Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
Nova espécie de sapinho é descoberta em Unidades de Conservação municipais de São Paulo
Sapinho-pingo-de-ouro e o destaque para suas placas ósseas dorsais de coloração acinzentada. Foto: Leo Malagoli
Para a ciência, ele acaba de ser batizado como Brachycephalus ibitinga. O seu primeiro nome é uma referência à sua aparente “cabeça curta”. Esse gênero abriga atualmente 38 espécies, mas um grupo específico destes sapinhos-pingo-de-ouro chama a atenção por apresentar placas ósseas na cabeça e nas costas, e que aliás, são fluorescentes sob a iluminação ultravioleta. Já o segundo, é uma homenagem feita aos povos originários, com a união de duas palavras indígenas de origem tupi-guarani: yby + tinga, que juntas significam “terra branca”, ou seja, uma referência à neblina que recobre as florestas da Mata Atlântica da Zona Sul da cidade, região metropolitana e Baixada Santista, entre altitudes de 700 a 1000 metros acima do nível do mar, locais esses em que foi registrado.
O sapinho-pingo-de-ouro e a fluorescência de suas placas ósseas dorsais sob a luz ultravioleta. Foto: Juliane P. C. Monteiro
Esse pequeno anfíbio, que tem cerca de dois centímetros de comprimento, é a sexta espécie de sapinho-pingo-de-ouro com essas características e foi descoberta em algumas áreas protegidas, que ainda resistem tanto no interior como no entorno da Região Metropolitana de São Paulo. A principal característica que o separa das outras cinco espécies são as bordas das placas ósseas dorsais contornadas por margens irregulares com uma linha tênue esbranquiçada. Além disso, tem diferenças de vocalização e moleculares (genética). O novo sapinho-pingo-de-ouro foi registrado no Parque Natural Municipal Varginha, uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, localizada nas margens da Represa Billings, na Zona Sul (Grajaú) da cidade e que está inserida em outra Unidade de Conservação municipal, a Área de Proteção Ambiental – APA Bororé-Colônia.
Segundo o biólogo e gestor da APA Capivari-Monos, Luccas Longo (DGUC/SVMA), essa descoberta contribui para “destacar a importância fundamental das Unidades de Conservação municipais e outras áreas protegidas, sobretudo as localizadas na Zona Sul do município, para a manutenção da biodiversidade, geração do conhecimento, ciência cidadã, educação ambiental e na elaboração de estratégias locais para a conservação da natureza, já que essa espécie também deve ocorrer em outras Unidades de Conservação próximas, como a APA Capivari-Monos”. De fato, existem ao menos dois registros fotográficos do Brachycephalus ibitinga na região da APA Capivari-Monos que faz limites com o Parque Estadual da Serra do Mar, mas que “infelizmente não entraram no trabalho por não possuirmos nenhum exemplar coletado para uma análise mais cuidadosa, somente fotografias”, complementa o biólogo Leo Malagoli, também gestor de unidades de conservação e um dos coautores do estudo publicado (veja link abaixo). Além disso a pesquisa reforça que essas áreas protegidas e remanescentes naturais estejam conectados por corredores ecológicos, áreas prioritárias indicadas pelo Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA São Paulo), pois permite o “fluxo genético entre as espécies e assim, em conjunto com outras ações, a redução dos impactos humanos relacionados a extinção da biodiversidade”.
Vale lembrar que os anfíbios são vertebrados extremamente vulneráveis a extinção, por inúmeras pressões, como o desmatamento, ocupações irregulares, introdução de espécies exóticas e pelas mudanças climáticas, já que esse grupo depende muitas vezes, de condições bastante específicas para sobreviver. “Muito legal descobrir uma nova espécie dentro da cidade de São Paulo. Esses sapinhos vivem no chão das florestas junto com as folhas. Essa descoberta mostra como as áreas protegidas da cidade são importantes, pois preservam espécies que a gente nem conhecia”, afirma Letícia Zimback, bióloga da Divisão da Fauna Silvestre (DFS/SVMA).
A descoberta foi publicada na revista científica norte-americana, Herpetologica, e o resumo (em inglês), pode ser acessado pelo link: https://bioone.org/journals/herpetologica/volume-77/issue-2/HERPETOLOGICA-D-20-00031/Notes-on-the-Hyperossified-Pumpkin-Toadlets-of-the-Genus-Brachycephalus/10.1655/HERPETOLOGICA-D-20-00031.short.
Parque Natural Municipal Varginha
De acordo com a bióloga e gestora do Parque Natural Municipal Varginha, Maíra Galvanese (DGUC/SVMA), é “muito importante destacar o potencial da pesquisa científica nas Unidades de Conservação municipais, pois a atuação de pesquisadores, de diversas instituições é de grande relevância para valorizar a ciência no país, e a importância do fomento à educação e a pesquisa”. Além disso, segundo ela, “dá possibilidade que sejam planejadas e desenvolvidas ações de proteção e conservação das espécies e atividades de educação ambiental junto aos frequentadores e comunidade vizinha”.
O Varginha é uma Unidade de Conservação que protege um remanescente da Mata Atlântica de 419 hectares criado em 2012, juntamente com os Parques Naturais Municipais Jaceguava, Itaim e Bororé, ambos abertos à visitação pública e localizados na Zona Sul da cidade. Esses parques oferecem atrativos como trilhas, mirantes, áreas de piquenique e promovem atividades de educação ambiental, turismo ecológico e contato com a natureza.
Sendo a pesquisa científica, um dos objetivos das Unidades de Conservação de Proteção Integral, o Varginha tem em sua estrutura a “Casa do Pesquisador”, um espaço e alojamento de apoio e incentivo às pesquisas de campo realizadas no parque, em outros Parques Naturais Municipais e nas APAs Bororé-Colônia e Capivari-Monos.
Gestão de Unidades de Conservação
A gestão das Unidades de Conservação municipais, como o Varginha, é feita Divisão de Gestão de Unidades de Conservação (DGUC/SVMA), um órgão vinculado a Coordenação de Gestão de Parques e Biodiversidade (CGPABI/SVMA) da SVMA. São nove (09) as Unidades de Conservação municipais: duas (02) de Uso Sustentável, as APAs Capivari-Monos e Bororé-Colônia; e sete (07) de Proteção Integral, os Parques Naturais Municipais Varginha, Itaim, Jaceguava, Bororé, Cratera de Colônia e Fazenda do Carmo (Zona Leste); e o Refúgio da Vida Silvestre Anhanguera (Zona Norte).
Essa matéria faz um agradecimento especial aos pesquisadores que realizaram o estudo que possibilitou na descoberta da espécie; aos gestores e gestoras de Unidades de Conservação e demais técnicos da DGUC, DFS e da SVMA que protegem e promovem a biodiversidade paulistana.
Para mais informações sobre as Unidades de Conservação municipais, basta entrar em contato com a DGUC/SVMA:
parquesnaturais@prefeitura.sp.gov.br
apasmunicipais@prefeitura.sp.gov.br
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