinais mais evidentes são alterações da consciência, do padrão de sono e apetite, agitação, ansiedade, impaciência, pensamento fixo, dificuldade de concentração, desconforto físico, ataques de pânico e até mesmo a ocorrência de paranoia, delírios e alucinações.

Nos casos mais intensos a pessoa perde o controle do uso, afetando negativamente aspectos importantes da sua vida, como relações familiares, sociais, estudos e trabalho; acarretando também problemas físicos, psíquicos e financeiros.

 

Quais os prejuízos para a saúde?

A avaliação profissional pode identificar diversos riscos, que variam conforme o tipo, a qualidade, a frequência e a quantidade de álcool ou drogas consumidas. Os prejuízos também tem relação com fatores ambientais, psicológicos, orgânicos e genéticos.

Além do uso em si, todo o contexto precisa ser considerado: usar em cenas abertas, como a rua, pode deixar a pessoa mais suscetível a sofrer violências; perder a consciência sem alguém próximo para ajudar é tão problemático quanto. Também há problemas de saúde que podem aparecer depois um tempo: respiratórios, vasculares, neurológicos e até câncer, por exemplo.

O uso frequente e intenso de certas substâncias pode levar a síndrome de abstinência. Nesses casos é mais difícil parar o consumo por conta própria e os sintomas causam bastante sofrimento: tremores incontroláveis, sudorese, pressão alta, náusea, dor de cabeça, agitação e perturbações da consciência.

 

Qual droga é a pior?

Nesse grande conjunto precisamos considerar o álcool, o tabaco (cigarro, vape, narguilé), as bebidas estimulantes (café, energéticos), os remédios controlados e as drogas ilícitas; esse último grupo traz uma preocupação adicional, porque é mais difícil saber a origem ou qual realmente é a composição da substância.

Dizer prontamente que uma droga é pior que a outra pode levar a estigmas e julgamentos que afastam a pessoa do tratamento. De toda forma, o uso combinado de uma ou mais substâncias, num curto período de tempo, potencializa os riscos e os efeitos indesejados.

É importante avaliar com cautela a relação que a pessoa construiu com a substância, identificar eventuais “gatilhos” que aumentam a vontade de usar. Também saber que quanto mais cedo a pessoa inicia o consumo, maiores serão os riscos para o desenvolvimento de outros problemas de saúde graves.

 

Onde procurar ajuda?

O uso nocivo de substâncias é uma questão de saúde pública. Por isso o SUS organiza diferentes tipos de serviços com a missão de trabalhar, de forma articulada, para o atendimento das necessidades em saúde mental e dos problemas relacionados ao álcool e outras drogas – essa organização é a Rede de Atenção Psicossocial, ou RAPS.

A porta de entrada, assim como para a maioria das demandas em saúde, é a UBS. Os serviços especializados que integram a RAPS são os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), onde também é possível buscar tratamento espontaneamente, sem a necessidade de agendar a consulta.

Mas se a pessoa estiver em situação de elevado risco à vida, como uma intoxicação intensa, com perda de consciência, dores, dificuldade de respirar, intenção agredir a si mesmo ou outras pessoas, é necessário acionar um serviço de urgência para o atendimento em alguma das UPAs ou Pronto-Socorros, onde e se necessário, poderá ser solicitado apoio hospitalar.

 

E se a pessoa tem menos de 18 anos? Onde posso levar?

Na UBS a avaliação é feita pela equipe multiprofissional (eMulti) e pela equipe médica, que pode fazer uma proposta de tratamento no local ou indicar o CAPS infantojuvenil.

O CAPS infantojuvenil (ij) é um espaço de respeito aos direitos humanos que atende crianças e adolescentes que vivenciam intenso sofrimento psíquico, voltado à reabilitação psicossocial, com propostas pautadas na liberdade e no exercício da cidadania. Logo no acolhimento é iniciada a elaboração de um Projeto Terapêutico Singular (PTS) para organizar a atenção, levando em conta as necessidades em saúde do jovem e das pessoas responsáveis pelos seus cuidados.

Nos 33 CAPSij de São Paulo trabalham médicas(os), profissionais de enfermagem, psicologia, serviço social, farmácia, educação física, terapia ocupacional, agentes redutores de dados e oficineiras(os). O CAPSij modalidade III ainda tem estrutura para realizar acolhimento noturno, como proposta de cuidado intensivo, por até 14 dias.

 

Para fazer o tratamento precisa ficar internado?

A internação é um procedimento realizado somente em hospitais e acionado pontualmente nos casos graves, quando as necessidades de atenção são maiores, ou envolvem outras condições de saúde, além das que o CAPS consegue resolver.

A Lei Federal n° 10.216/2001 apresenta três possibilidades de internação: 1) Internação voluntária: com o consentimento do usuário; 2) Internação involuntária: aquela que se dá com encaminhamento de equipe médica, sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; 3) Internação compulsória: aquela que se dá por determinação judicial.

Para mais informações, consulte a Nota Técnica sobre as orientações e fluxos sobre os processos de cuidado, acolhimento noturno, internações voluntárias, involuntárias e compulsórias em saúde mental e uso nocivo de álcool e outras drogas no Município de São Paulo.

 

Existe algum apoio para a família?

Principalmente nos casos que envolvem crianças e adolescentes, o apoio da (e para a) família é peça fundamental para o sucesso do PTS. Entre as diversas estratégias utilizadas pelos CAPS há os grupos de família, onde as pessoas responsáveis pelo cuidado podem partilhar dúvidas, angústias, obter orientações para lidar com situações de conflito e informações sobre acesso aos direitos.

A equipe do CAPS pode realizar visitas ao local de moradia e acompanhar a realização de atividades cotidianas, isso para um melhor entendimento das relações, estreitamento dos vínculos, apoiar a continuidade do cuidado e o refinamento do PTS.

Um equipamento da RAPS que se destaca na promoção de saúde por meio de atividades que estimulam a convivência, no qual as pessoas cuidadoras também podem acessar sem a necessidade de agendamento, é o Centro de Cooperativa e Convivência (CECCO)

 

Quanto tempo dura o tratamento?

A integralidade é um princípio que orienta a formulação do PTS. Isso significa que as equipes planejarão a assistência sem se limitar a “fazer a pessoa parar de usar drogas”, mas buscarão o alcance de objetivos que promovam a saúde como um todo, avaliando demais necessidades e o uso dos recursos que forem necessários para atendê-las.

A duração do acompanhamento pelo CAPS é variável conforme as necessidades identificadas, mas a perspectiva de cuidado é preferencialmente pensada ao longo do tempo, de forma longitudinal. Respeitando o desejo das pessoas atendidas e a segurança das ações.

Por exemplo: após a remissão de uma crise e estabilização do quadro de saúde, o CAPS pode orientar a equipe da UBS para prosseguir com o cuidado no território, de forma mais próxima do núcleo familiar.

 

E se a pessoa com problemas não quiser/puder ir ao CAPS?

Uma conversa franca, explicando os motivos pelos quais você está preocupado com a saúde da pessoa, é um passo muito importante para propor o início de um tratamento no qual a voluntariedade será sempre respeitada.

Se não for suficiente, procure a sua UBS ou o CAPS de referência em seu território, explique a situação e verifique com os profissionais a possibilidade de realização de uma visita domiciliar para avaliação do caso .