Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente

Quinta-feira, 19 de Abril de 2018 | Horário: 15:37
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Evento discutiu alternativas para manejo de animais silvestres

O primeiro encontro aconteceu dentro do Parque Anhanguera por iniciativa da Divisão de Fauna da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA).


No último fim de semana, representantes de 13 estados brasileiros (Bahia, Santa Catarina, Amazonas, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo, além de São Paulo) estiveram reunidos para o primeiro Encontro Técnico Nacional de Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (ENACS), promovido pela Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA). O evento ocorreu no auditório do Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (CeMaCAS), de 13 a 15 de abril.

Durante os três dias de palestras, debates e troca de experiências, técnicos que atuam na triagem e reabilitação da fauna silvestre, biólogos e veterinários ligados a Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e a Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) discutiram alternativas para o manejo e Conservação da Biodiversidade. Participam também profissionais que atuam com a soltura e destinação de animais silvestres.

Conteúdos
No primeiro dia do evento, a diretora da Divisão de Fauna da SVMA, Juliana Summa, apresentou uma linha do tempo do setor e os números dessa unidade veterinária, que já atendeu 76.666 animais; destes, 73% são aves, 21,2% mamíferos e 4,9% répteis. O setor de Fauna Silvestre já recebeu 19.778 animais silvestres oriundos do tráfico, sendo 95% composto por aves. O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior do país, perdendo apenas para drogas e armas.

Após apreensões feitas durante operações policiais, os animais são trazidos ao CeMaCAS pela Guarda Civil Metropolitana Ambiental e Polícia Militar Ambiental. Em 2017, a espécie mais recebida em apreensão foi o Pixarro, ave cujo canto é muito alto, conhecida como trinca-ferro; o Coleirinho e o Canário da Terra se somam às preferências do crime que envolve animais silvestres. O tema também foi visto no filme “E Agora?”, que fala desse crime ambiental no país, seguido de debate.

Outro tema abordado no dia 13 foi o da bióloga Juliana Russo, sobre reabilitação e nutrição de animais silvestres. Além da avaliação física do animal, o setor determina um plano de trabalho a ser executado e os principais desafios desta fase. Quase 80% dos animais que ingressam na reabilitação do CeMaCAS são recuperados e devolvidos à natureza, aptos para sobrevivência na vida livre. O Centro dispõe de um setor de criação de insetos (para alimentar alguns animais), quarentenário, laboratório, centro cirúrgico e clínica médica, um aparato justificado para atender a demanda: em 2017, mais de 40% dos bichos recebidos traziam algum tipo de ferimento seja por ataque de animais.

Já no segundo dia do encontro, o médico veterinário Adriano Pinter apresentou conteúdo sobre a fauna silvestre como sentinela para a vigilância em saúde, listando as principais doenças, que são a febre maculosa brasileira, a febre amarela e a malária. Ele especificou o modo de captura dos animais envolvidos, o ciclo do agente da doença e como identificá-la. O terceiro dia de evento foi marcado por mesa-redonda com a temática sobre os desafios da soltura e a conservação de animais silvestres no Brasil. Segundo o biólogo Fernando Magnani, os principais problemas de soltura são a competição com as espécies exóticas existentes nos locais de destinação, os animais domésticos ferais, a caça de passeriformes e o impacto acidental da caça para consumo.

Nas redes
O assunto repercutiu nas redes, principalmente nas postagens feitas pelos participantes. Os principais comentários parabenizavam pela organização, pelas instalações, pelo conteúdo e nível dos palestrantes, como Grasiela Pacheco, veterinária do Tocantins, Vinícius Lopes, biólogo do Espírito Santo, Nara Pontes, bióloga de Mato Grosso do Sul, Vanessa Ribeiro, veterinária de Minas Gerais, e Natália Costa, veterinária de Pernambuco.

A troca de experiências foi essencial, na opinião de Paloma Bosso, veterinária do Paraná, Fernanda Magajevski, veterinária de Araras (SP), e Rebeca Wanderley, bióloga de São Paulo, que atua na área de vida marinha, mas encontra bastante similaridade nos “problemas” enfrentados. Moira Ansolch, veterinária do Rio Grande do Sul, destacou o ótimo trabalho da equipe de apoio; Sarah Reis, bióloga de Minas Gerais, ressaltou a importância de compartilhar objetivos e percalços, trazendo boas iniciativas e soluções para um trabalho de excelência. Fernando Magnani, biólogo de São Paulo, destacou positivamente a possibilidade de trocar informações e discutir essas dificuldades entre profissionais que atuam em outros centros de resgate e destinação.

A torcida para a segunda edição, claro, não faltou, como a de Aline Alvarenga, veterinária do Espírito Santo, já torcendo para que Pernambuco sedie o II Encontro. Como ela, estiveram na torcida Fabiana Henckein, bióloga de Araras (SP). “Fizemos história nesses três dias intensos e, ano após ano, que possamos formalizar este encontro em prol da conservação de nossa biodiversidade”, reforçou Érico Furtado Alvares, veterinário de Minas Gerais.

Marinho Valença, biólogo de Pernambuco, arriscou um palpite: “Parabéns ao CeMaCAS pela organização impecável, e agora vamos juntos organizar o II ENACS aqui em Pernambuco”. Se depender de Roberto Cavalcante, biólogo do Ceará, as chances de termos um novo encontro na terra do frevo são grandes, já que o aval “informal” de todos os participantes sugere o estado para sediar o próximo evento.

 

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